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Jornalismo, Media e Minho

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«No passado dia 26, na Rua Nova de Santa Cruz, em Braga, alunos da Universidade do Minho e do Instituto Superior de Engenharia do Porto envolveram-se em confrontos, num episódio com muitas versões. Pó de extintor ou gás pimenta, paus de marmeleiro ou colheres de pau típicas da praxe portuense, heróis ou cobardes são algumas das interrogações que ficam, especialmente depois de se lerem os imensos comentários que os estudantes foram colocando no Comum.

Às primeiras notícias, que davam conta de uma rixa envolvendo mais de 200 jovens, surgiu no blog Avenida Central o comentário mais brilhante sobre o caso. T. Frada alertava: «Vai-se a ver e eram só quatro estudantes... Bem, na verdade, eram dois... Melhor, eram dois e não eram estudantes, eram velhinhas que estavam a lutar... Quer dizer, não era lutar, estavam a insultar-se, aos berros... Ou então, isso, isso, estavam a tentar conversar, só que como já não ouvem muito bem... Pronto, em suma, foi uma rixa com milhões de estudantes».

Este comentário chama a atenção, com um excelente sentido de humor, para a desconfiança crescente em relação ao que se vê nos órgãos de comunicação social. Existe, aliás, a moda de dizer mal dos jornalistas, argumentando que inventam declarações, que deturpam os factos, que são incultos e outros mimos do género. E a verdade é que, perante estes ataques, os jornalistas continuam a dar repetidamente o flanco. Basta ver a “estória” de um jornal que recebeu um comunicado, tratou a informação, publicou o artigo e nem sequer pensou sobre aquilo que estava a dizer, que é relatada por Victor Ferreira no Prometeu.»

O excelente texto que Luísa Teresa Ribeiro escreve no Diário do Minho de hoje ilustra bem o trabalho de alguns jornalistas. E poderia citar o surrealismo de uma notícia publicada no dia 1 de Novembro nas páginas do mesmo jornal: «[os jornalistas] foram, ontem, surpreendidos com uma mesa colocada num dos cantos da sala, onde puderam tomar café ou chã, acompanhados de umas “bolachinhas”.» Aguardo com curiosidade as notícias sobre as movimentações do associados do Braga no protesto contra os preços do próximo jogo europeu. Ou será que os jornalistas do "chá com bolachinhas" vão ignorar o assunto?

Mas o problema não é só dos jornalistas. No Ócio denunciaram-se recentemente as coincidências entre um texto de opinião publicado na imprensa regional e os posts escritos durante a semana na blogosfera vimaranense, alertando para o fenómeno do "copy blogosfera paste media". Os autores do Colina Sagrada e Mater Matuta alinharam nas críticas.

A relação da imprensa minhota com a blogosfera conterrânea é absolutamente estranha. Ao contrário do que sucede noutra regiões e mesmo a nível nacional, é muito raro as opiniões vertidas nos blogues chegarem às páginas dos jornais. O autismo, combatido por um outro jornalista, resulta numa discussão amputada de uma das tertúlias mais dinâmicas da actualidade tornando parcial e incompleta a realidade que nos chega através da comunicação social impressa. Valha-nos o Fradique (de vez em quando)!

[foto de Pedro Guimarães]

2 comentários:

  1. Permite Pedro que aproveite para te dizer que muitas dessas questões são debatidas por três marretas (eles não se importam que eu os trate assim...lol lol) num programa de rádio na RCP.

    Curiosamente são citados blogues, jornais, revistas e rádios...É ignorada a televisão de propósito.

    Desculpa o post...mas senti ser necessário como complemento!

    Pedro Antunes

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  2. Excelente visão! O Pedro Morgado volta a acertar no diagnóstico. Que soluções se propõem?

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