A Petição Pelo Regresso do Eléctrico a Braga pretende, acima de tudo, convidar os decisores políticos a ponderarem a construção de uma rede de transportes sobre carris na cidade/região de Braga, à imagem do que sucede na maioria das cidades mais importantes de todo o mundo. Pedir o Regresso do Eléctrico a Braga não é elevar o saudosismo à categoria de desejo, mas antes promover um debate intenso que deverá ter em conta o impacto da medida na mobilidade interna da cidade, no aumento da qualidade de vida dos bracarenses, no impulso para o comércio tradicional e no estímulo para o turismo.
A palavra eléctrico traz à memória os antigos eléctricos que ainda circulam em Lisboa ou no Porto, mas a expressão inglesa tram, que é a tradução mais apropriada, refere-se a um conjunto muito heterogéneo de transportes urbanos sobre carris que se comportam como um eléctrico tradicional dentro das áreas urbanas e que podem assumir-se como uma espécie de Metro nos percursos entre localidades. O eléctrico ou tram de 2008 será necessariamente diferente do eléctrico de 1963. As necessidades são outras e, como tal, os equipamentos e os percursos também serão obviamente diferentes.
O tram ou eléctrico apresenta várias vantagens relativamente ao Metro entre as quais se incluem o custo, a versatilidade e a capacidade para atingir mais facilmente as áreas mais centrais da cidade. Por outro lado, a (re)introdução de transportes urbanos sobre carris implica sérias mudanças no paradigma que tem servido de base à estruturação da cidade: Braga é uma cidade pensada exclusivamente para o uso do transporte rodoviário individual.
A isto mesmo fizeram alusão os Arquitectos António Jorge Fontes e André Fontes durante a 1ª Conversa Desbragada [1]:
«a primeira patologia que se pode abordar é a de que a cidade de Braga assenta numa estrutura que priveligia o acesso automóvel até ao centro. É uma cidade onde as ruas foram transformadas em vias de acesso automóvel. [...] Depois temos o grande trunfo político de Braga que é a zona exclusivamente pedonal. Não é uma zona exclusivamente pedonal. Podemos mesmo dizer que é uma zona frequentada por automobilistas apeados, o que é completamente diferente. A segunda patologia que se pode considerar é a de que não há conexão entre os diversos transportes na cidade. [...] Em relação aos transportes públicos deveriam ser mais frequentes e mais abrangentes, deveriam ser mais confortáveis e deveriam ter um tempo de espera, no máximo, de 8 a 10 minutos.»
Braga tem que se (re)pensar. E ao (re)pensar-se tem que se (re)centrar e ajudar a (re)estruturar o Minho. Mãos à obra.
Referências Bibliográficas
O post fala por si. Escrevo só para deixar uma nota sobre António Fontes e André Fontes (para quem não sabe, gémeos). São ambos pessoas de enorme valor e profissionais acima da média. Não só são licenciados em Arquitectura mas também o são em Engenharia Civil, tendo posteriormente tirado o mestrado em Engenharia Municipal, no Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho. Já deram os dois aulas nesse mesmo departamento, sendo que actualmente só o António Fontes se mantém, tendo o André fontes saído por motivos profissionais extra-universidade.
ResponderEliminarPeço desculpa por este "off-topic" mas penso que com esta breve apresentação dos irmãos Fontes reforço ainda mais a credibilidade das suas palavras.
Muito obrigado pela adenda.
ResponderEliminarCumprimentos.
que saudades das desbragadas...transcreva os geógrafos Miguel Bandeira e ainda Álvaro Domingues.
ResponderEliminargrandes nomes, grandes frases...
Como um dos responsáveis do ProjectoBragaTempo posso dizer que mais adequada a esta dicussão do que a 1a Conversa Desbragada, é a 2a! Nessa Conversa discutimos precisamente "Trânsito, Transportes Urbanos e Qualidade de Vida em Braga" e, em particular, um eventual regresso do eléctrico à cidade. Ao contrário da 1a, a 2a Conversa não foi publicada em livro, mas parte está disponível em http://www.projectobragatempo.org/conversas/2a.html
ResponderEliminarExcelente texto onde explica ao pormenor e de forma bastante pertinente, a importância de apostar neste meio de transporte como uma forma de desenvolvimento socio-económico de Braga!
ResponderEliminarPenso que este texto é uma óptima forma de esclarecer aqueles que possam, eventualmente, ter dúvidas de que até que ponto o investimento elevado que o eléctrico acarreta valerá ou não apena.
Entretanto é insistir com as entidades superiores, como partidos políticos e instituições credenciadas, para um apoio e mobilização em prol desta ideia que, esperemos, se torne num projecto!
Luís Tarroso Gomes existe a possibilidade de reactivar o ProjectoBragaTempo?
ResponderEliminarA cidade precisa urgentemente de uma associação que lhe dê a voz!
Caro Luís Tarroso Gomes,
ResponderEliminarObrigado pelo link. Vou ler com atenção e utilizar em futuros textos.
Cumprimentos,
Pedro Morgado.