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Que Boas Pessoas que Eles São

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EDP campanha

A EDP já sente que o seus prepotentes e megalómanos projectos de Barragem, que o Governo vendeu barato pela pica propagandística, não acolhem simpatia e que geram uma forte oposição de muitos cidadãos que habitam os locais visados. Sinal disto é que não esperaram muito, nem olharam a gastos, para lavar a cara e mudar a maré das coisas, mesmo sabendo que a maré da comprometida maralha que nos governa de grosso modo, lhes leva a água ao moinho desde o início.

Sob o mote "Quando projectamos uma Barragem, projectamos um futuro melhor", contratou Paulo Gonzo para compor um hit tipo genérico de novela ranhosa, estreado num concerto a 300 e tal metros de profundidade, para musicar uma imensa campanha na Televisão, jornais e na internet, louvando o respeito de sacristia que têm pela Natureza. Isto, mesmo quando se quer acrescentar, artificial e insensivelmente, milhões de metros cúbicos de água a vales e a paisagens naturais.

Aliás, para a EDP - e foi visível num dos debates a que se sujeitaram, ainda que com a condição de oradores privilegiados, sem contraditório em palanque, e com a defesa acirrada do prestável edil local - todo o superafectado Vale do Tâmega, o mesmo que faz a fronteira leste do Minho, não passa de um emaranhado de riscos curvos num mapa cartográfico. A preocupação ambiental , essa, é um mero exercício de marketing, porque a realidade mostra que não passa, nem passará, da esfera burocrática e de externalização dos problemas para institutos públicos e câmaras municipais sem capacidade, nem vontade política de os resolver - que se amanhem.

Pouco lhes interessa, na verdade, a qualidade das águas ou se o impacto ambiental das imensas albufeiras vai ou não afectar duramente milhares de anos de equilíbrio entre a presença humana e a natureza, se vai ou não aniquilar ecossistemas e terrenos de cultivo. Nem se dignam, sequer, a baixar as tarifas que cobram às populações que resolveram incomodar. Por muito que se rodeiem em palavras bonitas, e delírios de Noé, nunca conseguíram, nem vão conseguir, compensar as perdas em lado nenhum. O mapa hidroeléctrico do País é e será, na sua grande parte, uma trágica reprodução do país desertificado, descaracterizado e sem perspectivas de desenvolvimento.

Adenda: Assine a Petição Anti-Barragem: Salvar o Tâmega

7 comentários:

  1. É uma vergonha, tanto mais que o que se gastará nesses projectos terá um benefício infinitamente inferior ao que se poderia obter com soluções bem mais simples e ecologicamente seguras.

    Um país de novos-ricos só pode produzir os velhos-pobres do costume...

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  2. À primeira manhã em que acordei a ouvir o spot publicitário da EDP na rádio, nem queria acreditar. À segunda vez, sentei-me na cama a rir, isto para não rebolar mesmo no chão e amachucar o fato de trabalho. Em cada frase proferida ao doce som de passarinhos, encontram-se mentiras em catadupa, tão descaradas que à primeira impressão, como me aconteceu, desarmam qualquer um.
    Mas, “salvar morcegos”, aonde?! Tem piada, é que no EIA da barragem do Tua lê-se a páginas tantas “A esta quota desaparecerão 58% das zonas de escarpas com maior interesse para a fauna, o que provocará a perda de grande parte dos locais potencialmente importantes de abrigo, hibernação e/ou reprodução para quirópteros”. Tem graça, mas isto soa-me a tudo menos a uma ternurenta preocupação da EDP em “salvar morcegos”.
    E proteger espécies ameaçadas, aonde?! Será que vão recriar um Vale do Tua à toupeira de água, e a outras duas espécies no Vale do Tua, que já se encontram em estado ameaçado, na categoria “vulnerável”, no livro vermelho das espécies em risco? É que os seus habitats, senhor Mexia vão ser, como dizer isto... DESTRUÍDOS IRREVERSIVELMENTE E PERMANENTEMENTE! Sempre poderão propor também um “museu” ou “centro interpretativo”, para lembrar espécies que não foram sequer extintas ou erradicadas: foram conscienciosamente exterminadas.
    E como é isso de “dar vida nova aos sobreiros”? Deve ser a parte em que se transformam em rolhas de garrafas de vinho, porque depois de arrancadas do vale a inundar não me parece que vão ser plantadas outra vez, nem mais servir de alimento e refúgio à fauna local, ou sustento aos habitantes locais. Ou a parte onde são submersos e contribuem rapidamente para a degradação da qualidade da água, através da eutrofização.
    E qual é parte do EIA da barragem do Tua onde diz “A identificação e avaliação dos impactes do AHFT ao nível da sócio-economia evidenciaram (…) impactes muito negativos ao nível da economia local, em particular para (…) agricultura e agro-indústria, com repercussões também muito negativas ao nível do emprego e dos movimentos e estrutura da população” ou onde diz “A área de influência (…) revela-se uma área (…) mal servida ao nível dos serviços mais procurados (…): esta situação agrava-se com as fracas acessibilidades e (…) escassez de oferta de transporte público” que se enquadra no que diz no spot sobre melhorar as condições socioeconómicas locais?! E porque não referir que a Barragem do Tua está reconhecida, de forma oficial pelo Estado, como situando-se em “troço de influência de ruptura de barragem” e de “Perigo de movimento de massas”? Esta deve enquadrar-se no slogan “projectar um futuro melhor”, de certeza. Quem gosta de ir ao Amazonas surfar, que espere uma cheia de rebentamento no Douro, porque há grande probabilidade de isso acontecer...
    Prometer um Ferrari a cada português é uma coisa. Prometer 150.000 novos postos de trabalho, é outra. Agora mentir descaradamente sobre uma barragem que só vai trazer impactes negativos, que constitui um perigo latente de rebentamento, e que significa uns estonteantes 0,5% de acréscimo de produção de energia eléctrica (o reforço de potência nas barragens de Picote, Bemposta e Alqueva equivalem a 3 barragens do Tua) e redução de 1% de emissões de gases de efeito de estufa (ver política sustentável de transportes em Portugal e tendências petrolíferas), não tem cabimento nem ao som da 9ª Sinfonia de Beethoven. É caso para dizer “EDP: Sinta a nossa Hipocrisia (e amanhe-se com o nosso neo-colonialismo, preços altos e péssimo serviço, como podem atestar os edis de Montalegre, com 5 barragens, e Miranda do Douro).

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  3. E mais um embuste.Quem embarcar nestas soluções ou não está informado ou não consegue vislumbrar o alcance de "tais benesses".Os grandes grupos hajam como uma alcateia.Já era tempo de,neste sector, haver concorrência.

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  4. notícia Expresso de 29 de Abril:

    "Os espanhóis desempregados ou com rendimentos baixos vão ter electricidade gratuita, informa "El Mundo" . O Governo convenceu as empresas Endesa, Iberdrola, Unión Fenosa, HC Energía e E.ON a assumirem os custos desta ajuda social, que já existe em Itália e no Reino Unido, e que se aplica a potências contratadas até 3,5 kilowatts e com um limite anual de 200 euros. Quatro milhões de famílias poderão beneficiar desta medida, que terá um custo anual de 800 a mil milhões de euros."

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  5. Pois, não há capitalismo social na EDP, desde que deixou de ser do Estado e passou a ser corporação à americana com interesses nos E.U.A.. São critérios de Wall Street...

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