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Trabalhar Mal

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O condutor encosta a traseira do camião ao sítio do passeio mais recomendável para a realização do trabalho que há para fazer. Depois, os três homens da empresa transportadora de Valongo envolvem-se em demoradas manobras para fazer descer para o passeio um enorme e pesado objecto. O destinatário é um supermercado. O objecto, percebe-se depois, é um daqueles expositores frigoríficos que servirá para a colocação de, por exemplo, queijo, iogurtes e coisas do género. Os três homens vão movendo, a custo, o objecto, tentando encontrar um modo de o colocar na rampa elevatória do camião. O tamanho do expositor, terão julgado estes homens, torna o trabalho difícil. Mais do que difícil: impossível, constataria facilmente qualquer pessoa que reparasse na cena. Esforçados, os homens não desistem. Bastante tempo depois de as operações se terem iniciado, o expositor tomba sobre um dos homens. As pessoas que observaram o que se passou gritam. Muita gente acorre, subitamente, de todos os lados para levantar o objecto ainda mais pesado do que parecia. Um milagre fez com que o trabalhador tivesse encaixado na parte do expositor em que se colocam as prateleiras. Não ficou, por isso, esmagado. Nem ele nem qualquer uma das inúmeras pessoas que constantemente passavam junto ao camião com a traseira colocada em cima deste passeio bracarense.

Há, todos os dias, milagres assim. Entre nós, trabalha-se, demasiadas vezes, muito. Muito, mas mal, muito mal. De forma desleixada ou incompetente. Colocando em risco vidas que apenas por milagre se salvam.

1 comentário:

  1. trabalha-se muito com a sorte, depois quando ela falha, levamos as mãos á cabeça...na segurança trabalha-se muito á posteriori, mas mal de quem já não tem a possibilidade de repetir.

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