É notícia a compra de 10% do BPI por Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos. Ao contrário do que poderiam os mais incautos pensar, a notícia não é o facto de ter investido no BPI, mas sim o facto de também ter investido no BPI. Explico: além destes 10%, Isabel dos Santos detém ainda 25% do capital do BIC e 20% da Galp.
Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios, adverte: "Devemos estremecer por ver a família dos Santos comprar 10% do BPI? Devemos por causa da concentração de poderes". E di-lo bem, porque como afirma: "José Sócrastes é (...) a pessoa que tem poder em mais empresas estratégicas portuguesas. Segue-se-lhe José Eduardo dos Santos".
Se pensam em nomes como o "novo colonialismo" ou "colonialismo do terceiro milénio" podem não estar tão errados quanto isso, mas os especialistas sossegam: "é sempre dinheiro que entra de gente que conhecemos" (João de Deus Pinheiro) ou "[é gente que] aqui sente que o seu dinheiro gera influência e está seguro" (Xavier Figueiredo). Manuel Enes é mais pragmático: "sabem que, neste momento, esta é a única porta onde podem bater. Têm consciência do seu nível e da sua credibilidade".
Portugal é o miúdo gordo de óculos que ninguém quer na equipa; Angola é o miúdo que já reprovou alguns pares de vezes e de quem todos desconfiam. Têm-se um ao outro, apesar de não se confiarem. É um relacionamento tipo melhor que nada, mas foge por pouco ao redondo zero.
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É, de facto, perturbador o que está a suceder. E parece que anda tudo silencioso e que nada se passa...
ResponderEliminarJá agora: há 2 semanas, em Espanha, os russos da Gazprom tentararam comprar um bocadinho da Repsol e até o ministro da economia veio aos jornais dizer que não senhor! Que isso poderia interferir com a gestão dos interesses da Espanha. E por cá? Quem se incomoda?
É pena o dinheiro vir de fontes menos claras. Ou isso ou o ordenado de presidente em Angola é fabuloso. Mas neste nosso sistema político há muito que a moralidade caiu em prole do vil metal.
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