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"CM Braga Incentiva Utilização do Comboio"

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ruilhe_2002
© Dario Silva, 2002. O apeadeiro de Ruílhe em 2002

No diário bracarense Correio do Minho vende-se constantemente a ideia de que um dia de chuva diluviana pode ser um bom dia de praia. Tudo depende do ponto de vista, e aí eu estou de acordo. E só assim eu consigo perceber que um título de uma notícia nada tenha a ver com o texto que se lhe segue nem, tão-pouco, com a verdade dos factos.

Na edição de hoje, o CM afirma, com destaque na primeira página, que a Câmara de Braga incentiva a utilização do comboio. A palavra "comboio" despertou-me o interesse e continuei a ler, convicto de que o protagonista da notícia seria ou a CMB ou o "comboio".

O texto do jornal, assinado "redacção", é, afinal, uma cópia clara de um comunicado da própria autarquia, o que, em si, não seria nem grave nem inusitado. No caso vertente, tem só a inconveniente de transformar o Correio do Minho num megafone da verdade soberana do executivo de Mesquita Machado, o que, em si, não seria nem grave nem inusitado.

A mim, enquanto leitor e munícipe, aborrece-me que o(s) título(s) fantásticos nada tenha(m) a ver com o corpo da notícia. A mim, enquanto utilizador compulsivo do comboio, aborrece-me o facto de o título ser mentira. O que não torna o Correio do Minho num mentiroso. Porque se houvesse memória - bastaria apenas dos anos mais recentes - a decência intelectual não permitiria dizer que a CMB "incentiva a utilização do comboio".

É falso, é mentira. Mesquita Machado nunca quis saber do comboio para nada. Como voltarei ao tema mais tarde, deixo, por ora, apenas uma pergunta a Mesquita Machado e a Vitor Sousa, responsável pelos TUB: como foi possível demorar-se cinco anos após a reabertura da linha para criar uma carreira estação-cidade?*

* no caso, e bem, estação-universidade.

16 comentários:

  1. Sou utente do comboio, sócio da ComboiosXXI e municipe atento. Estou completamente de acordo com o Dario Silva!

    O motivo da notícia é um encontro da ComboiosXXI com o presidente da CMBraga, onde esta "apenas" prometeu apoio institucional aos projectos que no futuro esta asociação levar a cabo.

    Será um bom começo se facto a CMBraga apoiar como deve, os esforços deste louvavel movimento cívico.

    Os milhares de municipes que utilizam o comboio, sobretudo na linha Braga-Porto e que já beneficiaram dos frutos do trabalho desta associação (melhor oferta, criação da linha TUB nº43, etc..) bem mereciam que o "seu" presidente de Câmara levasse mais a sério as questões da ferrovia e da mobilidade urbana.

    A.Araujo

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  2. Se calhar pela mesma razão que julgo ainda hoje, não ser financeiramente suportável a referida linha.
    Mas como para certos autores de posts tudo é óbvio, porque não aproveita antes para elogiar o serviço municipal de transportes urbanos que tudo faz para garantir a mobilidade de forma só e desacompanhada pelos diferentes governos que insistem em ver apenas Lisboa e Porto como sua responsabilidade nesta matéria, enquanto a CMB e os Bracarenses, de forma "casmurra" sustentam um serviço de fazer inveja a qualquer concelho vizinho.
    Quanto a aposta na linha ferrea, não sendo de competência do municipio, deve pelo menos concordar com os esforços desenvolvidos pelos responsaveis locais para requalificar estações, melhor vias e assegurar inclusive o futuro com uma estação prevista para o "TGV".
    Criticar é fácil mas já que se fazem esforços para ter este tipo de comentários também se podia fazer esforços para dar os parabéns pelas outras vitórias que fazem de Braga, o que ela é hoje. Ou também é dos profectas que fecham os olhos e ouvidos, para poderem criticar tudo e todos?

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  3. os cinco anos foram necessários para os diversos estudos realizados no sentido do "melhor traçado para a carreira estação - universidade"

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  4. "esforços desenvolvidos pelos responsaveis locais para requalificar estações, melhor vias e assegurar inclusive o futuro com uma estação prevista para o "TGV"."

    Esforços locais? Brincamos? Sabe quanto é que, por exemplo, a CM Famalicão ou Braga gastaram na modernização da linha?

    Veja lá se sabe.

    Fora isto, já por várias vezes elogiei publicamente o ÓPTIMO serviço SUBURBANO dos TUB.

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  5. Anónimo,

    «porque não aproveita antes para elogiar o serviço municipal de transportes urbanos que tudo faz para garantir a mobilidade de forma só e desacompanhada pelos diferentes governos que insistem em ver apenas Lisboa e Porto como sua responsabilidade nesta matéria»

    Esta deve ser para rir, mesmo. A CMB e os TUB estão muito longe de fazerem tudo aquilo que podem e devem. Face a esta realidade, atribuir culpas, em tão grande medida - pois não está em causa essa bipolarização, que existe - aos sucessivos Governos é fantasioso.

    Até lhe dou um exemplo bastante elementar do que a CMB ainda não fez e já há muito deveria ter feito: ampla criação de faixas para autocarros. Será seguramente uma inovação revolucionária quando chegar a Braga.

    E também lhe dou um outro exemplo, este que passa pela perpetuação de um idiota status quo: pôr e manter os autocarros a passarem em contra-mão em vias com faixa e meia de largura. Um caos abrilhantado quando dois autocarros se cruzam.

    Quanto ao post, concordo plenamente com o Dário.

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  6. «enquanto a CMB e os Bracarenses, de forma "casmurra" sustentam um serviço de fazer inveja a qualquer concelho vizinho»

    Ainda bem que o adjectivo "vizinho" está na frase. Senão o que se diria da novata Corgobus, ou dos 'velhinhos' SMTUC, por exemplo, que continuam, ano após ano, a aumentar o número de passageiros transportados.
    Ahh, para quem não saiba, nenhuma destas operadoras é em Lisboa ou no Porto...

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  7. Também sou munícipe, utilizar dos comboios urbanos do Porto e membro da associação comboios XXI.
    é uma vergonha e um escândalo o título do Correio do Minho.. o apoio prometido pela autarquia bracarense a este jovem e dinâmica associação fico-se pelo "apresentem projectos e logo se vê"
    A CMB pouco ou nada tem feito pelo comboio em Braga... e a sensibilidade do recém eleito Eng Mesquita Machado para a ferrovia é quase nula!!!!!

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  8. Não compreendo o espanto.Então o "Correio do Minho" não é a "voz do dono"?Estão sempre a "ber passar os quimboios" e só agora apitaram.Haja pachorra.

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  9. Eu segui o link da notícia do blog da Câmara para o site da Comboios XXI e fiquei esclarecido.
    Basta ver qual é a notícia anterior à do encontro com o nosso T-Rex (como hoje lhe chamava o Balcão).
    Parece que o Velociraptor não mata mas mói...

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  10. Troleicarros:

    Como pessoa bem informada que aparenta ser, convém dizer tudo...

    A Corgobus ainda nem 5 anos de operação tem. Obviamente que numa cidade onde não existia qualquer tipo de transporte colectivo urbano não seria difícil crescer de ano para ano.

    Em relação aos SMTUC efectivamente estes cresceram no ano de 2008 comparativamente a 2007 em número de passageiros, algo que já não acontecia há bastante tempo, ao contrário do que quer fazer crer.

    Em qualquer dos casos, comparar os três serviços é ignóbil. A Corgobus é um serviço novo, pensado de raíz no séc. XXI, numa cidade que nunca teve transportes colectivos. Os SMTUC apenas exploram a zona urbana do concelho, existindo há mais de 100 anos. Os TUB têm características completamente distintas pois a política de transportes do município, desde 1982, privilegiou a coesão territorial de todo o concelho o que faz com que o serviço seja territorialmente demasiado abrangente o que obviamente tem repercussões negativas na zona mais urbana, designadamente em termos de frequência. A verdade é que esta política, independentemente de se concordar ou não, teve os resultados pretendidos, sendo o concelho de Braga um dos mais homogéneos em termos de distribuição demográfica, onde as freguesias rurais não perderam população para a zona urbana, e inclusive têm conseguido aumentar a sua população.

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  11. Caro Anónimo (é estranho estar a falar com um fantasma, mas enfim):
    entendo o seu ponto de vista. Só não entendo o "ignóbil". É despropositado.
    Pois se é verdade que os SMTUC existem há mais de 100 anos - como Serviços Municipalizados, já que os transportes naquela cidade vêm desde 1 de Janeiro de 1904 -, não é menos verdade que os TUB descendem da Carris de Ferro de Braga que, em 19 de Maio de 1877, iniciou os seu serviços de transportes urbanos na cidade. Portanto, há mais de 130 anos, ou seja, mais 27 anos do que em Coimbra...
    Sei que o sr. Anónimo me vai dizer que essa era uma empresa privada e que apenas em 1 de Janeiro de 1914 a Câmara Municipal tomou conta do serviço, quando inaugurou a tracção eléctrica. E que depois a tornou a concessionar à Transcovizela em 9 de Dezembro de 1966 (entretanto, em 1963, tinha sido instalada uma rede de troleicarros a substituir a rede de carros eléctricos). Que se transformou em SOTUBE em 4 de Janeiro de 1969, que subsistiu até 31 de Janeiro de 1982 e que nos seus últimos anos foi alvo de, digamos, fortes desentendimentos com a Câmara, que os despejou das suas instalações da Rua do Avelino (o que vem a ter, como consequência directa, o encerramento da rede de troleicarros em 9 de Setembro de 1979...), momento a partir do qual, pelo que o sr. Anónimo escreve, «privilegiou a coesão territorial de todo o concelho o que faz com que o serviço seja territorialmente demasiado abrangente o que obviamente tem repercussões negativas na zona mais urbana, designadamente em termos de frequência».
    Não vivo em Braga; não posso avalizar ou criticar este último ponto.
    Não vivo em Coimbra; mas posso corrigir algumas informações que o sr. Anónimo presta: os SMTUC não servem só a zona urbana do concelho e, a menos de 2006, desde que 2000 que o número de passageiros transportados tem sido incrementado anualmente.
    Não sou de Vila Real; mas sei que não é verdade que ali «não existia qualquer tipo de transporte colectivo urbano». Não era, isso sim, organizado. Conheço a génese do sistema actual. E a sua filosofia de operação. E, é óbvio, que não vou considerar ignóbil a afirmação do sr. Anónimo «Obviamente que numa cidade onde não existia qualquer tipo de transporte colectivo urbano não seria difícil crescer de ano para ano.» Apenas despropositada. Fizesse a Corgobus um mau serviço (não o estou a comparar com nenhuma operadora conhecida) que eu gostaria de ler semelhante comentário!
    Para finalizar: apenas não entendi, no parágrafo do sr. Anónimo já acima parcialmente transcrito, o que tem a ver o serviço de transportes colectivos de uma cidade com o facto de «o concelho de Braga [ser] um dos mais homogéneos em termos de distribuição demográfica, onde as freguesias rurais não perderam população para a zona urbana, e inclusive têm conseguido aumentar a sua população». É essa população (cada vez mais) bem servida de transportes colectivos? Há autocarros com a frequência que essa população necessita (de facto)? Há horários convenientes a servir essa população? Isso sim, interessa saber e dar a conhecer.
    Por último: não adianta o sr. Anónimo - obviamente bem conhecedor dos TUB - estar a tentar "doirar a pílula": todos sabemos que os transportes colectivos urbanos não são máquinas de fazer dinheiro; que o poder central só conhece as empresas de duas cidade; que há, pois, grande dificuldade em gerir os recursos existentes. Mas isso é uma coisa; outra é não querer ver que o rei vai nu.
    Cumprimentos.

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  12. Troleicarros,

    Assustou o anónimo; essas comparações com Coimbra e Vila Real são injustas!…

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  13. Deixem-me rir...autarcas sugerem comboio!Tivemos uma campanha recente onde supostamente o TGV/ AV, com impacto em muitas aldeias...foi ignorado.

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  14. Troleicarros,

    antes de mais acho piada essa crítica ao "fantasma", como se tu fosses algo mais do que isso apenas porque assinas "Troleicarros" e não "Anónimo"... Aliás, nem o perfil de blogger tens disponível, o que atesta bem da tua moral para criticares "fantasmas". Se quiseres trata-me por Joaquim...

    Em relação ao que escrevi, mantenho na íntegra. Obviamente que o grande conhecedor dos transportes urbanos de braga és tu e não sou eu. Basta ler os dois comentários e percebe-se bem isso. Aliás, não são só os de braga, pelos vistos...

    Mas indo de encontro às críticas, antes de mais parece-me deselegante essa tentativa de colagem às instituições só porque uma pessoa pode saber este ou aquele pormenor acerca dos TUB.

    Certamente não serei tão genial como tu, mas achas mal uma pessoa estar atenta, interessar-se por determinado assunto, e emitir a sua opinião? Ou só tu, porque assinas "Troleicarros", tens o direito a emitir opinião sobre transportes? Ainda achas que só tu é que és o Dr, e tudo o resto só tem a 4ª classe? Ou simplesmente não aceitas pontos de vista diferentes?

    É que se leres bem o meu comentário não diz que o serviço dos TUB é o melhor do mundo, ou sequer bom, e portanto ninguém está a "doirar a pílula". Aliás, diz lá, bem visível, que a política prosseguida teve impacto negativo na zona urbana. Ou não quiseste ver?

    E continuo a dizer que a comparação é inútil e não conduz a nada pois são três realidades completamente distintas e certamente não me convencerás do contrário.

    Por fim deixa-me lamentar que não tenhas percebido a relação entre demografia e transportes. É que, concordando ou não, como tive a oportunidade de ressalvar, essa é que era a grande questão política, que pelos vistos passou-te ao lado. Então Sr Dr, estaremos a brincar ou a falar a sério? É que não é preciso ter mais do que a 4ª classe para perceber isso... Mobilidade, Urbanismo e Demografia, já ouviste falar? Se sim, achas mesmo que estas áreas não têm qualquer relação entre elas?

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  15. Sr. Anónimo:
    1. em primeiro lugar não o conheço de lado nenhum, nem lhe dei o o ónus de me tratar por tu. Por isso, agradeço que "dobre a língua" e me trate na terceira pessoa do singular, como é normal numa pessoa educada, tenha a 4.ª classe ou qualquer curso superior;
    2. Não tenho culpa que a minha identificação seja truncada pelo blgspot: o mail que uso é identificado pelo meu nome - Emídio Gardé - seguido por (Troleicarros) - pois tenho mais endereços electrónicos e uso este para este tipo de assunto;
    3. Obviamente que aceito opiniões divergentes. Caso contrário não tinha contraposto à sua a minha opinião. E aguardava uma resposta nos mesmos termos, para poder novamente contrapor - e não da forma como a redigiu.
    4. Como não é meu hábito discutir com quem não o sabe e resolve baixar o nível da conversa raiando o insulto inútil e demonstrativo de falta de educação, ela fica por aqui - Sr. Joaquim.

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  16. Emídio,

    Percebo o incómodo, mas essa do "ónus" (palavra mal empregue neste contexto, mas percebi o sentido) em tratar-e por tu parece-me fútil num espaço de opinião livre. Se utilizarmos o mesmo critério, também não gostei que me tratasse por Sr. quando na verdade posso ser uma Sra. Além disso pelos vistos não lhe sou nada "caro", nem nunca lhe tinha demonstrado afinidade para me tratar como tal, e assim sendo também aí a sua atitude pode ser interpretada, segundo os seus cânones, como deselegante e mal educada.

    Mas no fundo tem razão, embora não pelas razões que invoca, reveladoras de preconceitos que imaginava estarem já ultrapassados, esta conversa, de facto, já não faz sentido.

    Passe bem!

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