O Público faz eco de uma notícia grave e escabrosa
Um professor de Inglês, que trabalhava há quase 20 anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), foi suspenso de funções por ter feito um comentário – que a directora regional, Margarida Moreira, apelida de insulto – à licenciatura do primeiro-ministro, José Sócrates.
A directora regional não precisa as circunstâncias do comentário, dizendo apenas que se tratou de um "insulto feito no interior da DREN, durante o horário de trabalho". Perante aquilo que considera uma situação "extremamente grave e inaceitável", Margarida Moreira instaurou um processo disciplinar ao professor Fernando Charrua e decretou a sua suspensão. "Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas. O sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal", disse a directora regional, que evitou pormenores por o processo se encontrar em segredo disciplinar.
Esta suspensão é ridícula e desproporcionada, tratando-se de uma evidente perseguição política a uma ex-deputado do PSD, ao bom estilo de Hugo Chávez. Indigna-me que o sr. primeiro-ministro que é o primeiro-ministro de Portugal não se lembre bem como é que tirou a licenciatura nem quem foram os seus professores nem como foram os exames. Indigna-me que existam certificados de habilitações falsos. Indigna-me que nada disto tenha consequência.
Já uma graçola sobre a espécie de licenciatura é coisa digna de suspensão. Como diz e bem Fernando Charrua "se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia."
E hoje até nem é 24 de Abril. Mas parece.
É uma questão de timing, alguém com tantas responsabilidades, funcionário público, pode dizer o que lhe apetece, mas não quando lhe apetece. É curioso como ainda não foi divulgado o que ele disse. Deve ser algo «grave e escabroso», caso contrário os media já se teriam apressado a divulgar...
ResponderEliminarAté ver, dou o benefício da dúvida.
Eu sei o que disse aquele professor porque é amigo pessoal da minha família.
ResponderEliminarNão direi o que ele disse mas o que é estranho é que a Senhora Directora Regional não revele o que foi dito porque sabe que não é motivo para suspensão.
As liberdades adquiridas após o 25 de Abril de 74 não incluem, e bem, a liberdade de insultar seja quem for.
ResponderEliminarO conceito de "liberdade de expressão" não pode ser concebido como o direito de dizer o que muito bem nos apetecer...
No caso em questão, ainda por cima, existe legislação que obriga todos os funcionários públicos ao dever de respeito pelos superiores e pelos subordinados. Não se pode, portanto, dizer (muito menos no local de trabalho) o que muito bem nos apetece.
Já agora, sendo amigo pessoal do visado, também sabe o que aconteceu, depois da dita conversa, no restaurante local que levou a que os donos interviessem por forma a acabar com a pouca-vergonha? Ou só sabe o que interessa ao amigo saber?
Sei que não houve insulto algum e que isto não é mais que uma perseguição política.
ResponderEliminarCaro anónimo,
Não está interessado em saber a verdadeira história da licenciatura de José Sócrates... Ou isso é um mero detalhe?
Começo por pedir desculpa pelo anonimato... falhou a assinatura.
ResponderEliminarO que está em causa nesta notícia não é a licenciatura de seja quem for. O que está em causa é o incumprimento do dever de respeito pelos superiores.
Cabe na cabeça de alguém que um funcionário de um banco esteja no local de trabalho a insultar o director o mesmo banco?
Nuno M.
Caro Nuno,
ResponderEliminarMantenho o que afirmei. Não houve insulto algum. Apenas a constatação de um facto socialmente aceite.
Agora o valor que cada um de nós dá ao facto de o senhor Primeiro Ministro ter uma passado que levanta dúvidas é outra questão. O que não posso aceitar é que o Primeiro Ministro possa ter esse passado e todos os funcionários públicos tenham que ser amordaçados sem possibilidade de comentar o passado do senhor Primeiro Minsitro.
É uma espécie de caça às bruxas. Já imaginou o que seria se todos os funcionários públicos fossem processados por emitirem comentários jocosos sobre a suposta e eventual licenciatura do Primeiro Ministro? Ou será que este foi suspenso por ter sido deputado do PSD?
O ter havido, ou não, insulto fica para ser provado quando for público o que realmente aconteceu. Até lá cada um de nós fica com o conhecimento que tem das histórias contadas, sempre de forma diferente, pelos mais diversos intervenientes no caso e filtradas, como é habitual, pelas diferentes sensibilidades de quem as conta.
ResponderEliminarO que me move nestes comentários é uma questão de princípio. A provar-se que não houve qualquer insulto a atitude da Directora da DREN terá que ser considerada reprovável e deverá ter consequências. A provar-se que foi proferido insulto, o autor deve ser punido em conformidade. Como já disse, a liberdade de expressão não pode ser entendida como liberdade para dizer o que muito bem nos apetece. A par das liberdades conquistadas encontram-se os deveres a que estamos obrigados para proteger a liberdade dos outros.
Caro Nuno M. à 2 anos e meio atrás era permitido enxovalhar o ex - primeiro ministro, e ai de quem dissesse que nao, algo parecido com isto seria logo motivo, com Santana Lopes a primeiro ministro, para um golpe de Estado no mínimo, hoje em dia parece ser motivo para uma suspensao a quem sobre o primeiro se pronuncie, e nao venham com a demagogia do funcionario publico " que deve ser respeitoso, zeloso e calar"... Espero que o meu psd, mude rapidamente de lider para o mito - socrates acabar num ápice, a mim ja me arrepia.
ResponderEliminarPeço desculpa Pedro. Mas seja Santana Lopes, seja Durão Barroso, seja Sócrates, seja Marques Mendes, seja Carvalhas, seja Louçã, seja Portas, acho extremamente lamentável que um funcionário público, no seu local de trabalho, insulte um outro, e pelos vistos superior hierárquico. Esse professor até devia era ter vergonha na cara... Concordo com o Nuno M.
ResponderEliminarÉ mesmo uma questão de respeito e de brio.
Que país é este em que vivemos? Em que século estamos? A "liberdade de expressão" parece ser a mesma do tempo de Salazar. Só falta a caneta azul...
ResponderEliminarhttp://avenidacentral.blogspot.com/
ResponderEliminarQUEM TEVE A INFELICIDADE DE LIDAR COM A "VÍTIMA" FERNANDO CHARRUA, QUANDO ELE ERA REI E SENHOR NA DREN E PERSEGUIA QUEM NÃO ESTAVA NAS BOAS GRAÇAS DO PODER AUTÁRQUICO E DAVA COBERTURA ÀS ILEGALIDADES DOS SEUS PROTEGIDOS NAS ESCOLAS, SÓ PODE SORRIR DIANTE DA PERCALÇO DESTE INDIVÍDUO. AFINAL DE CONTAS PARECE QUE ALGUÉM ACABOU POR ESCREVER DIREITO POR LINHAS TORTAS.
ResponderEliminarAtenção, um funcionário público é um funcionário do Estado, não do Governo. O seu dever é servir o público, ou seja, os cidadãos, não defender os ministros que têm vergonha de assumir o que fazem e aquilo que são. Quem quer respeito comece por se respeitar a si próprio e aprenda a respeita os outros.
ResponderEliminarVamos lá ver a quadratura do círculo: O senhor Charrua foi 1. objecto de inquérito/processo disciplinar e 2., não espanta, suspensão -- por 90 dias e sem perda de vencimento ou de qualquer regalia -- 3. cessassão da comissão de serviço e 4 participação ao M.Público.
ResponderEliminarPara sustentar a tese de perseguição política qualquer um terá que validar os argumentos próprios e considerar inconsequente e sem sentido a decisão fundada num mero comentário jocoso. Se não fosse verdade o ponto 4 -- queixa o M. Público (MP) -- ainda... , mas um comentário jocoso não justifica uma participação ao MP. Logo, não foi um comentário jocoso que justificou 1, 2 e 3, porque a ser verdade 4 não teria sentido ou verdade. Ora a ser verdade 4, segue-se que 1, 2 e 3 corresponderá a um facto que não um comentário jocoso perfeitamente enquadrável e justificável no quadro da liberdade de expressão.
Outra justificação para tanto alarido reside no facto da credulice de muita gente que acredita que um comentário jocoso justifica isso tudo só porque o próprio considerou jocoso um comentário que, na realidade, pode ser mais do que isso...
Ao MP denunciam-se crimes..., ponto 4.
em que séculos estamoS?
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