Mas a fama da montanha não vem destes dias de crise para os pobres e torrente para os afortunados. Contam já os homens mais velhos em frente ao café, e em conversas de vozes gretadas pelo tempo, da casa da Carmindinha da Lameira, como vendedora a retalho da rata das meninas por sua conta. Regulamentada, e bem, pela nomenclatura portuguesa antes que terminada por decreto a prostituição em Portugal, pelo Governo do Presidente do Conselho. E assim mantida que nem é crime nem é nada, não existe simplesmente. Verdade é que fechadas as portas, continuaram abertas as pernas para moços na flor da idade, fartos de trabalho manual, arrebentarem o cabaço no seu baptismo de inserção, na idade da barba rija.
Denunciado o cliché de quem a aponta como de sempre e para sempre, a prostituição deve agora tomar lugar de debate de assembleias e sociedade. Não é questão minor em saúde pública e economia. Se os serviços existem e são de procura, há que os legalizar e regulamentar a bem do consumidor. É PIB paralelo e tão pouco taxado devidamente. É também ela uma questão de respeito pelas opções individuais e portanto, mais uma vez, negligenciadas por um Estado que deve assegurar as liberdades e garantias das pessoas. Além disso possibilita vistos de trabalho a gente que, com essa intenção, imigra para um Portugal tão carente na área. Por outro lado, previne-se ilegalidade e trabalho forçado, redes de tráfico de pessoas, proxenetas, porque tudo é fiscalizado a bem do Mercado e da concorrência, que muito beneficia de trabalhadores motivados.
Entretanto, e ficando na mesma, a indústria do Sexo, da prostituição em várias formas e feitios, da pornografia, das chamadas eróticas, continuará lugar estranho para a legislação portuguesa. Hipócrita, porque nem se percebe como esta a entende. Fazem-se Feiras do Sexo na FIL e não se prima pelos direitos dos seus trabalhadores em descontos, segurança social, cuidados de saúde, formação profissional e licenciamento?
É que, assim sendo, lá ficam as trabalhadoras do sexo na Lameira, não qualificadas, amadoras e naives, a ofuscar-nos os olhos sobre os viadutos, em roupas de rosa choque. Tão prejudiciais à saúde como endireitas armados em ortopedistas. Enfim, mais uma na soma esquisita neste país virado a outras novelas. De Ordem de Médicos com Deontologia acima da Lei e Ordem de Prostitutas aparte dela. Graves negligências em ambas as classes, estas tão necessárias e apaziguadoras, e às vezes, tão mal entendidas...
Foto de José Margarido
este vitor é poderoso e tem a mania. não bastava o tipo escrever asneiras no blog dele e ainda vem para este blog de qualidade escrever baboseiras...
ResponderEliminarqualquer dia também legalizamos a tortura pa... e a violação. e o incesto. haja bom senso, pá e não venhas infestar este blog com essas ideias progressistas e anarquistas.
aliás, é ver os espécimes que têm orgasmos com os textos dele - tudo gente à esquerda da esquerda.
ResponderEliminarNão queiram mudar os costumes e a pacatez deste país orgulhosamente conservador!
Impressionante este tipo de comentário.
ResponderEliminarRepresnta o mesquinho que abona em certos seres.
Meu caro, o senhor deve ter em consideração que certos assuntos não se deve ser conservador. Deve-se discutir e encontrar as melhores saídas. O conservadorismo retrógado, como pareces ser adepto, é um dos responsáveis históricos pelo estado de certos assuntos na sociedade portuguesa.
Além do mais, a educação e o respeito, tanto à direita como à esquerda política é um dogma.
O liberalismo de costumes também tem adeptos na Direita.
ResponderEliminarSalazar legalizou a prostituição.
O Mal Maior não publicou um post meu não sei porquê, Vitor Pimenta.
O caso do PCP Cabeceiras de Basto!
Não se percebe como, de facto, tinta e tal anos depois do 25 de Abril ainda não houve um partido que tivesse coragem para arrancar a sério com a problemática da legalização da prostituição.Nem o Partido Comunista, pois, mas este percebe-se, até o acusavam de comer criancinhas ao pequeno almoço, se viesse para o terreno agora pela causa era logo comido.Assim nem arrisca...Haja coragem senhores politicos...Já nem "uma" se pode dar em segurança (física e de saúde...).Que vergonha...
ResponderEliminarMeu caro basto_maior, não confunda a liberdade de escolha das outras pessoas com tortura e incesto. Só lhe denuncia o seu grau de conservadorismo, até no quão congelado está o seu raciocínio.
ResponderEliminarFalar de putedo num blog de Braga.
ResponderEliminarou
Ensinar o padre nosso ao vigário.
Na questão da legalização da prostituição, tal como noutros temas fracturantes, para usar o “politiquês”, não há respostas únicas. De um lado e de outro há seguramente bons argumentos.
ResponderEliminarA pior atitude é, no entanto, recusar pura e simplesmente o debate em nome da “pacatez deste país orgulhosamente conversador” ou de coisas do género. Porque é que o país tem de ser orgulhosamente conservador?! Em nome de quê e para quê? Para manter os costumes?!
Nesta, como noutras matérias, não tenho certezas absolutas. Só que me parece que tentar encobrir o sol com a peneira nunca é lá muito boa ideia. Podemos sonhar com um mundo sem prostituição, mas a verdade é que ela existe e vai continuar a existir. Não é o facto de ser ignorada pela lei que faz com que desapareça.
Colocar a prostituição em letra da lei implica aceitar algo que muitos acham que não deveria existir ou que por preconceito tentam desvalorizar. Só que significa também algo mais importante, que é aceitar uma decisão pessoal, desde que tenha sido tomada em liberdade.
E poderá eventualmente ajudar a acabar com muitos dos crimes que estão associados a esta actividade, para além de contribuir para a melhoria da saúde pública e da liquidez dos cofres do Estado. Nunca nos podemos esquecer do risco que existe de associarmos a prostituição às historinhas que nos entram ecrã dentro... Só que, na realidade, o dia-a-dia da prostituição não é o filme “Pretty Woman”...
Agora em tom de brincadeira, por puro prazer, e sem querer ofender, já estão a imaginar as acções inspectivas da ASAE? Como é que os inspectores iriam aferir a “qualidade” do produto em nome da defesa do consumidor?!
E a formação profissional? Já no espírito de Bolonha com unidades de crédito? Algo com financiamento dos fundos comunitários para reconversão da mão-de-obra? Quais as habilitações mínimas dos formadores? O que é que poderia ser considerado horário laboral e pós-laboral?
Quanto ao regime fiscal, trabalhadores liberais ou muito liberais?!
Vítor, antes de mais, parabéns pelos textos do Avenida do Mal, considero os temas muito pertinentes.
ResponderEliminarRelativamente a este tema, mais concretamente da legalização da prostituição, já o tinhamos discutido no teu blog. Dado que não tenho muito mais a acrescentar, transcrevo para aqui o que escrevi anteriormente n' O Mal Maior:
"Antes de mais devo dizer que, por um lado, a legalização da prostituição sempre foi um tema que me deixou algo reticente. Do meu ponto de vista, era como legitimar um comportamnento desviante. Contudo, não podemos ver a situação como tal, e tal como tu sou cada vez mais da opinião de que se devia proceder a uma legalização da prostituição.
Deixa-me também que te diga que achei pertinente o uso da expressão "trabalhadores do sexo". Nós sociólogos somos "adeptos" da expressão trabalhadores sexuais em deterimento de prostitutas.
A prostituição constitui ainda hoje um tabu de preconceitos e estereótipos, o que continua a interpelar a sociedade e os própros indivíduos. Tem a ver com com hábitos e estilos de vida de uma determinada franja da população e, por tal, é socialmente condicionada.
Muitas das prostitutas de rua, sabemos que são mulheres maioritariamente originárias de grupos sociais desfavorecidos, com pertenças familiares desestruturadas e problemáticas. Vivem em condições de vida promíscuas. É um grupo da população extremamente marginalizado.
A legalização deste tipo de trabalho seria importante, por um lado, para proteger estas mulheres da violência de que são vítimas, não só por parte dos que do serviço delas usufruem que muitas vezes as mal tratam, mas sobretudo por parte da sociedade. É óbvio que por parte da sociedade assistimos a dois tipos de vioência:
- a violência incoberta: virar a cara quando passamos por elas na rua; desprezo
- a violência aberta: insultos verbais; violência física
Elas trabalham muitas vezes em contextos violentos o que faz com que o estigma social seja ainda mais forte.
Por outro lado, além de combater a violência e a criminalidade seria importantíssimo promover a saúde pública. Muitas vezes esta população tem relações sexuais desprotegidas contaminando-se e contaminado os seus clientes. Não raro, alguns clientes pagarem mais exigindo relações sexuais sem preservativo. Daí assistirmos a elevadas taxas de HIV/SIDA em trabalhadoras sexuais e seus clientes.
Se todos estes problemas fossem tratados como laborais, já haviam soluções à vista. Daí que a legalização deste tipo de trabalho seria benéfica para combater a violência e para combater a contaminação da saúde pública. Pois sabemos que a prostituição continuará a ser um fenómeno social não irradicado."
Grande Pi, mais um grande texto, tás-te a tornar um verdadeiro homema da luta... Kirikiri.. kirikiriki...
ResponderEliminarAgora a sério, neste país de mentes retrógradas, não me espanta o tipo de comentários que o senhor basto-maior, (já que não tem a coragem de sair do seu anonimato), escreveu. Tanto a legalização da prostituição como a legalização do consumo de estupefacientes, acabava com muita criminalidade que se vem a instalar neste pequeno pedaço de terra plantado à beira mar.
Parabens Pi por mais bom texto