© ivan.
Hoje, em poucas cidades se faz cidade. Custa-me, aliás, a crer que os senhores autarcas saibam o que significa cidade. Cidade: o elemento geográfico, meio físico de troca de vivências, crescimento social, maturação da cultura, desenvolvimento.
A especulação chegou ao ponto da estagnação do cérebro. Vende-se, permuta-se, fazem-se pausas em PDMs, infringem-se leis, olha-se para o bolso e para os futuros possíveis carros para mostrar a pança cheia. Não se pensa no que se faz, como se faz, apenas se faz.
Braga, capital da Camorra à portuguesa (terra de Secondigliano), dos clãs do betão. Capital dos pedaços de ninguém, das sobras, das falta de visão sustentável, da falta de brio, do desleixo consciente.
Na imagem que ilustra o post, vê-se uma das novas áreas "desenvolvidas" à espera que alguém lhe dê vida. À espera... Mas quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Os novos zonamentos propostos na cidade, não prescindem nem em 1% do uso do automóvel. Com certeza para alimentar o ego a muitos.
Veja-se também o caso do novo centro empresarial de Ferreiros. Ainda em fase de loteamento, é um autêntico labirinto tentar chegar a ele, e é apenas visível da saída da auto-estrada A11.
Ninguém parece saber que as cidades têm que ser permeáveis em todos os sentidos. Têm que funcionar como um corpo, sem interrupções, sem congestionamentos, sem coágulos, sem colesterol, sem úlceras, etc.
Por fim, vale a pena ler o texto do João Sousa: Urbanismo de Ocasião, do qual deixo um pequeno excerto.
“Temos de admitir que somos um povo do “desenrasca”. Quando nos surge um problema somos os melhores a resolvê-lo no instante mas, no entanto, sem pensar a longo prazo. Vemos esta atitude aliada a praticamente tudo o que fazemos e como não podia deixar de ser, os resultados vêem-se, à distância! Somos um país com um território repleto de particularidades: de um lado o mar, do outro as florestas; a norte as montanhas e a sul as planícies. Quase que podemos dizer que temos de tudo. Ora, com tanta diversidade geográfica presente dentro de fronteiras, modelos não nos faltam de como gerir o território e planear o seu desenvolvimento sustentável.”
A localização desse centro empresarial de Ferreiros é simplesmente absurda!!
ResponderEliminarAmigo E.I.:
ResponderEliminarO absurdo em Nápoles é a própria Nápoles.
Antes mais gostaria de felicitar a entrada para a Avenida Central de uma pessoa ligada à arquitectura.Espero que possa contribuir para o debate acerca dos atentados que se perpetuam na cidade de Braga, e apresentar alternativas.
ResponderEliminarO mal deste nosso país alem daqueles que evidencias no post, é sem duvida uma ideia desmesurada de fazer crescer as cidades, sem olhar para a qualidade do crescimento, eu não diria que o exemplo é fazer cidade, mas antes fazer o melhor da cidade, ou seja travar um crescimento e requalificar o que já foi construído.
o zonamento, e uma ideia falida, e mais que falida á cerca de 40 anos e em portugal continua-se a apostar nisto.
A questão da falta de escala quando se constroi,é um problema de falta de astúcia para a conjugação das diferentes épocas.
A grande ulcera do nosso urbanismo parece-me ser os Planos directores Municipais, acompanhados por uma rigidez absurda, e uma vida com um espaço de tempo de 10 anos, sem actualização, que nos dias de hoje é ridículo. O plano de crescimento das cidades implica uma actualização constante.
As cidades em Portugal crescem sem objectivos, e sem estratégia, ao contrario dos países a sério, que utilizam estratégias de crescimento ou requalificação das cidades de forma sustentável, de forma a garantir um futuro ambicioso para os seus habitantes, tornando as cidades mais competitivas.
convido-a tambem a googlar acerca do conceito de innovation hub.é este o futuro das cidades.
http://pensarbasto.blogspot.com/
Não se preocupe que deste modo haverá muito trabalho para as próximas gerações de arquitectos, realizando projectos de recuperação de Braga e das cidades portuguesas em geral.
ResponderEliminarExistiu, e existe, em Braga uma notória ausência de planeamento urbano que se reflecte sobremaneira no ordenamento dos parques industriais Bracarenses. Para além do exemplo aqui dado, poderemos também citar o exemplo do parque industrial das sete fontes (localizado numa área que deveria ter sido decretada zona ecológica devido à importância que aquela zona teve como ponto estratégico de abastecimento de água á cidade) sendo os acessos a este parque uma vergonha, e o parque de pitancinhos, caotico e com acessos também manhosos.
ResponderEliminarE em Braga houve urbanismo?Basta ver a "cagada" da urbanização do Carandá,do vale de Lamaçães,da colina de Maximinos,etc.,etc.E só percorrer a cidade e ver.
ResponderEliminarParabéns pela abertura demonstrada pelo Avenida, pois só assim se tornará num verdadeiro blogue pluralista.
ResponderEliminarAproveito para convidarem alguém da área dos espaços verdes, pois em Braga estes praticamente não existem.
Talvez junto da ASPA ou do DM consigam o contacto cidadão (creio que agrónomo) que desde há mais de uma década vem sendo o porta-voz das desgraças anunciadas que se verificam ao nível da arboricultura urbana.
Isabel Soares
Braga tem 2000 anos de história oficializada, documentada e visitada. Desses 2000 anos, 20 são de pura desgraça e desrespeito com os anteriores 1980 anos.
ResponderEliminarEu tenho 30 anos e pouco me lembro dos 10 primeiros. Nos 10 anos seguintes estudei e fui educado pela minha família. Há 10 anos que pratico a arquitectura e questiono o que se faz nesta cidade.
Resumindo, se cada um de nós guardasse 1/3 do seu tempo a pensar na qualidade de vida, provavelmente seríamos 1/3 mais felizes.
E deixaríamos 1/3 no nosso bom património aos nossos descendentes.
Fazem falta debates sobre urbanismo em Braga.
Fazem falta opiniões sustentadas em Braga.
Faz falta arquitectura urbana em Braga.
Tens razão cláudia, Braga tem uns olhos bonitos, umas mãos delicadas e uma tez suave, mas interiormente o corpo degrada-se... e há por aí tantos médicos!...