Uma Experiência Nicolina
© juaum rasta
Primeiro o jantar a preceito: rojões com papas à moda do Minho que é bem do Minho esta cidade que justamente se fez berço não tanto pela força dos factos mas pelo extraordinário amor à tradição nacional.
Depois do repasto regado com bom vinho, a viagem automobilizada até ao campo da Feira, o centro das últimas celebrações da mais longa de todas as noites vimaranenses. O ar gélido era tão cortante que o sentíamos no trajecto da boca aos alvéolos como uma espécie de lâminas afiadas capazes de cortar a respiração. Com os pulmões regelados, os olhos brilhavam de tanta luz e os ouvidos estavam preenchidos pelos sons umas vezes ritmados e outras tantas descompassados das caixas e bombos.
Quando chegámos ao Terreiro do Cano, já o pinheiro descia os Palheiros. É o maior do concelho, contam-nos. Fora arrancado pelos membros da comissão e estava pronto para ser erguido junto à Igreja de São Gualter umas horas mais tarde. Pelo caminho, muita cerveja que noutros tempos fora vinho. O cortejo estava tão animado quanto ruidoso para que não houvesse alma no Minho que não soubesse que o pinheiro estava ali, orgulhosamente transportado pelos estudantes do Liceu.
Era já madrugada quando encontramos a cama. Foi assim que descobri uma das mais genuínas festas do Minho e dei comigo a pensar no que seria esta região se da força do que nos separa se passasse a fazer união. Haverá poucas terras culturalmente tão ricas como a nossa. É um enorme desperdício continuarmos tão perto e tão longe.
[texto escrito a convite do Tiago Laranjeiro para a iniciativa "Um Olhar Sobre Guimarães" do blogue Mater Matuta]
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"Não tanto pela força dos factos"?!
ResponderEliminarOnde foi a primeira tarde portuguesa?
De onde saiu o incómodo pela presença galega?
Quem afrontou o domínio de Castela?
Ora essa...
O Terreiro do Cano? Não dizer antes o Campo de S. Mamede?
ResponderEliminarSendo de Braga e convivendo desde pequena com a rivalidade à uns anos aprendi a gostar de Guimarães e a adorar a Festa do Pinheiro.
ResponderEliminarEsta rivalidade é mesmo a grande estupidez da nossa linda religiao.