«Não podemos ter uma turma com 30 estudantes à volta de um doente. Não podemos receber 700 alunos ou aumentar as vagas e continuar o patamar de qualidade de ensino.» [Público]
A Ministra da Saúde quer que os alunos que estão a estudar Medicina no estrangeiro ingressem automaticamente nas Universidades nacionais. A ideia não é feliz:
em primeiro, porque este não devia ser um assunto da competência da Ministra da Saúde, mas do Ministro do Ensino Superior;
em segundo, porque os alunos que estão no estrangeiro tiveram notas mais baixas que muitos outros que não ingressaram em Medicina em Portugal;
em terceiro, porque não há capacidade para integrar todos os médicos que estão em formação nos Internatos Médicos nem no Serviço Nacional de Saúde.
Finalmente alguém abriu os olhos!!! Compensar a falta de médicos deve passar primeiro que tudo por chamar estudantes portugueses de Medicina do estrangeiro (Espanha, Rep.Checa, etc) e não por chamar médicos estrangeiros. Só não aceita isso quem não quer, e se não quer, que não aceite.
ResponderEliminarE não aceitam. Só hoje já ouvi alguns amigos meus comentarem que isto só faz com que tenham menos vontade de regressar (erasmus). Como o Pedro bem disse, os alunos que estão noutros países são os "sortudos" no meio disto tudo. São aqueles que não tendo média suficiente para entrar no seu ano, tiveram capacidade financeira para suportar um curso superior integralmente no estrangeiro. Como se sentirão aqueles alunos que não entraram por pouco e que se virão obrigados a escolher outros cursos?
ResponderEliminarE, para além de não haver capacidade de integrar todos os estudantes actuais no internato a muito curto prazo, há ainda algo a mais curto prazo: vão meter estes alunos a ter aulas aonde? As faculdades de medicina em Portugal não têm capacidade para levar com mais 100 alunos em cima, quanto mais com mais 700!!! Ou isto é algum tipo de competição a ver qual universidade é que consegue atingir o maior número de alunos sem que estes decidam que mais vale fechar o portão da universidade do que ir às aulas? Sim, porque 20 alunos por tutor em anos clínicos já acontece em alguns sítios.
Há ainda um outro problema logístico: como funcionam as equivalências? Os cursos de medicina em Portugal não são iguais, quanto mais os espanhóis, os da república checa, etc. Então nas universidades que têm ensino por módulos, torna-se praticamente impossível. Se isto não se aplicar é porque só vêm fazer o 6º ano. Qual é que é mesmo o objectivo disso? Aqueles que quiserem regressar, regressam de qualquer das formas, mais ano ou menos ano. Só se for mais tempo é que fará diferença. Mas, vindo no 6º ano, só vêm complicar ainda mais a organização dos estágios - o núcleo de gestão curricular fica tão contente quando um aluno vai fazer erasmus durante 3 meses no 6º ano porque é menos um...
Mas também, quem é que leva a sério uma ministra que acha que Praga fica na "Checoslováq... na Eslováquia" ou que acha que o maior número de alunos portugueses no estrangeiro é em Inglaterra. Deve ter ouvido falar nos cursos em inglês dos países de leste e pensou "Inglês... Bem inglês deve ser na Inglaterra". lol Pelo menos sempre há um pouco de humor à mistura para tornar isto ainda mais interessante.
«em primeiro, porque este não devia ser um assunto da competência da Ministra da Saúde, mas do Ministro do Ensino Superior;
ResponderEliminarEstás equivocado. Deve ser um assunto dos dois, em conjunto. A ministra da Saúde teria sempre competência, pois esta é quem deve ter a iniciativa e demonstrar o porquê dessa necessidade, a existir.
O facto de terem tido notas mais baixas é perfeitamente irrelevante do ponto de vista de competência para a área e, sobretudo, da vocação para o seu exercício. É um dos enormes vícios do sistema actual. Aliás, já é possível efectuar-se transferência de outro curso, para o curso de medicina. Fazer ingressar alunos que estão a fazer o mesmo curso, noutro país, não me choca nada.
Sobre a capacidade para integrar os médicos em formação... certamente estarás melhor informado do que eu sobre essa realidade. Mas desconheço por completo o nº de portugueses a estudar medicina no estrangeiro e, sobretudo, se todos eles desejarão *voltar* para Portugal - tenho sérias dúvidas.
Eu não consigo acreditar que a Ministra teve uma ideia destas... Já agora, acho que deviam transferir os alunos de TODOS OS CURSOS DE SAÚDE PÚBLICOS E PRIVADOS para Medicina.
ResponderEliminarSe estão interessados em salvar o SNS, então promovam de uma vez por todas a separação entre público e privado!
Para que é que hão-de estar a usar os meus impostos para formar médicos excedentários?
-Os meninos "bem" vão poder regressar, porque os paizinhos tem influencia suficiente nos ministérios e os consultórios e a mama está à espera;
ResponderEliminar-A resma de "professores" já vai ter que fazer mais alguma coisinha e justificar o dinheirito;
-Daqui a uns tempos todos se vão esquecer disto quando tiverem que lutar por um lugarzinho no SNS, por que a carreiras médicas já eram;
Esta decisão é fabulosa.
ResponderEliminarè daquelas que provam que os filhos de alguém tudo podem!!!
(Chico-Espertismo e compadio rules!!!)(Ent(r)al(b)e-se a populaça!!!)
Mas há porventura alguma vantagem em mandar vir os estudantes portugueses que estão no estrangeiro???
Não. 1º porque não trarão qualquer vantagem pois os que pretendessem regressar fa-lo-iam agora como depois de acabar o curso.
2º Se é para aumentar o numero de médicos (tópico muito discutivel) então que abram mais vagas, duhhh. Os que não entraram o ano passado podem sempre voltar a tentar e aumentarão as suas probabilidades de sucesso)
3º Dar as vagas a quem não conseguiu cá entrar por mérito próprio mas tem pais ricos é o total absurdo(leia-se compadrio).
Caminhamos para uma tal instabilidade económica e assim continuando politica que daqui a uns anos vou estar no meu sofa a rir-me, quando grupos que nem as FPs ou Africa do Sul, andarem por ai a deceparem estes corruptos que nos pilham e desrespeitam todos os dias.
Não tarda muito por este caminho.
o corporativirus ataca logo nas mais tenras idades.
ResponderEliminarO governo é um órgão colegial portanto as matérias não são estanque.Ou seja, a ministra tem competência até porque é o ministério dela que diz qtos médicos são necessários formar.
ResponderEliminarA questão do privado e do público não resolvem eles.Porque será?
Quanto a mim parece-me bem!
ResponderEliminarSe o país tem falta de médicos tem de chamar a si aqueles que foram estudar para o estrangeiro, ou porque não tinham notas ou porque tiveram preferência pelo estrangeiro...Qual é que é a dúvida?
O aumento de vagas não tem sido suficiente para responder às novas exigências da saúde e portanto devem ser tomadas todas as medidas que aumentem o número de médicos.
Parece-me um contrasenso dizer que as Universidades não tem capacidade para formar mais alunos com qualidade e depois ser contra a abertura de mais escolas médicas...
Ricardo
Quando li o título pensei que se referia ao PSD de Braga e à sua moção futeboleira apresentada numa instituição pública.
ResponderEliminarnotas altas de ingresso é diferente de vocação para medicina. enquanto nao se tiver isso em conta...
ResponderEliminarQuem não entrou em Medicina e tinha dinheiro para estudar fora saiu, quem não tinha entrou em Biologia, Veterinária, Dentária, etc.
ResponderEliminarQue venham exercer, estudar não.
"pretende contornar o problema da falta de médicos convidando estudantes". Falando português, "Que tem o cu a ver com as calças"? Sou só eu a pensar isto ou médicos e estudantes não são a mesma coisa? Quem quer lá saber onde estudaram ou se tinham nota pra entrar ou não. Se o que se quer é mão-de-obra para o SNS, arranjem alguém que já saiba trabalhar! E garanto-vos que um estudante de medicina atrapalha mais do que o que faz. Deixem-nos lá tirar os cursos deles e se quiserem voltar que voltem. Mas só com o canudo na mão, senão não servem pra nada...
ResponderEliminarSe o objectivo da Ministra é que venham mais médicos trabalhar para Portugal, estamos perante uma proposta idiota. Não me parece que os alunos de Medicina portugueses, no estrangeiro, queiram ficar a trabalhar na República Checa ou em Espanha. Logo, é daquela decisões que não vêm acrescentar nada.
ResponderEliminarConcordo com o facto de a ideia de transitar de um curso no estrangeiro para Portugal é deveras infeliz.
ResponderEliminar1-os currículos não são os mesmos e juntar no último ano iria certamente levar a falhas no final do curso
2-quem disse que os estudantes que estão no estrangeiro querem voltar para Portugal?
No entanto, gostaria também de dizer umas coisas.
- o aluno que tira melhores notas não é necessariamente o melhor aluno para seguir a carreira médica.
- pôr todos os alunos que estudam no estrangeiro no mesmo saco é ingorância. Há alunos no estrangeiro que não são ricos (trabalham para poder estudar) e que não estão a estudar no estrangeiro porque não entraram em Portugal. Ao invés, existem muitos alunos que ficam em Portugal que passam anos e anos a sorver as economias dos pais em cerveja e jantaradas. Esses, o que são?