Avenida Central

Digam-me Onde Está

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Nunca na História de Portugal se construiu tanto como nos últimos 40 anos. Nem nunca, como agora, houve tantos especialistas em construir e pensar cidades - arquitectos, engenheiros, urbanistas, técnicos de planeamento, geógrafos e até artistas das mais diversas áreas. Temos também pela primeira vez na nossa história leis e planos para praticamente tudo e um fácil e rápido acesso a um vasto conhecimento.

No entanto, tudo o que se construiu nestes últimos 40 anos é no seu conjunto um desastre. Digam-me em todo o distrito de Braga - neste "verde" Minho ou “Norte do Paraíso” - onde posso encontrar uma praça, uma rua ou um bairro recentes e dignos de serem vistos e visitados. Não é preciso que me apontem um exemplo espectacular - basta que seja um espaço tão simpático como os antigos e não planeados conjuntos da Praça do Município, da Avenida Central ou da Rua do Anjo.

Eu que nem sequer sei desenhar estou convencido de que a copiar ideias dos nossos centros históricos conseguia idealizar um largo bem mais bonito do que qualquer dos espaços novos que conheço.

10 comentários:

  1. o problema Pedro Morgado, é que a maior parte dos projectos é feito por arquitectos e engenheiros, mas não dos "normais", são os arquitectos e os engenheiros do lucro, da especulação imobiliária. Porque é que acha que Portugal é dos paises do mundo que tem o maior número de apartamentos desabitados? A oferta excede muito largamente a procura. A partir daí, e não existindo a possibilidade de construir seriamente a cidade desde o início (porque está minada, por todos os lados, por esses interesses dúbios) a intervenção dos arquitectos e dos urbanistas acabam por se sentir em planos mais pequenos e concentrados.

    É também por isso que depois as grandes obras de arquitectos se resumem, por exemplo em Braga, ao estádio do arqº Souto Moura. É que na generalidade, os arquitectos ficam com margens residuais dos projectos, normalmente moradias.. E a culpa é também do público em geral, que ainda hoje em dia não percebe a real importância do arquitecto e do urbanista, e que acaba por aceitar as mudanças que se vão fazendo, de forma totalmente gratuita, ainda que a troco de muito dinheiro (desculpem o paradoxo) sem terem a ousadia de perceber que algo vai mal.

    Relembro também que antigamente, nos centros históricos, a responsabilidade acabava por recair muito mais nos cidadãos. As praças iam aparecendo com mais facilidade já que eles próprios tinham um papel muito mais activo e crítico no surgimento desses espaços.

    Hoje em dia, existindo as mais diversas instâncias, Planos de Pormenor, Presidentes de Câmara, Vereadores de Urbanismo, etc, etc, etc, o cidadão comum sente-se afastado de todas essas esferas de decisão e nem sequer sente a cidade como um terreno seu.

    E quando finalmente acaba por sentir, é pelas piores razões, só porque reparou em algo que foi construido e que ele não gostou. Mas nessa altura a única coisa que faz é resmungar um pouco para o lado, acerca das más opções que se tomam, mas no dia a seguir já se esqueceu do problema, e nem sequer se envolve a fundo, tentando descobrir quais são as mudanças que se estão a fazer, no dia de HOJE na sua cidade para que, se não concordar com elas, possa fazer alguma coisa ainda a tempo para as mudar, e não resumir a sua acção cívica a um murmúrio que aparece já demasiado tarde...

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  2. vai dizer isso a um vereador, a um presidente de câmara, a um técnico camarário, a um empreiteiro da velha guarda...

    ex. prático: propus um acesso a um espaço numa cidade, de modo a salvaguardar uma proposta de uma corredor verde contínuo em vez de uma proposta ja existente que rasga a meio esse mesmo parque verde.

    resposta: nem pensar, o senhor X (grande empreiteiro aqui da zona) precisa desse acesso feito pela câmara) para conseguir lotear toda esse espaço. é acesso para uma instituição que apenas vai servir esse mesmo senhor! por isso, por melhor que sejam as nossas intenções, neste caso a minha, de salvaguardar, valorizar e dinamizar todo um espaço verde que ia ser de extrema importância para a cidade e quem lá vive, acaba rasgado apenas para o interesse de um senhor.
    e era uma vez um lindo espaço verde que nunca o chegou a ser.

    infelizmente, nós arquitectos, temos de nos vergar às vontades dos politicos ou mesmo de quem nos contrata...

    acham que algum empreendedor prefere construir um espaço verde entre dois predios quando pode fazer lá outro prédio? tudo com o aval da camâra que apenas exige uma ridicula compensação em forma de taxa pela area bruta de construção a mais.

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  3. Assim de repente não me recordo de nada. É triste.

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  4. Em Braga:

    1) Campo da Vinha e respectivo sub-solo;

    2) McDonalds UM Reserva Agrícola;

    3) Habitações lacustres sobre o rio Este;

    4) Parretas;

    5) Parque de São João da Ponte;

    6) a central de autocarros;

    7) o dinamismo autárquico;


    Em Barcelos:

    1) Urbanizações Quinta da Calçada e Formiga, Arcozelo

    2) Mercado;

    3) Rede municipal de água e saneamento;

    4) a biblioteca sem catálogo;

    5) a central de autocarros pertinho da estação mas sem acesso à mesma;

    6) os transportes no concelho;

    7) os acessos e os custos das vias rápidas circundantes;



    Em Famalicão:

    1) Aquele bairro frente à estação;

    2) a central de autocarros longe da estação;



    Em Guimarães:

    1) a ecopista Guimarães-Fafe;



    Na Trofa (mesmo não sendo Minho)

    1) a Variante à EN 14 (há-de vir o dia!)

    2) rede municipal de estradas;



    Na Póvoa de Lanhoso:

    1) aquele prédio mônstruo à entrada mas ao qual ninguém chama de "mamarracho"


    Em Amares:

    1) a falta de água no verão, mesmo sendo um concelho com grandes recursos hídricos;


    Em Vila Verde:

    1) os transportes públicos para Braga;

    Em Viana

    1) aquele bairro social entre a N13 e a linha do comboio com as bicicletas penduradas nas varandas;

    Em Monção:

    1) a perda do caminho de ferro;


    Em Fafe:

    1) a tal ecopista;
    2) a central de camionetas;


    Em Paredes de Coura:
    1) aquela via subterrânea no centro da pequena vila.


    Em Celorico e Cabeceiras de Basto:
    1) a variante do Arco de Baúlhe;
    2) os executivos autárquicos, quais obras de arte esquecidas pela Contra Informação;

    Onde é que levanto o prémio?

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  5. Censura no século XXI?

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  6. mas por outro lado ainda bem, quer dizer que o meu discurso tocou alguém. por vezes é preciso pôr o dedo na ferida para conseguir resultados, ainda bem que o consegui fazer

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  7. Em Braga, adoro e recomendo a Praça Xicus Mesquitus(Imperador Romano),sita ao cimo do Campo da Vinha e que dà acesso ao Largo de S.Francisco.Obra de arquitectura ímpar, com a assinatura de ilustre de arquitecto ilustre da nossa praça.

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  8. O novo bairro Carandá é digno de visita.Autêntica obra de arte do período Mesquitista,do período dos anos LXX a LXXX do século XX,DC.Para Completar o harmonioso conjunto,temos aínda as ruínas do Mercado com o mesmo nome ,da autoria de um consagrado arquitecto da época,e cujas colunas,em cimento armado,são religiosamente conservadas.

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  9. Vivi durante muito tempo nas Parretas e considero que o plano de base foi bem concebido. Ainda hoje, passados tantos anos, verifica-se que não há problemas de estacionamento como os que assolam urbanizações muito mais recentes (veja-se o exemplo de Lamaçães). O que sucedeu é que o plano inicial NÃO foi cumprido, tendo-se-lhe acrescentado vários "bochechos" que o desvirtuaram. Ainda assim, deve ser a urbanização de Braga onde vivem ou viveram mais arquitectos...
    I.P.C.

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