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«Prendocracia»

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No princípio eram os portáteis. Depois vieram os telemóveis. Ainda a procissão vai no adro, mas o ofertório já atinge níveis propagandísticos eleitorais. O Governo encontrou na prenda uma nova fórmula para desenvolver o país.

A TMN ofereceu 2.000 portáteis, mas foram os membros do Governo que fizeram questão de os entregar. Seria interessante conhecer o impacto da oferta de portáteis no sucesso escolar dos premiados e, sobretudo, perceber porque não apostou o Governo em equipar salas de informática para uso colectivo nas escolas.

A Optimus ofereceu 4368 telemóveis a idosos isolados. Mesmo ignorando o facto de se terem ofertado telemóveis «a quem não tem óculos para ver», a medida não pode ser acolhida com menos que uma sonora gargalhada. Este Governo sabe que com as prendas vai contentando o pobre e arrecadando votos, ainda que o idoso tenha um telemóvel para ligar e a resposta do outro lado seja «só tem consulta 'para' 2008».

É a democracia da prenda.

4 comentários:

  1. O governo realmente parece estar a adoptar a estratégia do major valentão.

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  2. Caro Pedro

    Parece-me a mim que andas com teorias da conspiração cada vez piores.
    Não deixando de ser verdade que a publicidade até pode ser boa, vejo também como bom que alguém que receba hoje um computador e que graças a esse computador e à sua ligação à Internet passe a comunicar com o mundo, a saber as oportunidades que existem por aí fora, a talvez dominar outra língua que não o Português, como uma coisa boa.
    Ou achas que é mau?
    Às vezes és um pouco parcial demais. Existem sempre dois lados numa história, pelo menos dois....

    Abraço

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  3. Prenda, qual prenda?

    Mas será que a TMN ofereceu mesmo o que se diz que ofereceu?

    A "oferta" de computadores a estudantes e professores foi um coelho que o governo tirou da cartola das operadoras de telemóveis. Nos idos de 2000, foram entregues as licenças de UMTS. As operadoras beneficiadas deveriam entregar ao Estado 80 milhões de contos (400 milhões de euros), no prazo máximo de três dias. Consta que nunca o fizeram. Sócrates reparou nisso inventou esta coisa dos computadores oferecidos. E lá vemos nós, aos fins-de-semana, aqueles que deveriam estar a governar o país, a envolverem-se numa espantosa e despudorada campanha publicitária da TMN (até já... depois, será a vez das outras).

    Ora, as operadoras de telemóveis receberam em mãos um verdadeiro negócio da China. Ficam livres da obrigação de pagarem os muitos milhões devidos ao Estado pelo não pagamento das licenças de UMTS, ao mesmo tempo que arranjam e fidelizam centenas de milhares de clientes incautos.

    Os computadores não são dados: os interessados (com excepção de um número ínfimo de alunos do 10.º ano que recebem apoio da Acção Social Escolar) pagam 150 euros de entrada e mais 15 (os alunos) ou 17,50 euros (os professores), durante 12 (os alunos) ou 36 meses (os professores). Convenhamos que isto não é bem o mesmo que dar computadores... Durante aqueles prazos, Os "felizes contemplados" ficam também com acesso à internet à "banda larga", com um fabuloso débito de até 384 kbps com o 1 GB de limite de tráfego por mês (com jeitinho, dá para gerir a conta de e-mail). Por cada giga a mais, haverá a pagar a módica quantia de 25 euros.

    As operadoras de telemóveis recorrem assim a uma receita de sucesso, através da qual viram crescer o número dos seus clientes, através do financiamento de equipamentos, que eram vendidos abaixo do preço de custo, com a contrapartida de fidelização por períodos de tempo mais ou menos longos. A diferença é que, desta vez, têm o Governo da Nação como agentes publicitários.

    Há coisas fantásticas, não há?

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  4. Caro Alter Ego,

    Obrigado pelo contributo. Talvez seja interessante perceber quem financiará o PS nas próximas eleições...

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