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Momentum

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Vai ser enxuto, curto. Não promete tudo. [i]

O PSD não é propriamente vazio de ideias. Apresenta um programa extraordinariamente longo, tendo em conta as expectativas que o chinfrim em relação à dimensão do programa do PS e ao de Santana Lopes gerou. Mas que é um desenvolvimento do que já vinha escrito no site de apoio - Política de Verdade.

O que acho surpreendente, é toda a oratória da líder Ferreira Leite. Quem a ouvir - e vão ser muitos mais os que a vão ouvir do que os que vão sequer pensar em ler o programa - fica com uma ideia clara de que o PSD vai, sobretudo, não-fazer e desfazer. Quem a ouvir não fica com uma ideia de como vai refazer e tampouco do que vai fazer. Quem a ouvir tenderá a sentir que o discurso é oco. Sobretudo se pensarmos, como a Ferreira Leite faz questão de lembrar, que isto que é hoje dito não é mais do que uma mera repetição do que já foi dito ao longo do último ano.

Talvez este seja um programa mais do Instituto Sá Carneiro e de algumas cabeças do PSD do que da Ferreira Leite, mas espera(va)-se uma alternativa que se assumisse com plena credibilidade e que fizesse justiça ao seu slogan e se preocupasse mais em explicar como vai fazer e refazer. Do discurso retira-se a destruição.

Ao longo das eleições norte-americanas falou-se muito nos momentums, nas suas oscilações e no seu aproveitar. O PSD ganhou claramente esse momentum com a vitória do Rangel.

Parece-me que o terá aguentado algum tempo, mas, para além do que já se esperava - a Ferreira Leite não é o Rangel -, talvez as férias não tenham feito muito bem a esse momentum, que, a meu ver, hoje se perdeu - ou a hipótese do seu prolongado aproveitamento foi perdida - tão claramente como tinha sido ganho.

5 comentários:

  1. Caro Jorge Sousa,

    Que o programa PSD não lhe ia colher simpatias, isso era já previsível, logo, não vejo o espanto em assumir que para si a campanha do PSD não tem momentum. Para sim, lá está, e para todos aqueles que tal como o Jorge partilham do cepticismo na "abundância de ideias no PSD", que consideram o programa "extraordinariamente" longo (??) e classificam um discurso como oco quando não é mais que o enunciar de uma filosofia política por detrás do programa distinta do partido no poder.

    O Jorge Sousa refere que este pode ser um programa mais do ISC que de Ferreira Leite, e que como tal não se deveria talvez esperar alternativas credíveis(?). Não se compreende a argumentação, sinceramente. Mas tal como Augusto Santos Silva, retira destruição do programa PSD, curioso.

    Confesso que não me recordo da reacção do Jorge Sousa ao programa do PS, será que me pode relembrar? Apenas para poder compreender se fez mais o seu estilo ou não. E por último, permita-me a pergunta, chegou a ler alguma parte do programa que foi apresentado hoje?

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  2. Bruno Gonçalves, eu não teci qualquer consideração quanto à substância do programa, para além de que é (alg)um desenvolvimento do que já podia ser encontrado antes... mas sim quanto à líder do PSD e em relação àquilo que ela opta por transmitir.

    Para evidenciar esse equívoco: não é do programa que afirmo que se retira "destruição", mas sim do discurso; falo de oratória, de discurso, de quem a ouve e não de quem a lê.

    O programa tem aspectos positivos, mas para um documento de 40 páginas, não é nem sucinto, nem desenvolvido. Percebe-se que quer fazer de forma diferente, mas não se percebe bem como às vezes. :)

    «E por último, permita-me a pergunta, chegou a ler alguma parte do programa que foi apresentado hoje?»

    Naturalmente. A página "Política de Verdade" foi remodelada/reorganizada nessas secções, mas o conteúdo do programa coincide em grande parte com o que lá esteve até ontem, de uma forma mais crua.

    Mas como referi, não fiz qualquer juízo em relação ao programa no meu post. Existem vários aspectos. Todos sabemos que a esmagadora maioria dos portugueses não lê programas de qualquer forma.

    Aliás, se quer que eu diga algo sobre o programa, digo o seguinte: o que ontem era "política de verdade", hoje deixou de ser, em demasiados aspectos para ser um mero lapso. Como disse, parece mesmo que o programa é mais do ISC.

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  3. Se quiser pode consultar aqui a verdade de ontem. É um belo exercício: descobrir o que desapareceu. :)

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  4. Não percebo qual o problema do Jorge Sousa com o ISC, muito sinceramente. Eu, pelo contrário, creio que nunca é pouco aproveitar o trabalho do instituto.

    Longe de mim classificar este programa do PSD como ideal, mas considero que está subjacente a filosofia correcta embora com muitas ideias gerais em certos pontos, não explorando como muitos compromissos serão realizados. Porém, identifico boas medidas, outras nem por isso e em alguns sectores, muito texto para encher chouriços.

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  5. Não tenho problema algum com o ISC ou com o programa. Há aspectos que concordo, há aspectos em que é continuidade do PS e há aspectos com os quais não concordo. O programa é "normal", a líder é que parece estar desfasada do programa, pela forma como opta por falar dele, centrando no não fazer e no desfazer. O exercício que fiz é muito simples. Esqueça o programa e ouça só o que a líder tem para dizer. Chegará facilmente a essa conclusão.

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