Finado o ano e vai com as horas da morte as melhoras da mesma. Em jeito de canto de cisne um pontapé neste país. José Gil é um filósofo português exilado desta teia de aranhiço rectangular, e de Paris, qual médico em telemedicina, traça como ninguém a etiologia e o diagnóstico de um Portugal há muito doente. Se o" Salazarismo foi doença que pôs de rastos o povo português", o que temos, e ressecado o cancro, são metástases a inquinar a democracia dali tirada. E nem a quimioterapia da União Europeia faz milagre perante o caquético sistema político-partidário que vai emagrecendo uns pela engorda de outros.
Neste curral de recos gordos, poucos deles prontos para a matança na geada de Janeiro que tempera a carne como as conserva, espera-nos pela quadra, o porcino discurso das figuras paternas do país, a varrer para debaixo da sola uns dos outros responsabilidades, apontando erros e caminhos, mais terrenos e mais ou menos divinos. O melhor que daí virá, e se vier, vai da fisiologia própria da nação acostumada a remediar-se e a fazer pela vida, em remendos e fugas para fora - Luxemburgo, Bélgica e Suíça, como nunca e agora - vitórias pelo sacrifício de alguns e das suas remessas, de gerações como a minha: exportadas.
Não se percebe como se adiam reformas e se fazem outras pela metade, como a coragem política fica nas luzinhas do paleio, deitado boca fora, em hemiciclos e cadeirões com pinheiros por trás. Não as há e faz-se o espectáculo o ano todo, 3 décadas após Caetano, como se iluminam os Jerónimos de azul e amarelo estrelado. É a tradição de governação Endemol, mais surreal que reality show, mas igualmente vazia e pelas audiências.
Mas não interessa. Aplaude-se. Neste País dos Clubes Grandes, há que manter os partidos Grandes porque tudo, no Portugal pequeno, se quer grande como a metáfora do indicador e do polegar. E muito ajuda a poda, encetada pelo império partidário do meio, divido que está em 2 dinastias de cor e demais clãs, mas que até aí se confundem no daltonismo das suas ideias. Parece tudo o mesmo e pelo mesmo reclamam, porque pegam uns nos cartazes que os outros deixam quando se sentam estes no pedestal de S. Bento. Prolonga-se a Revista...
Foi isto até 2007, e por aí em diante nos espera: o Portugal cinzento de Inverno e parolo de Verão. E ainda menos diverso com leis cozinhadas para si, por comadres desavindas mas que na calada emprestam ovos - de Colombo alguns-, que limitam partidos pequenos e engrossam fileiras do Burro e do Elefante. Tudo, bem ao jeito de versão micra, faz de Portugal um País Bicéfalo mas cegueta. Em sociedade, pior aluno da Europa e discípulo inesperado do pior da América profunda.
Muito bem.
ResponderEliminarAbranges os pontos essenciais e corrosivos.
O PSD é 90% do PS (acordos de regime), os grandes. O povo gosta dos grandes, sentir-se enorme e de mão estendida.
ResponderEliminarUm retrato/foto artístico do rectângulo.
Parabéns.
Cumprimentos, bom ano,08.
Bom texto... mas artificialmente literalizado, para variar, ao ponto de certas partes se tornarem ilegíveis ou incompreensíveis.
ResponderEliminarUm exemplo? Esforça-se tanto na literalização, complica o que é simples, para além da sua própria capacidade, que depois saiem coisas destas:
«vai emagrecendo uns pela engorda a outros.»
Isto é português de primária... Jamais se diz "pela engorda a outros". Poderia dizer "de outros" ou "doutros" se pretendesse contrair a preposição. Como escreveu não faz sentido. Como muitas outras frases artificial e desnecessariamente literalizadas que escreveu e vem escrevendo. Já o tinha chamado a atenção para isto mas... sinceramente, está a piorar.
lol. O meu português não tem de cumprir as suas regras. é livre. mas eu faço-lhe o favor ali. Isto não é esforço nenhum. É o que me sai da vozinha na cabeça... Ou vozinha da cabeça?... Enfim...
ResponderEliminarAinda bem que há gostos para tudo. Eu aprecio as crónicas do Vitor. No conteúdo e no estilo.
ResponderEliminarAbraço,
PM
Sim, gostos há para tudo... senão o que seria do amarelo!!!
ResponderEliminarIndependentemente dos conteúdos (mais ou menos interessantes, mais ou menos reflexivos) o estilo é marcante e aliciante.
Um belo exercício de leitura.
Por isso, eu leio, quem não gostar... não o faça!
Grande 2008 para todos!
Não são as minhas regras meu caro. É português. De primária, como referi. :)
ResponderEliminarMas o que eu estava a dizer não era uma diferença de gostos... Estava a mostrar-lhe como, ao se preocupar com a "literalização" se esquece dos básicos. Não se trata de ser um português "livre". E nessa frase e nessa expressão mais em particular é precisamente isso que se passa. É bonito e tal, mas nesse esforço esqueceu-se do básico.
Tal como a primeira frase do artigo não faz sentido algum.
«Finado o ano e vai com as horas da morte as melhoras da mesma.»
Liberdade?
Da mesma. Implica feminino. As horas? A morte? O ano, o fim, o país, o ensaio; não pode ser a isso que se refere. Ou voltou aqui a enganar-se no português de primária? É uma citação de José Gil? Bravo! Mas se calhar «da mesma» não faz sentido sem o contexto.
É que repare, você é capaz de escrever coisas bonitas e que fazem sentido como este excerto: «muito ajuda a poda, encetada pelo império partidário do meio, divido que está em 2 dinastias de cor e demais clãs, mas que até aí se confundem no daltonismo das suas ideias.»
Agora estes dois apontamentos que fiz ao seu texto não se trata de uma questão de gosto ou de "liberdade". São erros bastante objectivos. E por acontecerem em quase todos os seus textos - entenda-se: nestas crónicas, porque no seu blog, pelo que me apercebi, não se aventura neste português mais elaborado - é que fico a pensar se esta literalização não ser, de facto, algo artificial. Porque para mim é óbvio e pela reincidência já está mais que provado, você distrai-se demais, ou ficará embasbacado, com a tal literalização que faz com que certas frases, ou expressões, percam qualquer sentido que possam ter.
Agora, claro que poderá voltar à carga com o argumento da "liberdade". Se é verdade que o intuíto do texto é perfeitamente perceptível sem aquelas duas frases, também é verdade que é uma crónica "pública". Você não as está a escrever para si próprio. Pretende comunicar com outros. Ora para comunicar com outros, parece-me óbvio que é necessário que os outros o entendam. Daí eu não considerar a "liberdade" como um argumento válido, para ter escrito "a outros" em vez de "de (ou d)outros".
De qualquer forma, eu gosto. Senão não continuava a lê-lo. Apenas lhe estou a fazer apontamentos construtivos.
Oh Jam desculpa lá mas tu és um chato do caraças.....achas que alguém estará minimamente interessado naquilo que escreveste?
ResponderEliminarBom ano para ti...
Ninguém está interessado no que eu escrevi, como é óbvio, já que é dirigido a uma única pessoa. Agora se ele, não está, o problema é dele. Que continue a escrever prosas bonitinhas com erros elementares. ;) Como eu disse, no geral, gosto.
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