Avenida Central

Barragem do Sabor ou Crónica de um País que é Nevoeiro

| Partilhar
Gostou desta paisagem? Imaginava que o seu país fosse tão belo? Pois disfrute deste Portugal enquanto pode. O que vê na fotografia vai ser submerso pela construção de uma barragem capaz de destruir a paisagem e o ecossistema do último rio selvagem do país.

Sou particularmente crítico do ambientalismo selvagem que prolifera em Portugal, mas confesso que esperava que a sociedade portuguesa se mobilizasse em defesa do Sabor. No entanto, este rio e todo o seu ecossistema tiveram pior sorte que o Côa. O tema surge numa época pouco propícia a oportunismos políticos eleitorais e, como tal, aquela gente que se mobilizou para travar a construção de uma barragem por causa de umas gravuras que poderiam ter sido transferidas para outro local, não está para grandes causas quando o que está em causa é a defesa do nosso património natural.

Curiosamente, o que mais me entristece é a reacção das gentes daquelas terras. Gentes com quem compartilho muitos genes aos quais me apetece renunciar perante tanto oportunismo, tacanhez e boçalidade. Só olham ao lucro imediato e aos trocos que podem vir a ganhar com a expropriação de terrenos sobejamente desvalorizados e com o aumento da circulação de pessoas e bens nos escassos meses de construção da barragem. E depois? Depois, mais abandono será acrescentado ao abandono e a barragem não será poiso para mais que duas dúzias de trabalhadores. Mentes pequenas.

«Ó Portugal, [ainda] hoje és nevoeiro…»

8 comentários:

  1. Este Portugal deixa-me trsite. O nosso património é desbaratado. Havia outras localizações e o Côa era uma alternativa muito viável. Trsite país.

    ResponderEliminar
  2. no sabor comi os melhores peixes de rio da minha vida. é o último rio selvagem e impoluto do nosso país. mas nós somos assim, não sabemos deixar quieto o que assim deve ficar. este é dos poucos casos em que se preciso for ir para a margem do rio impedir as máquinas, eu vou. um tianamene no saber é das ppoucas causas que ainda se justificam.

    ResponderEliminar
  3. Discordo dessa análise.A barragem no Sabor é necessária,como o era a do Côa,inviabilizada por umas gravuras votadas a pouco mais que o abandono.
    Já agora,lendo com atenção o artigo do Público,fica-se a saber que a capacidade de retenção da barragem foi diminuída precisamente por causa da fauna aí existente.
    Deixemo-nos de fundamentalismos ecologistas e tentar que caganitas de um qualquer rato(não estou a brincar) impeçam obras vitais.

    ResponderEliminar
  4. É necessária? Sabe qual será a percentagem de energia eléctrica que vai produzir? Acha que essa percentagem compensa os danos ecológicos e paisagísticos?

    Eu não tenho nenhum tipo de fundamentalismo, até porque sou favorável à energia nuclear em Portugal.

    ResponderEliminar
  5. Pessoalmente, pouco ou nada me importa que a barragem seja ou não construída, dada a distância da sua localização e o conhecimento efectivo que tenho do rio. Da nascente até à foz.

    O rio Sabor passa aqui encostado a Bragança, pouco depois de nascer na serra de Montesinho, e neste troço, mais do que em nenhum outro, tinha obrigação de ser efectivamente límpido e selvagem. Não o é, há muitos anos, infelizmente. Muito longe disso. E facilmente se imagina quão 'selvagem' ele já vai de facto na zona da construção da barragem!

    Tudo o resto são balelas...

    Um Xi da Porca

    ResponderEliminar
  6. Caro Pedro Morgado,não sei nem me interessa a quantidade de energia eléctrica que irá produzir.Apenas me referi à,embora diminuída,capacidade de retenção de água.Foquei o aspecto das cheias e,pelo que me é dado saber,poderá diminuir-se em cerca de 1 ou 1,5 metros o nível do Douro em situação de cheia.
    Para si,que mora em Braga,são minudências,mas as pessoas da zona ribeirinha deste rio,e não são só as da Ribeira do Porto,com toda a certeza ficarão agradiecidas.
    Digo-lhe mais:eu sou uma dessas pessoas e digo-lhe que,muitas vezes,30 ou 40 cm fazem toda a diferença.
    Mais ainda:dê um salto à zona de Vila Pouca e veja que o desvio de 20 milhões de contos feito à A 24 por causa de 7 lobos (aprox 3 milhões de contos por lobo) em nada alterou o destino destes animais,que serão dizimados pelos pastores a curto prazo,não havendo ambientalista citadino que lhes valha.
    Aliás,por uma ínfima parte deste montante e com a A 24 prevista há mais de 20 anos,os ambientalistas poderiam ter feito o que já se fez noutros países:devagar,devagarinho,deslocariam os lobos para outro local.Melhor,pela mesma ínfima parte desse balúrdio,cada um deles levaria um para casa e alimentá-lo-ia a caviar e Murganheira bruto.
    Vamos deixar de ser fundamentalistas.Insurja-se contra a exploração imobiliária do Algarve,de Sagres a Aljejur,inevitável a curto prazo,ou outras coisas que não interfiram com a vida das pessoas que um rio,quando se lembra,amarga mais um bocadinho.

    ResponderEliminar
  7. Penso que os nossos governantes confundem crescimento com desenvolvimento. Este governo, parece pensar como o presidnete Bush, em que tudo que dê lucro justifica toda e qualquer forma de poluição.
    O problema não está na energia produzida, nem tão pouco nos ratos que vão dixar de parir, mas sim no legado que deixaremos para as gerações vindouras.
    Se querem manter populações no interior, têm que criar condições para as pessoas viverem de forma digna. Se querem manter as paisagens sem fogos, têm que pagar ao arquitecto (o agricultor) para as manter.
    Uma simples barragem, poderá ser vantajoso a médio prazo e catastrófico a longo prazo.
    Um desenvolvimento para ser sustentável, tem que dar resposta ao presente sem comprometer as gerações futuras, tem que ser economicamente viáviel e ao mesmo tempo socialmente aceitável.
    Infelizmente, a ignorância e a estupidez (a que alguns chamam de arrogância) que caracteriza grande parte dos nossos governantes, faz com que estes falem com toda a leviandade em desenvolvimento sustentável sem saberem o que isso significa.
    Brincar com a natureza é como quem brinca com o fogo. Deus perdoa sempre, o Homem perdoa às vezes, mas a natureza nunca perdoa.

    ResponderEliminar
  8. O amigo Pedro Morgado não deve estar muito informado "in loco" com o rio Sabor, apesar de ter raizes na região, segundo diz.
    A foto mostrada, do vale da Vilariça, com as águas já aprisionadas do Sabor e rio Douro pela barragem da Valeira, dão uma beleza particular à paisagem mostrada.
    Já alguém se lembrou de imaginar o rio Douro sem barragens?

    ResponderEliminar

Antes de comentar leia sobre a nossa Política de Comentários.

"Mi vida en tus manos", um filme de Nuno Beato

Pesquisar no Avenida Central




Subscreva os Nossos Conteúdos
por Correio Electrónico


Contadores