1. Respeitando o princípio de que sem competição não há receitas, a Liga deveria chamar a si cinquenta por cento de todas as receitas das transmissões televisivas, distribuindo-as equitativamente por todos os clubes participantes.
2. Respeitando os princípios do serviço público de televisão, em particular a obrigação de pluralidade, os órgãos de comunicação social estatais deveriam pautar a sua informação desportiva por rigorosos critérios de relevância noticiosa, dedicando mais tempo relativo aos clubes que não os chamados três grandes.
3. Respeitando as lógicas de mercado, os clubes deveriam adequar os preços dos bilhetes à procura sem desvirtuar as especificidades de um segmento em que os factores emocionais têm um peso decisivo nas decisões económicas. Como tal, os clubes ditos pequenos deveriam trabalhar no fortalecimento das ligações afectivas com os associados reais e potenciais, num trabalho que deverá ser levado a cabo em conjunto com as autarquias e as principais colectividades locais, tendo presente que os clubes são os principais embaixadores e aglutinadores identitários das cidades em que se inserem. Mais, os clubes devem criar condições de competitividade em redor do espectáculo desportivo que tornem as deslocações ao estádio mais apetecíveis do que a assistência aos jogos no conforto do sofá.
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Pedro, no ponto 1 onde estaria a lógica de mercado que defendes no ponto 3? ;)
ResponderEliminarEsse ponto 1. é uma boa piada.
ResponderEliminarQuanto aos outros dois pontos, estou completamente de acordo.
A questão não está em lógicas de mercado ou outras: está numa perspectiva de sustentabilidade a longo prazo ou numa visão míope de curto prazo. Esta é a que tem vigorado nos últimos tempos e tem como resultado uma Liga desportivamente muito desequilibrada e bancadas cada vez mais desertas.
ResponderEliminarSem um maior equilíbrio na distribuição de receitas não há competição desportiva equilibrada que potencie a adesão dos adeptos e assim, o próprio negócio. A Liga como organismo gestor do futebol é em Portugal quase inexistente: não centraliza nem determina critérios de distribuição das receitas televisivas, não protege o seu produto - inadmissível como não coloca quaisquer exigências de qualidade e equidade aos operadores televisivos ou como não estabelece quotas mínimas de lotação dos estádios com preços regulados.
Quanto aos clubes, sobretudo os não-grandes, ainda que a sua tarefa seja hercúlea num país macrocefálico como o nosso, não podem praticar preços com olho apenas na receita de bilheteira. Devem através de uma política correcta visar o "fortalecimento das ligações afectivas" com os potenciais adeptos. Falar em lógica de mercado, neste aspecto, não é muito feliz; quando muito, mesmo sendo uma expressão de que não gosto, trata-se de trabalhar para criar e fazer crescer o seu mercado a prazo.
Mas como é evidente, com os parcos recursos de que dispõe a maior parte destes clubes, não é tarefa simples ter uma visão não imediatista destas coisas. É fundamental que se consiga um enquadramento institucional que garanta uma repartição mais equitativa das receitas televisivas (que mesmo neste contexto recessivo poderiam crescer apenas pelo facto da sua negociação estar centralizada). É aliás isto que se passa na maior liga do mundo, a Premier League...
Este se não fosse ati-comunista seria um grande comunista.
ResponderEliminarSurreal!
"1. Respeitando o princípio de que sem competição não há receitas, a Liga deveria chamar a si cinquenta por cento de todas as receitas das transmissões televisivas, distribuindo-as equitativamente por todos os clubes participantes"
Não percebo a admiração. O que se propõe no ponto 1 é similar ao que já sucede na Taça de Portugal, por exemplo.
ResponderEliminarE se calhar talvez seja essa a razão da Taça de Portugal não ter o mesmo nível competitivo e um consequente grau atractivo que tem o campeonato nacional... Onde há possibilidade de ganhar dinheiro, há um maior esforço também para o obter. Ou assim deveria ser...
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