Há uns tempos, um amigo de Lisboa espantava-se com a minha paciência para a discussão dos assuntos locais e regionais. Dizia-me na ocasião que a política regional/local não lhe interessava porque era raivosa e bafienta. Pois é bom que saibam os leitores, se é que não estão fartos de o saber, que a política de Braga é raivosa, bafienta e pérfida. Mas as coisas são o que são e diz o povo, que normalmente não se engana, que «o abuso vem do costume».
Serve o intróito para expressar em palavras livres, coisa tão rara numa cidade de tanta gente esquecida e comprometida, o nojo que me assola quando leio o último comunicado difundido pelo Canal Informativo da Câmara Municipal de Braga.
É o próprio documento que assume, com desassombrada lucidez, «que não compete à Presidência da Câmara Municipal de Braga reflectir sobre [um] facto puramente partidário.» Contudo, este rasgo de responsabilidade não impediu o dislate e, ao longo de onze parágrafos, onze, mais não se lê que um destilar de ódio político-partidário. É inacreditável para quem lê, é infame para a terra e é desonroso para a democracia.
Dispenso-me comentar o conteúdo porque a lama deve evitar-se a todo o custo. Contudo, não posso silenciar a minha indignação perante o último parágrafo: «Em tão breves palavras, ficará, pelo menos, o candidato do “partido-de-luís-filipe-menezes” a saber algo de mais útil para o exercício de cidadão bracarense do que aquilo que o grupo de convidados lhe repetiu sexta-feira passada.»
Estranho tamanha presunção. É que, quem tão afincadamente diz respeitar a academia, não pode sentir-se, com uma dezena de parágrafos mal digeridos, mais útil do que foram as conferências do tal «grupo de convidados» que incluía personalidades como Luís Filipe Lobo-Fernandes (Pró-Reitor da Universidade do Minho), Pio G. Alves de Sousa (Presidente da Comissão Instaladora do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa) ou Maria Cecília Leão (Presidente da Escola de Ciências da Saúde).
Questiono, porque é urgente questioná-lo quando a democracia está em ruínas, a legitimidade do uso de meios públicos para a difusão de um documento cujo conteúdo não vai além da política de sarjeta, servida num estilo trauliteiro, soez e brejeiro. Não teria sido mais avisado escrevê-lo num comunicado do «partido-do-josé-sócrates»?
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deve ter sido escrito na noite de sabádo, no fim da noite do sardinha. talvez assim se explique a dificuldade de argumentação.
ResponderEliminar(e acho que já falei demais sobre um assunto que nem merecia resposta)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNão importa a forma e os conteúdos do comunicado. Importa que a CMB como instituiçao não pode entrar neste jogo dos partidos. Se este comunicado fosse do PS seria apenas um mau comunicado, sendo a CMB é uma vergonha. Os vereadores do PSD devem questionar o Presidente da CMB sobre a razão dos serviços de comunicação da autarquia estarem a fazer o combate político que compete aos partidos.
ResponderEliminarTom evidentemente mais sarcástico que aquilo a que estamos habituados? Sim, esse facto é claro.
ResponderEliminarÉ pertinente que seja um adjunto do Presidente da Câmara de Braga a emiti-lo? Talvez. Embora não discorde completamente com aqueles que pensam que o comunicado deveria ter origem no Partido, também não me parece desadequado que tenha sido a Câmara Municipal a fazê-lo, uma vez que o que está em causa na iniciativa referida são as acções da Câmara e não as do partido.
Contudo,embora evidentemente desagradado com aquilo que leu, parece-me que o Sr. gestor deste blog conseguiu nivelar em qualidade, neste post, o documento que define como «política de sarjeta, servida num estilo trauliteiro, soez e brejeiro».
Pelo que tenho visto do seu blog, que começou bastante bem, não esperava tal reacção de si. Mas, ninguém é imune à decadência. É pena...
Quanto ao pretenso anónimo do comentário anterior, que anda a ver dificuldades de argumentação onde estas não existem, garanto que,pelo que me tem sido permitido verificar ao longo de já extensos anos de trabalho, mesmo após uma noite de sábado no Sardinha, o autor do comunicado em causa teria qualidades profissionais muito mais notáveis do que os pseudo críticos e intelectuais que por aí populam.
Mas, paciência, são estes os sintomas do mal que atinge cada vez mais indivíduos: a dor-de-cotovelo...
Sr. Pedro Morgado. Ja nao sentia à algum tempo este tipo de atitude de sua parte... já me havia esquecido de certa parcialidade. Mas fora a sua reacção (?!?!?!), não tem a CMB o direito, para não dizer a obrigação, de repor a verdade em manchetes de jornais como "Coligação acusa Executivo socialista de desperdiçar contributo académico" e "Coligação critica postura da câmara"...
ResponderEliminarA estas manchetes, não vi referência neste blog...
muito bem meu caro anónimo (10:33),
ResponderEliminarnão duvido que cada um tem direito a viver da forma que muito bem lhe apetecer (menos o santana lopes que por sair não pode ter opiniões).
quanto aos factos da noite de sábado, ele também esteve na festa do fado. obviamente que a falta de apoio da câmara a esse evento não interessa a vossa excelência (e nem iliba o "...Executivo socialista de desperdiçar contributo académico")
mas quanto à minha dor de cotovelo não se chateie tanto com isso, que eu trabalho pra viver. já o senhor deve estar mais preocupado com o que pode cair no proximo ano. inclusive os defensores (desocupados) do JPM.
saudações.
Ainda falam do Jardim na Madeira quando o continente está cheio destes nublados roseirais...
ResponderEliminarSe bem que a-do-partido-do-luis-filipe-menezes fui obrigado a achar graça, e como são engraçados estes aprendizes de ditador...
Olá, Pedro
ResponderEliminarNão é relevante, mas como diz que o Presidente da Comissão Instaladora do Centro Regional de Braga da Universidade Católica esteve ligado a esta iniciativa partidária, talvez fosse melhor corrigir: o Dr. Pio não esteve presente, nem disse que ia até Helva...
Um abraço.
Contra as más-línguas...
ResponderEliminarhttp://www.crue.org/notic14042008.html
http://www.crue.org/pdf/Transferência%20de%20Tecnologia.pdf
Caro Anónimo (10:33)
ResponderEliminarEsqueceu-se de referir que as supostas qualidades profissionais do autor do comunicado foram treinadas e exercitadas a escrever num diário local contra o actual presidente.
Nada melhor do que contratar e silenciar com dinheiros públicos os "nossos" principais críticos. A esse podem juntar-se mais alguns casos que infelizmente aconteceram ao longo dos anos.
O expresso ousou publicar algumas peças escritas por um jornalista de Braga sobre alegadas investigações da PJ. Escreveu uma, duas e à terceira o jornalista foi contratado para assessor de imprensa das empresas municipais...
O que chama a isto?
As, já mais que comprovadas, qualidades profissionais do autor do comunicado foram adquiridas, não diria treinadas, ao longo de um percurso pessoal e profissional que passou, sim, pelo Diário do Minho (que conheceu os seus tempos áureos quando o Sr. João Paulo Mesquita lá estava), mas que está muito longe de se esgotar aí.
ResponderEliminarSe o Presidente Mesquita Machado reconheceu essas competências profissionais e considerou uma boa aposta ter este profissional a seu lado, tenho a certeza absoluta que até ao dia de hoje não se arrependeu.
Quanto à opção do Sr. João Paulo Mesquita de colocar (temporária ou definitivamente, só ele o pode decidir) o jornalismo de parte, é igualmente uma decisão legítima e inquestionavelmente ética.
De reconhecer serão, portanto, as notáveis qualidades que este profissional apresenta tanto no jornalismo como na assessoria de imprensa.
Mas se esta realidade é estranha a muitos, está, contudo, prevista na Lei para a Comunicação Social e Código Deontológico do Jornalismo.
Tudo o resto são especulações sobre a vida alheia que apenas contribuem para a demonstração do escasso (ou inexistente) conhecimento real dos factos por parte de quem as emite.