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Capítulo 13: sentir como quem vê

O tacto é, provavelmente, o mais universal dos sentidos e será, talvez, o mais fiel ao seu nome: afinal, o tacto é, antes de tudo, sentir. Sentir o frio ou o calor, a dor ou a fome, quiçá até o bater acelerado do coração ou o rosar das faces.

Se não víssemos, não ouvíssemos, não provássemos nem cheirássemos, como saberíamos que era Braga a cidade aos nossos pés? Seria do vento frio das manhãs de Outono a gelar-nos as mãos, as faces e o nariz? Seria do sol de Agosto a derreter-nos as ideias e a secar-nos o suor da testa? Seria da nuvem de poluição a irritar-nos os olhos e a pele, a asfixiar-nos o cérebro?

Saberíamos reconhecer a chuva de Braga só do impacto na pele? Ou o granito bracarense só pela forma como nos rasga a palma da mão? Reconheceríamos Braga só de a sentir tremer cada vez com mais força? Reconheceríamos Braga se ela nos caísse aos pés e lhe pisássemos as memórias?

E se encontrasse Braga em todas as cidades e a sua pele se arrepiasse com o vento ou queimasse com o sol? Como é que se encontraria?

1 comentário:

  1. Mais um dos seus belos textos de prosa, tão poética, acerca de Braga.
    Também não apalpo somente odores de corrupção; não cheiro,apenas, negros horizontes; não vejo, simplesmente, ruídos de ressentimento; não ouço,só, as cores do desalento; não provo, sem acompanhamento, os sabores da ignomínia.
    Há mais sons,
    cores,
    aromas,
    sabores e formas
    a descobrir
    e a desoprimir a esperança.
    Bem Haja!

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