Bill Readings lançou em 1996 um livro com o sugestivo título de "A Universidade em Ruínas" ("The university in ruins"), apresentando "uma visão agónica da história recente de uma das mais importantes instituições da sociedade ocidental".
Desde então, a crise da universidade tem-se acentuado e os últimos sinais não são os mais animadores.
A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa promove, no próximo dia 21 de Março, um colóquio dedicado ao tema: Darwinismo versus Criacionismo. Onde começa e onde acaba uma teoria científica?
Estranho título. Estranha abordagem. Estranhas comparações.
Comparar Darwinismo e Criacionismo, colocá-los lado a lado, no contexto de uma Faculdade de Ciências Naturais é, mais que um equívoco, um erro grosseiro. Ainda que a comparação seja um mero exercício de retórica, não deixa de ser uma negação da ciência tal qual a conhecemos. A discussão sobre o Criacionismo, por se tratar de uma crença que não tem qualquer substrato científico, não pode fazer-se numa Faculdade de Ciências Naturais, muito menos no âmbito de uma discussão sobre "Onde começa e onde acaba uma teoria científica?".
Estranho o financiamento por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Penso que será o mote para uma discussão séria sobre o tipo de investigação científica que o erário público deve financiar. Estarão os doutos organizadores do Seminário a preparar um segundo acto: porque não confrontar a versão que ganha adeptos em África sobre a origem não infecciosa (mas comportamental) da S.I.D.A. com a teoria que atribuiu a sua etiologia ao V.I.H.?
A universidade pública dá assim mais um passo num caminho sinuoso que só a pode levar ao abismo. Ou será o advento de uma guerra da evolução à portuguesa movida por neoconservadores ligados às mais variadas correntes religiosas?
Via Renas e Veados e Blasfémias
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Estamos a entrar numa nova Idade Média, meu caro. Não é grave. É apenas inevitável.
ResponderEliminarSerá um colóqio deveras interessante. Colocar lado a lado uma teoria científica com um mito religioso! Para mais numa altura em que um dito museu (do criacionismo) vai abrir em Mafra (se não me falha a memória).
ResponderEliminarDeveras interessante...o retrocesso científico!
É a decadência total!
ResponderEliminarA Fundação para a Ciência e Tecnologia recusa apoiar projectos realmente científicos para apoiar crendices e obscurantismos!
Este movimento começou com os protestantes sulistas dos Estados Unidos. Parece que a vitória do "Sim" aqui está a arrastar os católicos mais conservadores pra estas águas turvas e pré-históricas.
JESUS ESTÁ VIVO HOJE E SEMPRE
ResponderEliminarEm breve o ME Português adoptará a postura cientifíca de ensinar lado a lado ( com o rigor científico exigível para tanto ) as duas teorias científicas
Já nada poderá deter a História