Avenida Central

Ópio do Povo (II)

| Partilhar
João António tem 44 anos, é casado e pai de duas filhas. Trabalha como profissional liberal no ramo jurídico, conseguindo um rendimento médio mensal nunca inferior aos 3.000 euros. Ainda assim, prefere descontar pelo ordenado mínimo, usufruindo da bolsa de estudo para a filha que está a frequentar o ensino superior. Ontem, como todos os grandes patriotas, saiu à rua a festejar. Eis um grande português.

17 comentários:

  1. Ermelinda tem 45 anos, sendo a mais velha de seis irmãos. Casada e mãe de um filho e uma filha.
    Viu-se obrigada a abdicar dos estudos para começar a trabalhar aos 15 anos.
    Aos 40 concilia o trabalho desgastante e precariamente remunerado (salario minimo)com um curso que lhe deu equivalência ao nono ano.
    Chorou quando a filha concluiu o curso superior.
    Com extremo sacrificio, consegue também dar ao filho, mais novo, a possibilidade de frequentar um curso superior.
    Devido a pessoas como o senhor João António, a bolsa do seu filho permite pagar as propinas e pouco mais sobra.
    Ontem saiu à rua a festejar. Tenhamos vergonha da Ermelinda.

    ResponderEliminar
  2. Caro anónimo (22.39),

    O seu comentário é pertinente e vai ao encontro do que eu escrevi. Os patriotas não são os que saem à rua com bandeiras, mas os que cumprem quotidianamente a sua missão.

    Quanto aos festejos, quem quer festeja. Há quem goste e há quem ache excessivo. Felizmente ainda podemos ter opinião!

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  3. Se seu o rendimento mínimo é validado pelas Finanças, quem é que lhe pode negar uma bolsa para a filha?

    ResponderEliminar
  4. Comentário equivoco para ajudar a pensar:
    A seguir ao Carnaval, há sempre a quarta-feira de cinzas. Há tempo para o Carnaval e há tempo para a quarta-feira de cinzas.
    Cada coisa a seu tempo.
    No meio de toda esta fuga à realidade, há um sentimento de liberdade que nos sabe tão bem.
    É esta liberdade e esta alegria (de Carnaval) que nos podem ajudar um dia a dar passos em frente - podemos não ter muito dinheiro, mas temos alma.

    ResponderEliminar
  5. Por falar a em patriotismo, porque é que a classe médica em Portugal é uma verdadeira casta à parte? Se se fizesse um case-study sobre a qualidade de vida desta casta, chegariamos facilmente à conclusão que o seu patriotismo é inversamente proporcional aos seus rendimentos.

    Mas a verdade a seu dono... Confio nestas novas gerações de médicos cuja mentalidade parece ser diferente.

    ResponderEliminar
  6. pedro,

    me perdoe se não vou de encontro aos demais.

    acho, humildimente, que uma coisa não exclue a outra.

    torcer para o selecionado, ir às ruas, não engrandece ou desmerece.

    cá no brasil os políticos vão a roubar, entretanto não dou o direito a eles de negar a paixão pelo futebol.

    daremos as respostas às urnas!!!

    valeu!

    nadais

    ResponderEliminar
  7. São os patriotas da bola... é um pouco cretino que o sentimento nacional esteja reduzido a apoiar uma duzia de marmanjos super bem pagos para dar uns pontapés numa bola. Pelos herois de um país vê-se o nivel a que a sua população está.

    ResponderEliminar
  8. Esta gente confunde situações que nunca deverão ser confundidas.
    Pedro Morgado, desta vez não faz grande sentido a tua colocação.

    Por muito mal que o meu país esteja e por muito imbecis que sejam os tipos que estão a governar, o meu sentimento por Portugal será sempre o mesmo.

    O Sócrates e resto da tropa não são Portugal. Muito menos os vigaristas que estão em câmaras e afins. Não vai ser essa gente insignificante que me fará perder o orgulho de ser português. Portugal é muito maior que tudo isso.

    O estado da nação está mal, a economia está mal? Sim, é verdade. Mas isso faz-me dizer mal de determinados portugueses mas nunca irá fazer com que diga mal de Portugal.

    Por isso quando vejo as quinas ao peito da camisola da nossa selecção eu só vejo o meu país. Um país com séculos de história, história riquíssima. Um país do qual me orgulho e muito.

    Iria ser por causa de um tipo como o Sócrates que eu vou deixar de ter orgulho em ser português? Esse Sócrates, coitado...não tem qualquer importância e nunca ficará na História de Portugal.

    Portugal sempre! E Quarta-Feira lá estarei de camisola e cachecol a gritar pela MINHA selecção.

    ResponderEliminar
  9. Também concordo que são coisas diferentes mas percebe-se muito bem o moral da história e de facto há muitas formas de demonstrar o nosso patriotismo. Se há coisa que não temos é respeito pelos outros....

    ResponderEliminar
  10. O Sr Morgado meteu novamente a pata na poça...
    Tem um bom blogue, disso ninguem lhe tira o mérito.
    No entanto se o primeiro post "ópio do Povo" foi fraquinho, este segundo ópio do povo é no minimo asqueroso...
    Revela por um lado uma inveja descomunal e por outro o lado mesquinha, idiota e ignorante de quem cospe no prato em que come!

    Afinal o Sr. Morgado em que país vive?
    Se não gosta de ser português, apesar dos defeitos seculares que revelamos, vá para onde se sente bem e deixe o POVO espairecer o aperto do dia a dia, das aflições constantes e da merda dos politicos que temos...

    Por isso como portugues dispenso esses seus laivos apalermados num blogue que quer, CERTAMENTE, continuar a merecer alguma credibilidade.

    QUARTA FEIRA ESPERO QUE ENGULA UM SAPO COM MAIS UNS GRANDES FESTEJOS DOS PORTUGUESES

    ResponderEliminar
  11. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  12. «Se não gosta de ser português, apesar dos defeitos seculares que revelamos, vá para onde se sente bem e deixe o POVO espairecer» Os que saíram à rua foram, felizmente, uma imensa minoria.

    Ainda que quisesse sair na Quarta-feira não posso porque estarei a trabalhar...

    No dia da final, sejamos nós campeões e contem comigo na festa, de bandeira em punho, na Avenida Central.

    Lamento as más intepretações que o post gerou. O que quero dizer e mantenho é que os bons portugueses, os patriotas, não são necessariamente os que saem à rua a festejar as vitórias da selecção mas os que trabalham quotidianamente por um país melhor (nos quais se incluem alguns dos que saíram à rua no Sábado!). Ou estarei errado?

    ResponderEliminar
  13. Eu se fosse capitalista, ao menos tinha vergonha na cara de ver os colegas dos meus filhos, pobres ou remediados, rirem-se na cara deles pelo facto de ainda receberam mais bolsa de estudo que eles...

    Mas os capitalistas deste país, acham que o fazem bem feito...

    Pois, há pouco Estado...

    Infelizmente, estou do lado oposto e vejo colegas das milhas filhas a receberem boas mensalidades em bolsa pelo facto de os pais fugirem ao fisco, declarando salários minimos e indo para as universidades de bons carros, designadamente...

    Nem disfarçam!

    Mas já desisti de viver num mundo melhor, este país já não tem cura...

    Neste país qualquer bom professor no topo ainda vai dar explicações, tirando emprego a terceiros e nem sequer declara tais rendimentos ou sequer emite recibo...

    Neste país qualquer proprietário de restaurante, que vende o vinho com lucros de 300% no minimo, declara o rendimento minimo nacional e o fisco não vê...

    Etc., etc.

    Mas já desisti de endireitar o mundo, ele já me caíu em cima...

    E eu é sou o burro, não é?

    MAIS ESTADO MELHOR ESTADO MENOS ASAE

    ResponderEliminar
  14. Somos dois... É muito bom ver gente que aparece sempre com roupa nova todas as semanas, sempre de carrinho bom, e que diz estar sempre "a bombar" em todas as festas, recebendo uma bolsa de 400€ ou 500€ mensais.

    No meu caso, a bolsa paga as propinas e pouco mais.. mas em muitos outros, compra roupas de marca, carros bons, e muito, muito álcool. Aparentemente, não compra decência nem vergonha na cara.

    E tudo isto é assim há já muitos anos, perfeitamente visível

    PS.: carros para andar meia dúzia de metros, muitas das vezes

    ResponderEliminar
  15. Bons exemplos de cidadania.Quantos ganham mais de 2000E e sempre aparecem na praça pública a reclamar? Quantos correm ás sedes dos partidos onde encontram o amigo, que lhe vai abrir a porta a um bom emprego para o filho que concluiu o curso? Oportunismo à solta.Infelizmente é sabido continuam falsas declarações ou técnicamente bem conseguidas a permitir bolsas de estudo a quem delas não necessita enquanto milhares de jovens abandonam os cursos ou não os iniciam, por falta de apoios.o sistema não se preocupa e age como se tudo corresse bem.Os parques das Universidades enchem-se de viaturas , muitas topo de gama e certamente também muitos destes têm uma bolsa de estudo!Porque será que tardamos em criar sistemas eficientes no combate à fraude?

    ResponderEliminar
  16. Não posso deixar de manifestar estranheza quando sei a UM tem uma longa História e no entanto muitos dos seus Cursos não possuem Sebentas com a matéria essencial para cada Disciplina, a exemplo do que sucede por exemplo em Coimbra.Porque se dificulta a vida ao aluno?Por outro lado seria óptimo os alunos tivessem menos aulas e mais tempo para pesquisa e estudo nas bibliotecas e em casa.Não faz sentido um Professor apresentar um programa extenso no início do Ano sabendo vai ter de se socorrer de aulas extras na parte final do Ano, para "debitar" toda a matéria e acreditem há cursos onde esta prática é sistemática.As vitímas claro são sempre as mesmas...os alunos e os pais que suportam os encargos do insucesso.

    ResponderEliminar
  17. Caro anónimo (9.49),

    A Universidade do Minho está entre as que apresentam mais sucesso escolar. Crítica injusta e infundada.

    ResponderEliminar

Antes de comentar leia sobre a nossa Política de Comentários.

"Mi vida en tus manos", um filme de Nuno Beato

Pesquisar no Avenida Central




Subscreva os Nossos Conteúdos
por Correio Electrónico


Contadores