Braga é hoje um mosaico cultural de gente oriunda de todo Portugal, em especial do Minho profundo e de Trás-os-Montes, que ao longo dos últimos 30 anos por aqui se fixou para dar origem à nova geração de bracarenses. Em sentido inverso, na primeira metade dessas três décadas, assistiu-se à saída de parte significativa dos quadros mais competentes, condicionada em grande parte pela insipiente oferta da Universidade do Minho (uma instituição que estava em implementação e se encontrava amputada de alguns dos cursos socialmente mais relevantes como Economia, Direito, Arquitectura e Medicina). De todos estes fenómenos demográficos resulta que há poucos bracarenses de gema e a esmagadora maioria dos que restam desconhece a monumentalidade e a história da cidade, assistindo com insólita passividade à destruição do património natural, cultural e arquitectónico.
Mesmo sem terramoto nem grande guerra, Braga é uma cidade que, como poucas, teve o privilégio de poder ser construída praticamente de raíz. Perdeu-se, contudo, a possibilidade de se construir pensada e bonita, dimensionada e organizada. Perdeu-se, lamentavelmente, a extraordinária opotunidade de valorizar a herança dos povos que a habitaram até ao Séc XIX e também a riqueza cultural da bragalidade dos três primeiros quartos do Séc XX.
É inconcebível que uma cidade que já teve tanto relevo político e religioso não se consiga candidatar a Património da Humanidade e mais doloroso é constatar que apesar de termos abandonado e maltratado o nosso passado fomos incapazes de construir algo de verdadeiramente apaixonante e relevante para o futuro. Poderia ter sido um grande museu, um parque natural nas encostas a sul da cidade, a reconstrução de parte da cidade romana, a requalificação integral do Bom Jesus (preservando toda a encosta de novas construções), a transformação futurista do Monte do Picoto (criando um parque verde condigno à superfície e um museu com vista priveligiada para a cidade no seu interior) ou um Parque Temático nas Sete Fontes. Vou mais longe: bastaria termos construído uma cidade aprazível, com espaços verdes e sem os atropelos urbanísticos que diariamente nos encandeiam o horizonte.
Está visto que não será pelo Estádio nem pelo Theatro Circo que Braga se afirmará no panorama nacional e internacional. E até para a Bracalândia, o único projecto do pós-25 de Abril em que Braga marcava realmente a diferença e se afirmava local e regionalmente, podemos encomendar o requiem. Não há desculpa. A culpa da falta de rumo da cidade é, exclusivamente, dos bracarenses. É que, mesmo admitindo que alguns líderes possam, pela sua visão (ou falta dela) e carácter (ou falta dele), deixar uma marca indelével, a verdade é que cada terra é o produto da sua história e das suas gentes. E esta gente não pode gostar de Braga para permitir que a tratem assim.
Aqui bem perto, prepara-se a candidatura da Geira Romana a Património da Humanidade. Com inevitável surpresa e indisfarçável tristeza, destacamos a ausência da Câmara de Braga deste projecto (que é "A Geira na Serra do Gerês" mas podia e devia ser "A Geira em Portugal"), fazendo notar que a Via Nova Romana se iniciava na Bracara Augusta.
Já pouco resta da Braga romana. Se os deixarmos continuar a betonar a história, pouco há-de restar da Braga medieval ou da Braga barroca. E tudo serão parques de estacionamento...
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concordo com tudo isso, mas, infelizmente, nada dixo da dinheiro...por ixo se constroi a torto e a direito nesta cidade k amo.
ResponderEliminaronde andam os jornais da cidade??? Porque é que ignoram o que aqui se escreve??? Porque estão comprometidos com os poderes ocultos da cidade e querem manter este infeliz estado de coisas... Triste país.
ResponderEliminarÉ a verdade... o povo bracarense é uma povo acomodado e sem visão.
ResponderEliminarMas nem tudo está perdido, ainda vamos a tempo, mas teremos de pagar os erros do passado.
tudo serão parques de estacionamento! bem o dizes...
ResponderEliminarnão sou de braga mas estudei 4 anos em braga, e há um nome que se houve há demasiado tempo, sem que haja mudança....Mesquita Machado... É ver o antes e o depois... Não sou profundo conhecedor do antes, mas tento ser um critico daquilo que vem sendo o depois...
ResponderEliminarBem, quase que me remoste as vísceras numa pranto. Infelizmente, Braga é a metáfora deste Portugal Desperdiçado. Culpa de autárcas labregos e um povo tomado e alimentado como ignorante, cego democrático como futebolistico.
ResponderEliminarvelhos tempos os do mapa.
ResponderEliminarBraga era grande, rica e era a capital.
Agora somos uma colónia, nem sabemos a nossa identidade Galaica (pensamos que somos lusitanos), a nossa historia, temos de emigrar para não morrermos à fome, temos uma cidade que não liga à sua historia, aos seus antepassados, aos seus monumentos, ama o que não é seu (lusitanismo) e esta toda cheia de betão.
Coitados dos nossos antepassados, devem estar a dar voltas à cova.
A sua cidade hoje é controlada por uma capital em Lisboa, por um país que não é Galaico, mas é Galaico + Lusitano + Al-Gharbio.
Pode-se dizer que destruimos a nossa identidade e temos orgulho nisso.
Alguém defende o verdadeiro Portugal? O norte? não, todos defendem o pseudo-Portugal com centro e sul, com mouros e assim a nossa identidade etnica, historica, cultural vai-se perdendo.
O que me revolta é saber que os erros nao poderão ser corrigidos... E que teremos que levar os prédios horríveis e desalinhados que andaram a construir... Pobre Braga, chorar é mesmo o nosso único remédio.
ResponderEliminarPois é companheiro..., de facto os dois diários do Minho estão, cada qual, ao serviço dos partidos: um (Diário do Minho) é o canal de comunicação do PSD; outro (Correio do Minho) é o canal de comunicação dp PS. Concomitantemente, ambos se limitam a reproduzir comunicados dos quadros desses partidos. Ao que chegámos; quanto mais letrados, pior!
ResponderEliminarBraga é hoje a terceira maior cidade do país, é moderna, tem universidade, tem todos os serviços administrativos, mas, é uma cidade feia e sem alma (sem ofensa para os bracarenses). A Braga urbanizada à força que tomou para si quase todos os investimentos governamentais do distrito, é o resultado da ganância de um homem (Mesquita Machado) que, mesmo deixando obra em quantidade, descuidou a qualidade. Nisso, Barcelos ainda vai a tempo de fazer tudo certo, pois continuamos parados e sem poder de reinvindicação. Pedro, gostava que passasses por aqui (http://maisastuto.blogspot.com/2007/08/desabafo-local.html) para saberes, também, das minhas preocupações relativamente à minha cidade, penso que socialmente mais frágil do que Braga.
ResponderEliminarGostei muito do blogue. Cumprimentos para Braga!!
Ao que chegou Braga... É triste ver como nos últimos 30 anos se estragou uma cidade. Braga transformou-se na Cidade dos Empreiteiros, um antro de corrupção, feia e desorganizada, grande em tamanho mas pequena em espírito. Será que ainda tem remédio? As asneiras foram e são tantas que duvido.
ResponderEliminarEm resposta ao comentário no meu blog, é verdade. Mas no jogo de ontem , notava'se uma maior preocupação defensiva do Vandinho. Até porque o Braga transformava muitas vezes o seu desenho táctica em 4x2x3x1
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Obrigado a todos pelos comentários. Parece que estamos todos de acordo.
ResponderEliminarAbraço.
Relativamente ao que foi escrito, penso que existe sempre uma possibilidade de fazer de Braga uma cidade forte, organizada e moderna. Fazer reaparecer do seu passado a monumentalidade perdida através da reconstrução (ao para das reconstruções feitas na Europa ao fim da segunda guerra mundial) dos monumentos degolados pelo executivo camarário.
ResponderEliminarO choro está associado um espírito conformista, sendo esse o problema das pessoas do nosso país e em particular das pessoas da cidade de Braga, é necessário lutar contra esse mal que nos atrapalha o nosso desenvolvimento, é necessário seguir o “sonho” para que se torne numa realidade.
Tudo esta ao alcance das nossas mãos, nestes espaços já se vai dando os primeiros passos para essa realidade que antes era simplesmente um sonho.
PS- “Universidade do Minho (uma instituição que estava em implementação e se encontrava amputada de alguns dos cursos socialmente mais relevantes como Economia, Direito, Arquitectura e Medicina)”- Julgo ser um pensamento elitista para a sociedade que vivemos. Estes cursos vieram simplesmente aumentar a oferta de formação da Universidade do Minho, o que é óptimo para a região e para o país!
Custa-me ver o (inexistente) planeamento urbanístico de Braga. Temos uns subúrbios tão feios!
ResponderEliminarSe pensarmos quem foi que esteve à frente da cidade nas últimas décadas, não é difícil perceber quem é o responsável por isto.
ResponderEliminarApesar de não conhecer a cidade de há 30 anos atrás, posso dizer que me lembro de uma cidade muito mais bela do que hoje.
Mas sem dúvida que o problema também é dos bracarense, que eleição após eleição, continuam a votar na mesma pessoa, e a apoiar os atentados urbanisticos na cidade.
Os bracarenses têm o que merece. Quem votou no rapaz que está na câmara há 30 anos foram os bracarenses - o povo mais acomodado e ignorante que há memória.
ResponderEliminarDespertaram muito tarde, as asneiras feitas em Braga já não têm solução. Estão aí à vista para muitas gerações.
Nasci em Braga, adorava a cidade onde cresci. Hoje não me revejo minimamente nessa cidade e até sugiro que mudem o nome da mesma. Já há muito que desisti de Braga.
Um crime observar o potencial que a cidade de Braga teria e observar no que se transformou. Uma cidade dormitório para gentes que trabalham em outros locais. Uma cidade sem vida e sem identificação. Os bracarenses de hoje fazem a sua vida fora de Braga. É triste...
Ah e tal Braga não tem futuro, não existe solução, está tudo perdido, bla bla, bla bla. E que tal antes de choramingar, partir para acção? Choramingar foi o que povo de Braga mais fez, mas acção nem vela.
ResponderEliminarMuitos bracarenses criticam o seu povo (bracarenses) por ser acomodados, sem fazer nada! Mas quem criticou, o que já fez por Braga? Muitos, sem se aperceber, estão a criticar a si próprios, mas que ignorância.
Haja mais acção, se toda gente sabe que está mal, onde estão as manifestações públicas? Por onde andam os abaixo assinados?
E se dizem que está mal, logo sabem o que é certo, então porque não mostram as suas ideias? Onde está a participação do povo.
Será que Braga ainda não se apercebeu que a DITADURA ACABOU.
Só pode...
Caro Pedro:
ResponderEliminarÉ louvável a sua preocupação pelo estado da cidade, em muitos aspectos criticável; escreve de forma escorreita e está atento à actualidade. Para quem se interessa por Braga, ler o seu blogue é quase uma rotina.
Mas...(há sempre um 'mas'...), sinceramente, acho que exagera no tom. Quem o ler e não conhecer Braga ainda pensa que tudo o que escreve é verdade - e não é.
A cidade tem problemas? Claro que sim. Mas tem tb virtudes. A cidade podia - e devia - ter sido constrúída de outra maneira? Podia, mas importa não caírmos na discussão de 'gostos', pq assim não vamos lá. Do género "isto é horrendo, aquilo é mt feio, aquela praça é horrorosa". Já pensou que pode haver quem ache o contrário?
Julgo que se devia discutir, sim,o que se pode fazer agora, que propostas tem para a cidade, o que é que podia constiuir uma mais-valia, em vez do discurso do "bota-abaixo", "ai q m... de cidade esta", "Guimarães é que é bom", etc, etc.
Por razões profissionais, vou mts vezes a Guimarães e é chover no molhado elogiar o seu magnífico centro histórico. Mas e o nosso? Não o é tb? Eu continuo a preferir mil vezes a nossa cidade, apesar dos seus problemas. Serão dores de crescimento? Tendo a pensar que sim,pq uma cidade é uma realidade dinâmica. Há 100 anos era uma coisa, daqui a 100 outra completamente diferente. Há que ter ambição. A cidade vai crescer ainda mais, espero que melhor.
Não é possível, e ainda bem, haver duas cidades iguais. Eles têm as suas virtudes, mas tb defeitos; nós a mesma coisa. Acho essa discusão, a de comparar as duas cidades, tempo perdido.
PElo que, caro Pedro, sejemos positivos! Sem nunca deixarmos de ser críticos, claro.
Cumprimentos,
GS
Não sendo bracarense, mas já tendo aí vivido e continuando ligado a Braga por motivos pessoais, vou ousar fazer algumas considerações:
ResponderEliminar- o mais negativo na cidade da Braga é a notória falta de espaços verdes; não que o caos urbanístico não seja gritante. Simplesmente, ele é comum a tantas outras, para não dizer "a todas", as cidades portuguesas.
Mas voltando à falta de espaços verdes...Braga deverá ser, das cidades que conheço, a que apresentará uma menor área verde em função do que está urbanizado. É tão gritante que roça o escândalo. Compare-se com uma cidade de dimensões semelhantes como é o caso de Coimbra.
As zonas verdes não apagam o caos urbanístico (de que Coimbra também padece com certeza) mas tornam-no mais "suportável"; combatem o efeito "ilha de calor" das cidades; permitem a infiltração das águas pluviais; permitem a prática desportiva ou a simples fruição com a Natureza; permitem diminuir o teor de gases poluentes através da acção das plantas, etc.
Há falta destes jardins ou parques urbanos, a zona do Bom Jesus constitui um dos últimos refúgios, mas mesmo este sofre um processo acelerado de urbanização perante o beneplácito de quem manda na cidade e a complacência dos bracarenses.
Se é certo, como escrevi atrás, que o caos urbanístico está longe de ser um problema de Braga, há coisas que aqui são muito notórias, como a actual "distorção" do mercado imobiliário fruto da "excessiva oferta"; quantos prédios não se arrastam há anos em construção? Quantos apesar de acabados continuam quase sem ocupantes? Quantos ainda recentes, sem nunca terem sido completamente ocupados, têm já grande parte dos andares novamente à venda?
Por último, uma réstia de esperança...ao nível do centro histórico parece haver um muito tímido, mas ainda assim um certo movimento de mudança, com casas a serem recuperadas e um certo movimento que se mantém ao nível do comércio tradicional que na maioria das cidades está mais que moribundo; neste caso parece-me que em parte se explica por grande parte das chamadas marcas âncora (Salsa, Pull & Bear, Zara, etc.) ter "lojas de rua" e por não haver um número excessivo de grandes centros comerciais para uma cidade destas dimensões (aqui, pela negativa, recorro ao mesmo exemplo de Coimbra esmagada por Fóruns e Dolce Vita's.
Também uma restauração de qualidade situada no centro histórico garante uma certa animação nocturna. Claro que nada disto é suficiente para parar a desertificação do referido centro histórico mas, ao contrário de outras cidades, em Braga esta não é uma guerra perdida.
Por último, claro que na origem disto tudo, entenda-se do "desordenamento das cidades" está a passividade dos portugueses com a actual situação que deriva desse triângulo de interesses tão poderoso : "política/construção civil/futebol".
Nisso os bracarenses são iguais e tão portugueses como os demais.
Na Covilhã criámos um movimento de cidadãos (Movimento Cidadania Covilhã) para discutir estas questões e apresentar alternativas.Os movimentos de cidadãos não se pretendem substituir aos partidos (essenciais na democracia), nem têm a ilusão de resolver todos os problemas, mas podem ser um bom ponto de partida para canalizar este tipo de discussões. Existe algum em Braga?
existiu em tempos o Projecto Braga Tempo. esse movimento de jovens recem licenciados deu água pela barba ao mesquita, mas como tudo nesta cidade devem estar alguns orientados e outros que sozinhos nada conseguem. organizaram em tempo alguns debates e conseguiram reunir grandes nomes da aqrquitectura, geografia e engenharia. eram excelentes debates que terminaram. enfim foi uma pena...
ResponderEliminarO projecto BragaTempo derivou para Associação Velha-a-Branca. Ainda existem debates, e workshops sobre história, arte, literatura, etc, etc.
ResponderEliminarEu sou italiano, pasei o verao em Braga aonde a minha namorada està a trabalhar.Mesmo como estrangeiro adorei esta cidade, pela sua historia,o seu centro, a sua gente. Mas achei esacandaloso e horrivel os estragos causados pelo abuso de betao. E nao percebo uma coisa:todos se queixam, mas ninguem faz nada.O POVO TEM Q SAIR à RUA,tem q declarar toda a sua indignaçao.Aqui na Italia com coisas assim sentamo-nos a frente da acamara municipal atè q nos ouvem. E mudam as coisas.Na Italia construiram por vinte anos, agora estao a destruir. O estado pode espropriar um terreno e abati-lo se for construido sem planeamento urbanistico.Sò è preciso coragem..lembrem-se que sao voçes q podem decidir o que fazer do vosso bonito mas estragado pais.
ResponderEliminarCom afecto e esperança
Davide
é verdade pessoal... ta miseravel, so betao, so predios so lixo e dinheiro para o bolso apenas de alguns.
ResponderEliminara droga ta escondida ninguem a vê, mas existe aos molhos...
o Bragguinha tanto se fala tanto se investe e nada ganha..
Espaços verdes sim, Bom Jesus enquanto o tivermos sem betão, sem esquecer o Sameiro.
Coisas a fazer, Mesquita andamento daqui para fora, já não boto à muito tempo.
é o inicio, mts dizem desenvolveu, olha como a cidade ta... ok
mas digam lá nao podia ter feito melhor?
contai comigo para fazer barulho, spr presente, nasci e vivo aqui amo Braga.
1 medida andamento com o Mesquita