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A cara devia encher-se-lhes de vergonha

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O Público noticia mais um capítulo da cruzada civilizacional da Igreja Católica. Desta feita, o alvo é a Amnistia Internacional, uma organização que tem sido incansável na defesa dos Direitos Humanos.

O cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício do Vaticano para a Justiça e Paz, defende que os indivíduos e as organizações que se sintam identificados com os princípios católicos devem retirar o seu apoio à Amnistia Internacional, depois de esta organização se ter declarado a favor da prática do aborto em certos casos, como violações e risco de vida para a mulher.

A Amnistia Internacional sempre se declarou neutral em relação à polémica sobre o aborto. Mas em Abril passado rompeu com esse silêncio, defendendo a prática em casos de violação ou sempre que a saúde ou a própria vida da mulher esteja em perigo, pressupostos que, segundo Martino, são moralmente indefensáveis.

A Igreja Católica tem o direito de dizer o que lhe apetecer aos seus fiéis e de financiar as instituições que bem entender. Mesmo que o critério seja "a defesa do aborto em condições de violação dos direitos humanos..." O que é certo é que Jesus Cristo coraria de vergonha se visse a acção desta Igreja que reclamam como sua e que se verga perante tantas atrocidades, preferindo atacar quem trabalha na defesa dos direitos humanos.

10 comentários:

  1. Pedro, a questão não é assim tão simples. O próprio presidente da Amnistia Internacional Portuguesa, quando interpelado pela comunicação social para reagir às declarações desse cardeal, disse que tínhamos de ser prudentes a tratar essa questão (a das declarações e a posição da AI sobre o aborto). A verdade é que pode a AI estar a começar a meter-se em questões que não lhe interessa combater, pelo menos à luz do que tem vindo a ser a sua acção até agora.

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  2. A agenda da AI não pode estar sujeita às pressões de NENHUMA confissão religiosa. Defender o aborto em caso de violação dos direitos humanos está inscrito nos princípios fundamentais da AI.

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  3. Oh Márcio, já se sabe que és ateu, por isso não é necessário que nos lembres tal coisa sempre que se fala de religião.

    Pedro, não se trata de estar sujeita a pressão. Não estou aqui a defender da opinião exprimida por um cardeal numa revista que deu a um semanário americano. Estou a falar do risco que existe de a Amnistia Internacional, uma organização que até agora tem-se mostrado muito nobre na sua acção, vir a enveredar por caminhos que não o seu.

    Pelo que percebi, a posição da Amnistia Internacional é salvaguardar os direitos humanos da mulher que opte por abortar. Espero é que isto não degenere num apoio a causas como a legalização do aborto, ou então a luta contra a mesma. Porque isso significaria um descer a um nível que não me parece aconselhável para a posição que ocupa essa organização.

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  4. eu acho que vergonha nao chega... a ICAR tem minado a nossa sociedade ao longo de seculos com as suas teorias e incoerencias... Esta traiçao a maior associaçao de defesa dos direitos do homem é mais um capitulo da triste historia do vaticano e dos seus papinhas...

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  5. Não me espanta. Estamos a falar de uma organização (igreja) que ainda há pouco tempo, na altura do aborto em Portugal, defendia, por intermédio dos seus prelectores que o aborto era pecado e como tal dava para ir para o inferno...

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  6. koolricky, não é bem assim... Tanto que essa noção de inferno cheio de labaredas e com o Demo vermelho é medieval e está completamente ultrapassada. Já não falam os responsáveis da Igreja que tal pessoa, por fazer tal acto, vai parar ao Inferno...

    A posição da Igreja era declaradamente contra o aborto, por vários motivos que eles adiantavam, mas não usando o argumento de ser "pecado e como tal dava para ir para o inferno", mas antes como um atentado à vida e ao direito à mesma.

    Concorde-se ou não com a posição, essa deturpação da argumentação da Igreja não beneficia ninguém. Bem, talvez beneficiasse, mas isso será outra história...

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  7. Ergolas, estás a dar o puro exemplo de uma pessoa que não sabe o que se passa no interior rural, onde os padres ainda mandam mais do que os Presidentes de Câmara.

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  8. Vejo com agrado que em Portugal há pessoas que não vão atrás de balelas religiosas. Como livre pensador primeiro, e ateu logo a seguir, subscrevo e apoio as opiniões expressas por Márcio, Atento e Koolrycky.
    Continuem, que eu prometo voltar com eMail address.
    B. Warren

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  9. Koolricky, sei muito bem que no "interior rural" os padres têm um grande poder de influência na opinião dos seus fiéis. E também sei que usaram uma argumentação contra o aborto errada tanto pelo teor como por ir contra aquilo que tinha sido apregoado pelos seus superiores.

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