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Contra a Demagogia: Excesso de Vagas em Medicina

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«Dentro de pouco tempo não haverá vagas para o ano comum (antigo internato geral) que absorvam o número exponencial de novos licenciados, isto sem contar com os concorrentes (muito bem-vindos) dos outros países da UE-27. Sim, bem-vindos pois trata-se duma questão semelhante à da demografia: apesar da nossa baixa natalidade, porquê termos mais filhos se há tantas pessoas no mundo (5000 milhões!) desejosas de viver e trabalhar em Portugal e que poderiam imigrar; do mesmo modo, porquê gastarmos tempo e dinheiro a formar novos médicos se há tantos outros desempregados no mundo a suspirar pelas especialidades que os nossos não querem (Medicina Interna, Clínica Geral, Saúde Pública, Patologia, etc.). Todavia, a falta de profissionais é uma questão política e económica. Com um dos melhores ratios médico/habitante (1/300) do mundo, os portugueses continuarão a queixar-se enquanto houver dinheiro para financiar o SNS. Assim cairão no desemprego os generalistas (cujo trabalho é facilmente reprodutível pelos estrangeiros e recém-licenciados) e os especialistas que sirvam a população mais pobre (internistas, infecciologistas, etc.). Também se dizia em 2002 que havia falta de 12000 enfermeiros e hoje temos licenciados em enfermagem desempregados. No futuro não será o corporativismo nem as necessidades da população a ditar empregabilidade dos médicos, mas sim a competitividade dos especialistas e os interesses dos ricos.

O mais curioso é esta acentuada inflação de notas apesar do aumento das vagas (que denota uma clara diminuição das matérias e da exigência nos exames): em 1996 as vagas eram 475 e a nota de entrada foi 171; este ano as vagas foram o triplo (1400) e a nota de entrada foi 178.»


Portugal Diário

35 comentários:

  1. não esqueçamos também o facilitismo em termos de obtenção das notas de secundário que o boom de escolas privadas e de pessoas sequiosas de colocar lá os seus filhos trouxe. E consequentemente, ironia das ironias, até as escolas públicas de reputação se viram obrigadas a alinhar no esquema do facilitismo confrontados com o facto de ja nem sequer terem alunos que justificassem emprego até apenas para os docentes vinculados.
    Incrível não é?
    Será que a solução é transformar-mo-nos num país com elevadissima percentagem de licenciados mas incapazes de cumprirem a função que teoricamente estariam habilitados a desempenhar?
    É do conhecimento público que as maiorias das universidades privadas facilitam (imenso) as licenciaturas não se equiparando aos níveis de exigências das públicas. Mas será que um secundário de facilitismo está de facto a preparar os alunos que agora chegam ao Universitário Público de reconhecido valor preparados para enfrentar as muitas exigências que os cursos (e bem) lhe impõe?
    Urge reflectir.... o ensino universitário, secundário e mais q tudo o sector privado no ensino

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  2. Só tenho a dizer que eu frequentei uma universidade privada e posso lhe garantir que facilidades nunca as vi... Simplesmente é mais um dos preconceitos sobre as universidades privadas.

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  3. Este blog está a ficar demasiado politizado! Que tal um pouco de desporto! O nosso Braga...

    Em relação aos médicos já sabem, enquanto a minha velhota tiver de ir às 6 da manhã para Enfias, eu, mantenho a minha...

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  4. É uma consequência do actual estado do ensino. E a classe médica pouco se pode queixar, porque sofre um proteccionismo único ao ser a ùnica a não ter o seu curso na variante do ensino privado.

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  5. pode haver um bom ratio, mas não estou a ver muitos médicos a deixar de boa vontade o seu consultoriozinho no centro de lisboa, porto, braga, para irem dar consultas no interior ou nos centros de saúde... ou isso será um direito que lhes assiste? se assim for, presumo que quem tem dinheiro para consultas privadas é que as pode ter?...

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  6. Até que enfim que mais alguém diz isso!
    Não só é absurdo como também é um gasto excessivo de dinheiro.
    No entanto mais escandaloso é abrirem vagas para professores....

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  7. Para os médicos irem para o interior o estado que abra os cordões à bolsa e crie atrativos para essas colocações. não é por serem "obrigadas" que as pessoas vão. assim só vão procurar alternativas.

    o que se passa em portugal é que os políticos só pensam no seu mandato e o resto que os outros resolvam...

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  8. osso, mas os professores são obrigados. e por bem menos que os médicos. serão esses pessoas de 2ª?

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  9. mariana, não são certamente pessoas de 2ª mas, para além de muitos professores nem tentarem obter empregos noutras áreas, os médicos têm uma facilidade muito maior em emigrar (e até para países com melhor qualidade de vida e onde são mais remunerados).

    Não é a "obrigarem" um médico a ir para o interior (o que pode acontecer perfeitamente a nível do SNS se não houver vagas nos grandes centros), que ele vai mesmo, porque há medicina privada e há outras opções (como emigrar).

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  10. A verdade é que tudo isto poderia ser dito sobre juristas, engenheiros, gestores, etc. De facto com os enfermeiros fomos de um caso real de falta de profissionais para excesso de formação. O mesmo se tinha passado antes com os professores de educação física. Eu percebo o médico que escreve o blog, espero que o médico não me obrigue a respeitar as suas posições corporativistas. Até porque acena com um cenário que não irá acontecer, não vão abrir o número de escolas médicas como abriram escolas de enfermagem. Como abriram cursos de desporto. Não me preocupa nada que haja mais formação, até para que as «especialidades que os nossos não querem» não fiquem desertas.
    Há até outra questão, será que também não é um custo elevado para o país que as famílias mandem para o estrangeiro os seus filhos estudar medicina? Se os mesmos estudassem em escolas médicas privadas pelo menos eram Portugal que se gastava esse dinheiro.

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  11. O joca até tem razão no que se refere ao último ponto.

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  12. O país só fica bem servido em termos de médicos, quando eles começarem a existir na lista de desempregados do país…Sou da opinião que a formação em medicina deve existir com outro curso qualquer (publico/ privado) e deve-se acabar com mais um loby sem sentido que atrasa o desenvolvimento uniforme do nosso país.

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  13. respondendo ao anonimo, eu disse a maioria das universidades privadas facilitam o curso aos seus alunos. felizmente que ainda há (alguns) bons exemplos.
    Quanto aos comentários de apesar de não ser necessários, talvez seja melhor formar cá do que os portugueses gastarem o dinheiro no estrangeiro para formarem os seus filhos:
    É, a meu ver, um comentário irreflectido. Parto do princípio que não faça ideia do custo anual da formação de um único médico pois desde logo não diria isso. E se de facto há dinheiro como diz, então que tal melhorar as condições das muitas universidades credenciadas e cujo ensino sempre primou pela qualidade, e que há anos esperam pelos fundos para renovações e inovações e que constantemente os vêem ser retidos. Talvez fosse melhor do que licenciar mais psicólogos que daqui a pouco temos um psicólogo para cada 100 portugueses (necessário?serão necessários 1:500? talvez nem 1:1000)!!!ou até o mesmo poderemos vir a dizer dos médicos.
    No que concerne à escassez de médicos no interior e em especialidades carenciadas é natural que se a ampliação do numero de licenciados se deu há meia dúzia de anos e tendo em conta que a formação e especialização no curso de medicina ronda os 11 anos é expectável que só daqui a dez anos ou mais se sinta efectivamente as medidas tomadas nesse sentido.
    Quanto aos actuais se deslocarem para o interior com certeza que o fariam se lhes fossem dadas condições iguais e incentivos a isso. Ou cabe na cabeça de alguém mudar de um sitio bom para um local pior? Há quem ande a ver muitos reclames de chás frescos!!!

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  14. Beg… “Ou cabe na cabeça de alguém mudar de um sítio bom para um local pior” esta tua afirmação é muito infeliz!!! Queres dizer que o interior é pior que o litoral!!!! Isso denota o tipo de pensamento atrasado e retrógrada que pessoas como tu, do litoral tem em relação ao interior!! É por pessoas como tu que o nosso país é o que é (4 velocidades) …. Uns são filhos da mãe e outros são filhos da p… !!

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  15. caro ej,
    a sua interpretação foi infeliz. tu é que tas a dizer que o interior é pior que o litoral.
    "Quanto aos actuais se deslocarem para o interior com certeza que o fariam se lhes fossem dadas condições iguais e incentivos a isso. Ou cabe na cabeça de alguém mudar de um sitio bom para um local pior?"
    O que eu digo é que as condições são piores e sem incentivos obviamente que estes não mudarão.
    Se consegue aqui inferir que eu acho que o litoral é melhor que o interior... para além disso ainda vais mais além e julgas a minha personalidade, forma de estar e pensar... mais ainda és ofensivo.
    Talvez devas pedir ao Pedro Morgado o contacto da jornalista da agência Lusa

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  16. Em relação a serem necessários mais médicos para irem para as especialidades mais carenciadas: hoje em dia as vagas para o concurso da especialidade são abertas considerando o número exacto de recém-licenciados inscritos. Isto significa que se forem 999 recém licenciados, são abertas 999 vagas para a especialidade.
    Considerando também que é bastante difícil mudar de especialidade ou de local onde se está a tirar a especialidade, acho que poderemo assumir que grande parte das necessidades do SNS devem ser suprimidas, desde que o Ministério abra as vagas nas diferentes especialidades de acordo com as ditas necessidades.

    Porém, não deixa de ser irónico que o direito de se ser médico (que parece que se quer dar a todos quanto queiram) não se estenda ao direito de alguém escolher a especialidade de que gosta. Não seria muito estranho que alguém que queira ser anatomo-patologista ou imagiologista não queira ser cirurgião, médico internista ou médico de família, não acham? LOL O que se tem de aceitar e perceber: é impossível formar todos aqueles que querem ser médicos nem tal é recomendável (se acham que o mercado funciona no SNS desenganem-se) da mesma forma como é impossível permitir que todos sejam cardiologistas e oftalmologistas, por exemplo.

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  17. A ideia de que um aluno com boas notas é um médico melhor do que um aluno com notas que, sendo boas, não são tão boas é tão execrável quanto estúpida. Estou farto de ir para o hospital em Portugal e ser atendido por médicos que nem sequer olham o paciente nos olhos.
    Quanto ao pretenso excesso de médicos, é uma falácia de todo o tamanho. Gostaria de saber se os números descritos são médicos clínicos ou médicos que fazem investigação. Isto porque a segunda categoria, em Portugal, é diminuta

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  18. Perdão onde afirmo "é uma falácia" deve-se ler "poderá ser".

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  19. Caro koolricky,

    A questão é esta: terá que haver uma limitação do acesso à carreira médica porque não há condições para continuar a aumentar a formação pós-graduada. Para mim essa limitação deve estar no acesso porque evita gasto de dinheiro na formação de profissionais desnecessários.

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  20. ehu.... continuo sem perceber a diferença...sara, eu venho de llm. e podes bem querer que TODOS os meus colegas da área de ensino procuram todo e qualquer tipo de emprego. muitos emigram, vão dar aulas no estrangeiro.
    e os que tentam ficar, sujeitam-se às más condições "do interior" ou simplesmente dos 800 km de distância de casa - dos seus pais, filhos e maridos (nós também temos família...)

    ao fim e ao cabo, se houvesse excesso ou pelo menos uma proporção equilibrada de médicos por habitantes, seria preciso recorrer tanto à emigração? acho que é isso que me anda a dar um nó na cabeça...

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  21. Um proporção equilibrada podes crer que existe. A questão é que não se nota porque o sistema está mal feito.

    Como já foi aqui explicado, a formação de um médico demora algures entre 9 a 11 anos a notar-se. Isto significa que para obrigar alguém a deslocar-se agora teria de ser aqueles que são, num paralelo com o mundo docente, "efectivos".
    Ninguém com os seus 40 ou 50 anos, com uma vidinha estável há 15, com filhos, casa paga há muito, a viver numa grande cidade que aprecia (não falo daqueles que querem regressar às origens) vai viver para um local menos favorável à sua qualidade de vida sem ter regalias. Para além disso, um médico com esta idade tem a possibilidade de já praticar medicina privada há uns bons aninhos e, com grande probabilidade, nem precisar do SNS. Se o obrigam a ir para um outro local, ele demite-se.

    Na situação que os actuais alunos e internos de primeiros anos vão ter, não creio que haja tanta facilidade em segurar vagas em hospitais em grandes centros urbanos ou, melhor dizendo, as vagas nos hospitais dos grandes centros devem ser mais ou menos as mesmas mas há muitos mais médicos.
    O problema que se põe é que há uma coisinha que nós temos de fazer chamada internato para ter autonomia. O Pedro saberá explicar-te melhor isto do que eu, mas a piada toda é que o limite de formação de internos está ser atingido (se é que já não foi atingido) e o número de alunos nos cursos de medicina (logo o número de internos) é maior a cada ano que se passa. Os que vêm da Espanha e da República Checa, apenas para citar os dois países para onde mais portugueses vão tirar o curso, têm de concorrer em igualdade de circunstâncias connosco. O que vai acontecer a curto prazo - eu aposto em 2 ou 3 anos - é um número muito superior de mestres (daqui a 2 anos já se acaba com mestrado) em relação às vagas existentes.

    Queres que te diga o que vai acontecer neste cenário?
    A situação em termos de número de novos médicos "completos" será mais ou menos estável a partir de 2010 ou 2011 (quando os que começaram em 2005 ou 2006 acabam) o que talvez se traduza numa melhora ligeira do SNS a curto prazo (com estagnação completa a partir daí) com centenas de jovens médicos no desemprego e sem qualquer hipótese de arranjarem emprego na área médica. Alguns enverdarão pela investigação. A vasta maioria emigra para países como os USA. Se regressam no final da sua formação, terá de se ver mas sinceramente duvido...

    PS: Este último parágrafo nem é obra de ficção. O Reino Unido, país com um suposta falta de médicos, andou a abrir vagas a torto e a direito no final dos anos 90. Este ano, milhares de junior doctors ficaram sem qualquer probabilidade de ingressar no treino de especialidade (que começa dois anos após o final do curso) através de um sistema de selecção que não tomou em conta o seu potencial, o que atingiram durante o curso, estágios prévios, etc (faz lembrar algo, não faz?). A quantidade de junior doctors que já emigrou para países como EUA, Austrália e Nova Zelândia é enorme e ainda deve aumentar. Uns quantos conseguiram trabalhos na City. Há relatos de pessoas que começaram agora os seus foundation years (os tais dois anos que ficam entre o curso e a especialidade) que foram aconselhados pelos responsáveis dos hospitais onde ficaram colocados a pensarem em carreiras alternativas que estejam à sua disposição daqui a dois anos.
    Um desemprego residual é normal. Agora que se ande a pagar para formar centenas e até milhares de desempregados altamente qualificados, que nem têm possibilidade legal de exercer a sua profissão sem internato, é no mínimo estúpido.

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  22. Percebes agora, mariana? Com excesso, teremos de emigrar para sermos médicos. Caso contrário seremos apenas licenciados ou mestres em medicina. Nunca exerceremos medicina, nem no público nem no privado.
    Os alunos portugueses, com a formação que recebem nos primeiros anos, devem safar-se bem nos diferentes exames existentes no estrangeiro. Tiram as especialidades em bons sítios, constituem família, ganham bem. O mais provável é não regressarem a menos que tenham um convite (de preferência com docência incluída). Queres andar a pagar os seus estudos para depois irem tratar os pacientes americanos??? Sinceramente eu preferia que os meus pais não tivessem andado a pagar impostos para que todos os que são agora professores desempregados tirassem o curso...

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  23. Como em todas as profissões, apenas haverão médicos a mais qdo alguns não conseguirem emprego! Em Portugal há muitos desempregados mas nenhum é médico!
    São simplesmente uns privilegiados coisa que não acontece em países desenvolvidos...

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  24. anonimo esse comentário deixou-me a pensar o que querias dizer com isso? podes aprofundar sff?

    gostei de ler Sara. é mesmo isso.

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  25. Com tantos matemáticos desempregados porque não pedir-lhes que façam estudos a longo prazo. Assim, passamos a ver as necessidades do nosso país satisfeitas e a taxa de jovens licenciados no desemprgo diminuída.

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  26. sim, sim, percebi. claro que cada classe tenta salvar a sua pele - então classes gregárias como a médica, meu deus...
    o que me incomoda é todo este medo de um cenário hipotético para o futuro...e nenhum medo nem desconforto pela situação dos milhares de licenciados de outras áreas que não têm, nunca tiveram nem nunca hão de ter os privilégios da classe médica.
    também pagámos o curso aos meus colegas que foram dar aulas de português para inglaterra. e pagámos o curso aos srs. drs. que cobram 100 € por meia hora de consulta... ou não?

    eu entendo que quando começam a ver que afinal medicina não é (nem pode ser) uma área de estudos fechada e de privilégios, façam logo profecias apocalipticas, dizendo que serão aos milhares os médicos nas salas de espera do iefp.
    sinceramente, não me parece. todos acabam por fazer o estágio - ou os tais 2 anos extra, tal como todos os alunos da área de ensino fazem os seus estagiozinhos (sem garantia de colocação, óbvio). e grande diferença é que doentes arranjam-se sempre - alunos é que é mais difícil...


    ps. quanto à mudança de vida...um médico aos 40 ou 50 anos já tem a sua vida estável e feita porque sempre ganhou muito bem. não quer mudar de vida porque naturalmente está habituado à vida que tem. mas sabes perfeitamente que poucas pessoas podem dar-se a esse luxo. há professores com 20 anos de carreira ainda a saltitar por aí. e que também têm filhos. como de resto há milhares de pessoas na mesma situação. que até têm que emigrar - e cujos cursos foram pagos por todos nós.

    o facto de ser um curso longo também não deve ser garantia nem de privilégios. vou sair desta faculdade 10 anos depois de ter entrado. com 1 doutoramento. vou ser especialista numa determinada área de saber. vou ter emprego? não terei que emigrar? duvido muito. duvido e duvidam os meus colegas de ciências...

    bom, fui trabalhar **

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  27. Mariana,
    Talvez o problema esteja no facto de há 15 anos se terem abertos vagas em universidades publicas e sobretudo, cursos em universidades privadas de maneira desconforme com as realidades futuras do país. O problema foi a falta de visão há uns anos que leva a esse cenário que nos apresenta.
    Fica no ar se será razoável pensar em cometer os mesmos erros agora noutra área de estudos.
    Para mim o grande problema está em que a grande maioria de politicos, pensadores ou homens de dinheiro por este país fora, têm ou tiveram interesses nessas universidades e se fartaram de ganhar dinheiro mesmo iludindo pessoas de que estariam a ter uma formação que lhes permitiria teóricamente um emprego "bom" e estável.
    O outro grande problema passa pelo facto de não haver uniformização de conteúdos (pelo menos nas cadeiras -chave dos cursos) entre as universidades (publicas-publicas, públicas-privadas, todas sem excepção) e a falta de realização de provas uniformizadas entre todas de forma a garantir qualidade e mínimos de preparação. Isto são problemas que urge reflectir.
    Agora, se me perguntam se o facto de alunos de 17 com muita aptidão não entram em medicina não julgo ser assim um grande drama. Aliás, tem infinitos anos para tentarem melhorar já que não há limites de tentativas. conheço pessoas que entraram à quarta, sexta e até depois de completarem outras licenciaturas já com 35 anos.Essas pessoas queriam e conseguiram.
    Agora se me vêem dizer que o factor nota é injusta, digo que sim. mas proporem a prova de aptidão, uma entrevista??? deixa-me totalmente fora do sério. Aí então, é que só as pessoas com influências conseguiriam ser médicos e por muito que tentasses infinitas vezes se o teu pai não fosse X ou Y ou conhecesse este ou aquele virias as tuas opções reduzirem-se a zero. Por nota é mau, mas ainda é a maneira mais justa.

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  28. Só há um problema na Medicina em portugal:

    90% dos estudantes de medicina não estão lá por vocação, ou amor à profissão (que devia ser um pre-requisito fundamental para a entrada nas vagas existentes), mas sim porque os médicos são os assalariados do estado mais ricos.

    O verdadeiro Médico não se importa de trabalhar mais afastado, não se importa de não ter horário "normal", nãp se importa de ficar sem Natal.

    Os outros.. são bons alunos, normalmente de boas famílias, que vêm na medicina uma forma de garantir dinheiro e status social.

    A minha antiga médica de família costumava dizer:
    "entrei com 13, chumbei dois anos. mas sou boa médica! e custa-me ver meninos com 19 com medo de suturar.."

    de salientar que essa senhora veio de Lisboa para Braga quando a nossa Cidade era uma aldeia, há uns 30 anos atrás.

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  29. ah!

    em relação ao estado ou a ordem "vigiar" o mercado de trabalho..


    por um lado é bom para os médicos..


    por outro, o capitalismo também se estende à escolha de carreiras..

    se houver mais procura que oferta e o estado nao tiver infra-estruturas para disponibilizar o internato...

    façam como os outros, vão lá para fora. (assim como os espanhois vêm para cá)

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  30. eh la, 90%???
    gostava de saber onde fosse buscar essa percentagem?

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  31. Beg,
    discordo a 180º com a tua opinião em relação à selecção dos médicos. Um médico não se vê (só) pelas notas. Se as cunhas funcionam com a prova de aptidão, então o problema não será da prova de aptidão em si mas sim de quem usou a prova de aptidão para meter uma cunha.
    E se quiseres posso-te dizer onde há bons exemplos de provas de aptidão que não passam só por entrevistas mas sim por uma carga de exercícios (desde trabalho de equipa a interpretação de dados) que têm reconhecido sucesso. O problema não é das provas de admissão. O problema é de quem as pode nulificar!

    Pedro, podes-me dizer se a especialização é obrigatória em todos os países e, se não te importares, confirmar que cada um pode fazer a especialização que quiser?

    Sara, o problema com os Junior Doctors foi o sistema de colocação a nível nacional que entrou em vigor este ano (até agora o sistema de colocação era regional) e que teve vários problemas, um pouco como com o que se passou com os professores há uns anos atrás.

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  32. Eu gostaria que houvesse uma prova de aptidão. Apenas acho muito difícil que fosse feita à prova de bala ou, melhor dizendo, à prova de cunha. Para além disso, em que moldes é que essa prova de aptidão poderia ser feita quando há dezenas de especialidades diferentes só na área clínica??

    E não é bem assim, Mariana. Daqui a uns anos (se o meu ano escapar será com sorte - eu termino o curso em 2010), nós não conseguiremos fazer os tais dois aninhos que nos dão a autonomia. Até porque esses dois anos já fazem parte da especialidade. Os hospitais têm limites em relação ao número de internos que conseguem receber, mantendo uma educação de qualidade. Esse limite está muito próximo de ser atingido.
    As leis do mercado nem se vão aplicar aqui. Mesmo que eu queira ir abrir uma tenda no meio da rua e atender pacientes sem lhes levar dinheiro, sem autonomia não posso. Ou seja, o Internato Médico (é mesmo assim que o ministério lhe chama) é composto por um ano de formação geral com uma duração variável a partir daí mediante as especialidades (cirurgias são 6 anos, por exemplo) e acaba por ser essencial para se exercer, porque eu precisarei de estar no final do segundo ano do internato (1º ano da especialidade) para ter autonomia.

    Aliás, a nossa geração de médicos já não cobrará certamente 100€ por consulta. Para além de muitos outros factores (como a proliferação de seguros), seremos muitos para que tal aconteça e ainda bem! A questão é que nem poderemos cobrar 5€ ou até trabalhar de graça porque muitos de nós nunca serão sequer médicos apesar de terem tirado medicina.

    Eu já vivi de perto os problemas dos professores devido a familiares próximos. Exactamente por sabermos aquilo que já aconteceu, não vamos criar ainda mais uma situação socialmente grave. Os erros do passado servem para aprendermos e evitar erros semelhantes no futuro, não?

    koolricky, em relação à obrigatoriedade da especialização, creio que esta é obrigatória em todos os países que são minimamente de referência. E ainda bem que assim é, porque a medicina de hoje em dia não pode ser praticada de uma forma generalizada, sem treino mais aprofundado e dirigido. As áreas de conhecimento são demasiado vastas para que tal seja possível e seguro.

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  33. obrigado pelo esclareciment, Sara. Quanto às provas de apitdão não há segredo nenhum nem tem que ser inventada a roda. Os chamados Assessment Centres foram criados nos EUA para recrutar os melhores economistas e correctores de bolsa para as melhores empresas (um método que é usado em Portugal por algumas empresas) e há uns anos a esta aprte que companhias se dedicaram a adaptar essas provas às mais variadas área, como por exemplo, a área da medicina.

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