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Capítulo 18: da importância

D. António Marto, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, afirmou ontem, em Fátima, que a missão dos professores "é ainda mais importante do que a dos próprios políticos". Falava da importância do trabalho dos professores enquanto "educadores das crianças e da juventude e, por conseguinte, do futuro do próprio país".

No texto da Carta Pastoral "A Escola em Portugal", aprovada ontem pela Conferência Episcopal Portuguesa, pode ler-se até que "o Estado tem sido, por vezes, em virtude das políticas dos diversos governantes, um obstáculo à melhoria da qualidade da escola portuguesa".

Em nenhum lugar do artigo, porém, surge a justificação para o facto de, na opinião do Bispo de Leiria-Fátima, "o trabalho dos professores ser mais importante que o dos próprios políticos". É certo que os políticos não são "educadores das criança e da juventude", mas os professores também não são responsáveis pelas políticas educativas; se as duas ocupações têm objectivos distintos, parece-me óbvio que a comparação da importância das duas não é mais que iníqua.

Poderia também falar do facto de muito professores preferirem educar para as políticas educativas (ou contra elas) a educá-los nas disciplinas que leccionam, mas parece-me que a questão fundamental quando se debate a Educação não são nem os professores nem os políticos.

Os alunos não têm aprendido nada com este debate - foram até noticiados casos que parecem indiciar uma ligeira regressão -, mas já há ameaças de greves de um mês. Se os professores não são capazes de avaliar o próprio trabalho, como saberemos que avaliação do trabalho dos outros (e falo dos alunos) é justa?

2 comentários:

  1. Até poderei concordar com o D. António Marto, pois os políticos terão tido professores, e estes não terão necessitado dos políticos para se dedicarem a 'educare', coisa que parece muitos desconhecem e as escolas ainda mais, pois não vejo ninguém a ser preparado para a vida, quer seja, através dos professores, quer seja através dos políticos, quer até da própria educação oficial, salvo raras e honrosas excepções.

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  2. António Marto é um intelectual respeitável e respeitado. É bispo; e a segunda figura, actualmente, da Igreja em Portugal. Tem de ser politicamente correcto.
    A comparação é iníqua, como diz muito bem: tudo é política e tudo é, também, cultura. O politico é professor da participação; e o professor é politico da autonomia. O primeiro ensina mais pelo que faz; o segundo, mais pelo que diz.
    Mas, dito por um bispo o que foi dito, ser professor e ser politico é sacerdócio equivalente, que se elevam na complementariedade, não na concorrência.
    A frase do senhor bispo é bonita mas é só o que é...

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