O Bruno Gonçalves chamou-me a atenção para esta notícia que surge no Times Online:
«Some Muslim medical students are refusing to attend lectures or answer exam questions on alcohol-related or sexually transmitted diseases because they claim it offends their religious beliefs.
Some trainee doctors say learning to treat the diseases conflicts with their faith, which states that Muslims should not drink alcohol and rejects sexual promiscuity.
A small number of Muslim medical students have even refused to treat patients of the opposite sex. One male student was prepared to fail his final exams rather than carry out a basic examination of a female patient.»
O assunto é sério e merece uma resposta pronta e determinada, o que não significa que não se trate de uma matéria sensível e delicada. A questão central é saber até onde estamos dispostos a permitir que as convicções pessoais dos médicos influam na sua prática clínica ou, dito de outro modo, até que ponto estamos dispostos a prescindir do consenso e da evidência científicas para respeitar as alegadas convicções religiosas dos profissionais de saúde.
Estes estudantes, que se recusam estudar uma série de patologias, a efectuar determinadas técnicas ou a observar doentes em função do sexo, não podem, de modo algum, ser considerados aptos para o exercício da Medicina. Desde logo porque o médico, independentemente das suas convicções pessoais, tem o dever de assistir a quem se encontra em risco de vida e torna-se claro que estes estudantes não estão aptos para o fazer.
Adicionalmente, o cumprimento cabal da missão do médico dispensa a formulação de juízos acerca dos comportamentos que justificam a etiologia das doenças, sendo absolutamente reprovável todo o comportamento médico que discrima em função das legítimas opções de vida dos pacientes.
«O direito de recusar a prática de acto da sua profissão quando tal prática entre em conflito com a sua consciência moral, religiosa ou humanitária» plasmado no Código Deontológico dos Médicos não é ilimitado e não pode subestimar os princípios éticos que enformam a prática médica. Assim, é legítimo que um médico condene para si este ou aquele comportamento, mas afigura-se-me como absolutamente reprovável que se recuse a tratar aqueles que sofrem de determinada patologia decorrente desses comportamentos.
Apesar de muito respeitar a liberdade religiosa, entendo que nesta matéria não pode haver meio termo. Sob pena de ficarmos amarrados a uma charia sombria.
Estas atitudes são completamente idiotas. E lendo os comentários da notícia dá para perceber que há muitos muçulmanos que não concordam com eles, o que demonstra que ainda há alguém com sanidade mental no meio disto tudo.
ResponderEliminarA parte da notícia em que falam do Sainsbury's também tem piada...
Caro Pedro:
ResponderEliminarApesar de não o conhecer pessoalmente e de nem saber qual a sua profissão, o raciocínio do tipo lógico-matemático que coloca, é tipicamente uma preocupação que apoquenta qualquer técnico entre o término do curso e o início de carreira.
É evidente que o acto médico tem que ser exercido unica e exclusivamente sob o ponto de vista científico e nunca do ponto de vista religioso.
No entanto, e apesar de evidências científicas que nos possam parecer claras,existem questões éticas a Observar. Isto a respeito do "não pode haver meio termo". Biologicamente falando, uma mulher não pode estar nem muito grávida nem pouco grárvida, apenas pode estar grávida ou não.
No entanto, parece que o Pedro é de opinião que os profissionais de saúde não possam usar do direito à objecção de consciência em matérias bastante sensíveis, como é o caso da realização da IVG por livre vontade da mulher...
Caro Raul,
ResponderEliminarAgradeço o seu comentário pela pertinência das questões que coloca. A questão da IVG não é semelhante aos casos que aqui descrevemos e eu já tinha planeado fazer um post sobre isso.
O Bruno Gonçalves aborda essa questão aqui: http://www.atlantico-online.net/blogue/2007/10/07/incompatibilidades/
Mais tarde voltarei ao tema.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminaracho este post muito interessante.Noto no entanto, um aparente desinteresse por comentar este post que se enquadra num tema que muitas vezes suscita variados comentários, pelo menos nedte bolg em concreto. será porque a atitude destes alunos é tão desadequada à visão actual da medicina e do acto médico no país em causa que isto só possa ser visto como mais um acto isolado do fundamentalismo islâmico tentar criar ondas? è que nem consigo encontrar um substantivo que descreva correctamente tal atitude da parte de quem pretende exercer medicina...descabido? incongruente? falta de ética?
ResponderEliminarè que não faz memso sentido nenhum...
"O mundo tá tolo" - Santana Lopes -lol