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Abaixo a Bovinidade Jornalística (II)

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Está visto que as escolas católicas têm boas formas de se ir propagandeando (e há quem espume de alegria diante da propaganda). A Lusa faz uma extensa apologia do ensino católico (Opus Dei), promovendo instituições que nem constam dos rankings mais sensatos.

Tenho muito curiosidade quanto ao tratamento que os diários regionais vão dar a este assunto. É que, neste ranking, a melhor escola do Minho é pública e chama-se Carlos Amarante. Não há propinas caras. Não há morais obrigatórias. Não há grandes recursos para além da dedicação dos docentes e esforço dos alunos. Mas isto raramente é notícia. Alguém sabe porquê?

14 comentários:

  1. A Igreja ainda não está velha e enterrada. Será isso?

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  2. Interesses, meu caro amigo!

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  3. Em Portugal insistimos em tomar a nuvem por Juno. Os rankings das escolas nada valem se não forem acompanhados de estudos sociológicos exaustivos. São apenas números sem significado. É evidente que é isto que interessa ao poder político e a quem o sustenta ou seja: impedir a mobilidade social a todo custo. Mérito para os mediocres.

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  4. Lemos os rankings como nos convém. Mas Pedro vais-me desculpar pois estes dois posts cheiram-me a anticlericalismo primário e balofo. Os bons resultados do ensino particular religioso ou não explicam-se por muitos motivos, mas são reais. É tão grosseiro relacionar os bons resultados com a religião, como negá-los só pq são escolas da Igreja. E depois o facto de as escolas da igreja terem bons resultados não é nada para admirar. Foi nas escolas religiosas que desde há muito se difundiu a instrução e a cultura e onde muita gente teve oportunidade de tomar contacto com as letras. A este nível muito deve este pais à Igreja. Não o neguemos pq ao faze-lo estamos a demonstrar ignorância histórica

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  5. Caro sou-do-contra,

    Este post destina-se a perceber se os diários regionais darão igual destaque à melhor escola do Minho que alguns nacionais deram à melhor do país. É que, ao contrário do que afirma, a melhor do Minho é pública.

    Em termos nacionais, não há anti-clericalismo nenhum, ou está a insinuar que a SIC e o SOL, ao excluírem as escolas da Opus, também são anti-clericais?

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  6. Juro que não vou comentar nada sobre o ensino privado. Até porque tenho um processo em tribunal por causa de uma denúncia pública dos desmandos de um colégio privado de Braga. Curiosamente o mesmo estalecimento de ensino que ainda recentemente, através de um dos seus "responsáveis", deu uma entrevista em que desmentiu factos provados em tribunal e confirmados pelas várias instâncias...

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  7. Eu não sei do que o anónimo das 10:56 falou, mas eu nunca deixaria um filho meu num mau colégio. Naquilo que entendesse como uma má escola. Isto se tivesse outras alternativas. E o privado em Braga é uma opção, há muitas alternativas. E até melhores classificadas.

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  8. Volto a afirmar que os numeros publicados acerca dos rankings das escolas sem o acompanhamento sociológico nada valem e portanto não merece discussão. Falta provar que a escola que está em 1ª lugar é a melhor escola. A que está na centésima posição pode ser muito melhor dependendo da base de partida do que se propõe fazer e dos resultados alcançados.

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  9. «Os colégios têm conseguido uma boa promoção, não têm?». Foi desta forma que, ao início da tarde, uma amiga se referia à histeria em torno do rankings das escolas.

    Para os que não se lembram, é todos aos anos assim. Rankings há muitos e para todos os gostos. Incluem-se escolas, retiram-se escolas, faz-se a leitura adequada dos números e haverá sempre um rankingzinho a servir os interesses de todos.

    No meio disto, os jornalistas não saem, de facto, muito bem na fotografia. A leitura acrítica da realidade é, sem dúvida, um mal maior da nossa sociedade. E quando isso se estende a uma parte importante de uma classe...

    É verdade que o cenário é preocupante, mas não podemos deixar que a nossa preocupação distorça a realidade. Há ainda bons jornalistas, capazes de pensar e de desafiar lógicas na maior parte das vezes muito complicadas. E há quem até receba prémios por isso.

    A jornalista Sónia Morais Santos foi a vencedora do Prémio de Reportagem Norberto Lopes 2003/2004, atribuído pela Casa da Imprensa. O trabalho premiado foi uma reportagem publicada em 15 de Novembro de 2003 na revista DNA, do "Diário de Notícias", intitulada «A melhor escola do País», e que retrata a realidade da Escola Secundária da Bela Vista, em Setúbal, classificada no «ranking» do Ministério da Educação como «a pior do país». Mais dados em http://www.casadaimprensa.pt/conteudos.asp?IDCONT=313

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  10. Honra seja feita à citada jornalista. Eu que pensava que em Portugal só havia dactilógrafos mercenários.

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  11. O rankings apenas diferenciam entre escolas que se dão ao luxo de escolher os alunos a dedo e as escolas que o não podem fazer e que são obrigadas a fazer turmas heterogéneas "porque é mais democrático". A Carlos Amarante não foge à regra, e se há escola pública em Portugal que selecciona os seus alunos e faz turmas usando preceitos que roçam o segregacionismo social, é esta. Falo eu, que estou casado com uma antiga aluna da Carlos Amarante e que conhece bem o meio. Os rankings servem apenas para confirmar o que já se sabe: há bom ensino onde há vontade de aprender e onde os maus alunos não incomodam os bons... O resto é conversa. E política. Da má.

    Há que escolher entre integração democrática e excelência meritocrática. Em Portugal, vacila-se entre os dois. As escolas que escolhem a primeira, estão no fim da lista; os que escolhem a segunda estão no topo.

    Quanto aos jornalistas, nem vou comentar...

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  12. A questão sociológica tem sido sempre a conclusão para a justificação do insucesso e abandono escolar.Contudo é muito importante que as familias,as escolas e os alunos quebrem este ciclo.Porque os alunos quando chegarem ao mercado de trabalha devem ter as mesmas possibilidades.Aceitar como enevitável o insucesso devido a questões sociológicas,e pensar que vamos continuar na cauda da Europa quanto a qualificação dos portugueses

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  13. Para além da jornalista que foi premiada, há uns anos, por um trabalho que fugia à bovinidade reinante, há résteas de esperança.

    O Público, na sua edição de ontem, anuncia o seu estudo sobre as melhores escolas apenas a 2 de Novembro.

    «O Ministério da Educação violou as regras estabelecidas há seis anos e libertou os resultados dos exames de 12.º ano sem dar tempo para estudar e trabalhar os dados com seriedade. O PÚBLICO, que faz questão de tratar este tema com a maior ponderação e respeito pelas escolas, pais, professores e alunos, não cederá à pressa e editará o seu estudo com o rigor e profundidade a que habituámos os leitores. c Editorial pág. 46», pode ler-se na primeira página, numa caixa a vermelho.

    Lá dentro, José Manuel Fernandes volta a queixar-se da alteração das regras, que deixou os jornalistas sem tempo para tratar convenientemente o assunto, e chama a atenção para o facto de «mais depressa» não ser «sinónimo de melhor». «Optar pela correria é optar pela ausência de ponderação, de aprofundamento, o que está bem se preferirmos o jornalismo tablóide, não se escolhermos qualidade e rigor», afirma.

    Os resultados são passíveis de diferentes leituras. Volto a insistir na ideia de que há rankings para todos os gostos. Basta que se escolha a informação que convém e se apresente da maneira que melhor serve os objectivos que se querem atingir. E “Uma palavrinha pode fazer a diferença...”, como se pode ler, a propósito de outro assunto, em http://ouve-se.blogspot.com/

    Os rankings prometem dar muito que falar. Aguardamos com expectativa o trabalho do Público, já que o jornal elevou a fasquia...

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  14. Eu não dizia?!

    Uma das leituras possíveis está no site da Antena Minho (http://www.antena-minho.pt/), e ontem já tinha sido veiculada na televisão:

    «Escola de Música Calouste Gulbenkian, em Braga, é a melhor escola pública nas provas de matemática e português do 9º ano.
    (...)
    Na lista das dez melhores, do ensino público aparece apenas a Calouste Gulbenkian, que conseguiu o terceiro lugar na prova de Português e quarto na prova de de Matemática».

    E mais notícias se seguirão sobre outras escolas...

    Vai uma aposta?

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