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Os Ingleses é que são bons!

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A Sky News faz um foto-reportagem sobre este português. José Mendes tem um tumor que, ao longo dos anos, lhe foi desfigurando a face. Mas, ao contrário do que insinua a estação de televisão inglesa («Through years of lethargy from local doctors»), este homem não foi tratado porque se recusa a fazer transfusões sanguíneas devido às suas crenças religiosas.

Esta foto-reportagem consegue sintetizar quase tudo o que abomino num certo tipo de jornalismo. Tem a imagem chocante com propósito deliberado de impressionar. Tem a narrativa trágica. Tem o herói que sofre às mãos de uma doença (que poderia ser facilmente tratada). Tem os maus... os médicos que ofereceram um tratamento ao paciente, mas que este recusou por imperativos religiosos. E tem os ingleses no papel de salvadores: «But now one of Britain's leading surgeons has offered to treat Jose using ultrasound waves to coagulate the blood before the operation. It removes the need for a blood transfusion, which is contrary to his religious beliefs.»

Como se vê, não havia melhor receita para mostrar aos ingleses como são bons. Eles que mostrem também as estatísticas da mortalidade infantil...

12 comentários:

  1. "Surrounded by a loving family, it seems incredible that he has not been treated and his face was allowed to grow so big."

    Loving family? Já o vi várias as vezes a pedir no Rossio, se a memória não me falha...

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  2. Há uns anos vi dois senhores com algo assim em Sintra.

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  3. Há ingleses que deviam era estar calados, muitos deles são jornalistas.

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  4. Enfim, dados discutíveis, mas na "enciclopédia" da CIA - O CIA World Factbook - os dados não têm nada a ver com esses... Mas sempre me parecem mais fidedignos.

    https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2091rank.html

    Portugal aparece, realmente, à frente, mas nada de 3.3...

    Portugal (estimativa para 2007):
    total: 4.92 deaths/1,000 live births
    male: 5.38 deaths/1,000 live births
    female: 4.42 deaths/1,000 live births (2007 est.)

    Reino Unido (estimativa para 2007):
    total: 5.01 deaths/1,000 live births
    male: 5.58 deaths/1,000 live births
    female: 4.4 deaths/1,000 live births (2007 est.)

    Com Portugal, até, abaixo da média da UE:
    total: 4.8 deaths/1,000 live births
    male: 5.3 deaths/1,000 live births
    female: 4.3 deaths/1,000 live births (2007 est.)

    Mas enfim, não percebo muito bem porque dizes mal da medicina no Reino Unido... Quando ela é claramente mais avançada do que em Portugal. Diz-te isso qualquer pessoa que vá lá ser tratada.

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  5. Pelo que andei a ver, mais fontes fidedignas referem valores muito diferentes de 3.3... mais para os tais 5.0 e provavelmente terá a ver com critérios para se considerar um recém nascido como... nascido, sequer.

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  6. Cuidado, pois o valor da nossa TMI tambem se explica pelo valor da nossa taxa de natalidade - quantos menos nascimentos menor será a probabilidade de ocorrer complicações que resultem em óbitos.
    O valor mais baixo de TMI ocorre no Alentejo, que como sabemos não é lá que temos os melhores cuidados de saúde.

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  7. Podias ter-nos poupado à imagem, Pedro. Arrepiante!

    Quanto à postura dos jornais ingleses: inteiramente de acordo.

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  8. ele não tem cara de jeová LOOOOOOOOOOOOL

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  9. Pergunta aos Britanicos:
    Quantos casos de sarampo são declarados em Portugal e quantos são declarados na Inglaterra.
    Quem opta pela ignorância sujeita-se! Que opções levam algumas famílias Inglesas a não vacinar os seus filhos? As mesmas que levam este senhor em não ter querido ser operado.

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  10. "Em França é que é bom"

    Exerço medicina há meia dezena de anos... o suficiente para estar familiarizado com as situações do costume em que se questionam os cuidados de saúde prestados em Portugal. É recorrente escutar o ´agradável´ comentário "Em França é que é bom" por parte dos nossos emigrantes que, mesmo assim, não desaproveitam a oportunidade de fazerem o seu ´check up´ durante as suas visitas a este país em vias de desenvolvimento (será?). Nada de estranho. Curiosamente, uma realidade nova com que me tenho deparado nos últimos meses são as verdadeiras atrocidades de que são vítimas esses nossos compatriotas que regressam agora para gozar as suas merecidas reformas na sua terra natal. Desde más opções terapêuticas a intervenções e complicações desnecessárias (os nossos compatriotas são frequentemente submetidos a uma espécie de ´tunning´ cuja indicação médica é eticamente questionável), passando por falta de seguimento.

    Se se passasse o mesmo com um doente francês tratado cá, seria certamente (e com toda a justiça) considerada má prática ou negligência grosseiras. Dá que pensar. Até para se ser doente é preciso ter "bonne chance". m-o

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  11. m-o, acredito que situações dessas aconteçam em qualquer país desenvolvido. Mas quando dizem que "Em x é que é bom", uma coisa é certa: do ponto de vista tecnológico, da utilização de novas técnicas, Portugal não é propriamente um país vanguardista.

    A situação em causa está, precisamente, relacionada com isso. Não actualização das técnicas, quer por falha/falta tecnológica, quer por "velhice" dos médicos especialistas.

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  12. Os media Ingleses são do pior que há. Não culpem o médico que diz ter a solução para este problema, culpem a maneira como os jornalistas Ingleses (auto)retratam as suas vaidades (escondendo os telhados de vidro).

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