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Sedes Ex Machina

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Há definições bastante melhores, mas a que se encontra na Wikipédia serve perfeitamente. Deus ex machina é uma expressão que o latim foi buscar ao grego e que se poderá traduzir à letra por “Deus surgido da máquina”. A expressão tem a sua origem no teatro grego e, diz ainda a Wikipédia, “refere-se a uma inesperada, artificial ou improvável personagem, artefacto ou evento introduzido repentinamente em um trabalho de ficção ou drama para resolver uma situação ou desemaranhar uma trama”. O Deus ex machina, se aplicado hoje, “pode descrever uma pessoa ou uma coisa que, de repente, aparece e resolve uma dificuldade aparentemente insolúvel”.

Na literatura, há inúmeros exemplos de autores que, nas suas obras, recorrem ao Deus ex machina para resolver os imbróglios narrativos. No mundo não propriamente ficcional, um eloquente caso de Deus ex machina é a Sedes. Às vezes Deus, quase sempre ex machina, a associação condescende em, periodicamente, ser descida sobre o palco da política para salvar o país com uns ditos, que os sucedâneos dos narradores das tragédias gregas tão devotamente cuidam de amplificar. Hoje, uma vez mais, a Sedes ex machina ofereceu as palavras que, para usar a terminologia da Wikipédia, resolverão as dificuldades aparentemente insolúveis da nação.

2 comentários:

  1. Peço desculpa pelo despropósito, mas... Não sei onde vou colocar isto. Ou seja este texto que ainda não escrevi mas que já imagino…
    É assim… antes de mais convém dizer que sou tudo menos racista ou xenófobo ou seja o que for…
    Ainda antes de 74 tive músicas, ou melhor, letras de músicas proibidas pela PIDE. Nunca me filiei em nenhum partido mas sempre me situei à esquerda… Hoje ainda penso ser de esquerda, mas…
    Bem, é tanta coisa que eu teria para dizer que tenho medo de me perder…
    Talvez seja melhor cingir-me a factos concretos.
    Desde que os sindicatos de professores traíram a grande maioria dos seus colegas, em troca da possibilidade de se candidatarem privilegiadamente a cargos mais apetecíveis, eu, professor que me empenhei numa luta que me parecia justa e que se reflectiu numa manifestação fantástica de 120 mil profs., passei a embebedar-me aos fins de semana.
    E assim a minha noite de Sexta passou a acabar na abertura do mercado na manhã de Sábado.
    Uma ou duas vezes estive para estacionar nos enormes espaços vazios que havia junto ao passeio do mercado. A primeira vez, quando saí do mercado tinha gente de etnia cigana a tentar abrir o carro para o deslocar. Deixei de o fazer, mas ao chegar passei a perguntar aos feirantes vizinhos: estes lugares estão reservados é? Ao que eles respondiam: não mas os ciganos devem estar a chegar e querem descarregar. Comecei a dar a volta ao mercado. Os lugares vagos à espera dos ciganos que pelos vistos não se levantam tão cedo como os restantes feirantes, são a maioria dos espaços à volta do mercado. Comecei a andar e a comentar como quem não quer a coisa: Parece que aqui há gente privilegiada… As respostas de olhos iluminados foram diversas mas sempre de quem se cala porque não vale a pena falar: “é melhor estar calado se tem amor à sua cabecinha” dizia a vendedora de cuecas encaixada entre espaços vazios onde os ditos “senhores da feira” iam calmamente chegando e montando as suas coisas. Pois e o pior é que eu tenho que mostrar facturas dos meus cintos, enquanto que a eles ninguém os fiscaliza… dizia outro vendedor com quem comentei o assunto.
    Bem, acontece que eu sou ex-toxicodependente (felizmente de há muitos anos), mas ainda me lembro bem a quem ia comprar o produto… Há pouco tempo, um amigo (já condenado à morte e que entretanto se foi…) me pediu para o deixar ali a seguir a Prado, em Oleiros (Lembram-se da grande polémica?) Continua tudo na mesma, disse-me ele…
    Pois eu sabia que éramos governados pela selecção nacional da ladroagem… Sabia, cá no íntimo sabia… Só porque ainda sei somar dois e dois…

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