A sociedade é que se encontra doente porque apenas sabe aceitar a heteronormatividade. Num mundo em que parece que existe sempre uma dicotomia, em que a norma e o desvio parecem sempre necessários para justificar os comportamentos, é necessário protestar com vista à desconstrução do binarismo de género.
A campanha internacional STOP PATOLOGIZAÇÃO TRANS questiona e abala os dispositivos de controlo e o próprio sistema de género. Visa excluir a transsexualidade do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR) da Associação Americana de Psiquiatria (tipificada actualmente como uma perturbação da identidade de género).
Esta campanha é extremamente necessária porque as pessoas devem poder escolher a sua vida e o seu corpo. Não devem ser marginalizadas por isso. Porque a luta a travar contra posições essencialistas ainda é muito grande, no passado sábado, dia 17 de Outubro, foi lançada publicamente a campanha em vários países. Em Portugal, várias pessoas juntaram-se em Lisboa, para dizer não à estigmatização, para dizer que não existe a "normalidade" e a "anormalidade", para lutar por uma sociedade mais justa, mais democrática, com vista ao bem-estar de tod@s.
Mais informações aqui.
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Muita psicologia social.
ResponderEliminarVamos ver o que acontece no DSM-V... Contudo julgo pernitente reflectir sobre as escolhas para os grupos de trabalhos, algo que também foi polémico em edições anteriores. Leia por exemplo o seguinte texto sobre a escolha para para esta área: http://questioningtransphobia.wordpress.com/2008/05/05/apa-selects-group-members-to-revise-transgendertranssexual-in-dsm-iv/
ResponderEliminarNum tema paralelo, sugiro este post sobre a história do anterior diagnóstico de homossexualidade: http://redepsicologia.com/historia-do-diagnostico-homossexualidade.
Aliás mais sobre outras polémicas pode ser lido em: http://redepsicologia.com/dsm-segredo-adiado-lancamento-2012; e em demais posts.
Lamento desde já a extensão do comentário e alerto para o facto de os dois últimos links encaminharem para um blog meu. Contudo considero que tais posts são relevantes para o tópico abordado.
A partir deste post e desta campanha fica esclarecida muita coisa, pelo menos para mim.
ResponderEliminar1.Se se considera que pelo facto da transsexualidade e afins constar do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, é um motivo discriminatório de segregação, então todas as doenças também deveriam ser dele retirados, porque significa que tb os doentes que nela consta são igualmente segregados e discriminados pelo facto de terem um doença que consta nesta lista.
2. Pensava que a elaboração desta lista obedecia a critérios científicos, isto é, não resultava da pressão de ninguém mas de critérios científicos, logo objectivos. Exercer pressão ou organizar campanhas claras ou menos claras para que sejam retiradas da lista determinadas doenças sem que para isso se apresente a argumentação científica, parece-me esclarecedor...
3. A partir deste momento quando alguém argumentar com o facto dessas opções sexuais ou de género, não constarem na lista da OMS ou qualquer outra lista, logo não podem ser consideradas doenças, o argumento passa a ser completamente falacioso. Porque, não consta simplesmente como resultado de pressões exercidas para que não conste.
Caro Miguel,
ResponderEliminarTudo isso seria verdade se houvesse um critério científica para estas "doenças", como outras, constarem do DSM.
Além do mais, o conceito de doença é dinâmico e tem-se vindo a alterar ao longo dos tempos.
Quanto ao resto, a manifestação destas pessoas é perfeitamente legítima porque expressam a sua opinião. Caberá ao painel de especialista decidir e, qualquer que seja a decisão, não estará, obviamente, isenta de críticas.