«António de Oliveira Salazar pode ter sido um bom economista, ter evitado a nossa entrada na 2ª guerra mundial, equilibrado as finanças públicas, e recusado a barbárie intolerável dos fascismos, deixando-se ficar por uma hipócrita autocracia ditatorial à portuguesa. Admito, mesmo, que se tem vivido noutro século da nossa História, talvez pairasse sobre ele um consenso universal, como sucede com Pombal e com muitos outros tiranetes que pululam pelos nossos embasbacados compêndios.
Sucede, porém, que António de Oliveira Salazar viveu e governou do século XX, e o país que nos deixou, ao fim de quarenta longos anos de poder pessoal absoluto, revelam-no como uma figura histórica menor, que não soube sair a tempo, nem encontrar soluções que viabilizassem, após o seu imenso reinado, o país.
Salazar não foi capaz de ler as lições do seu tempo, nem de interpretar devidamente a evolução do mundo em que viveu. Foi teimoso e persistente no erro. Não quis ouvir ninguém para além de si mesmo.
A História tratou de lhe negar razão, a ele que nem sequer cuidou, ao contrário de Franco, de encontrar um sistema que permitisse que o país sobrevivesse à sua morte. Não temos, por isso, grandes razões para lhe estarmos gratos.»
Rui, no Blasfémias
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Viva Pedro,
ResponderEliminarParece que as questões mais importantes são, mais uma vez, esquecidas. Salazar pode ter sido um mini-ditador, conforme os bons costumes portugueses de não assumirmos na totalidade nada, mas não deixou de ser um ditador que nos privou da democracia e da liberdade. Podia ter havido um milagre económico, não foi o caso, que continuava a não ter que lhe estar grato por nada. Esta perspectiva redutora da sociedade, em que o que importa são os números económicos, é o que faz as nossas sociedades continuarem a secundarizar valores mais importantes. O que podíamos dizer é que, para além de termos (eu e tu felizmente não) vivido privados da liberdade de expressão, de voto, de leitura, de movimento também, e este também está num segundo plano, também não vivemos anos de prosperidade económica (com excepção de alguns períodos em que, por dificuldades dos países com que nos comparamos, tivemos alguma convergência, logo seguido por outros períodos de acentuada divergência económica).
Abraço,
Ricardo, parece-me que nunca foi vontade de Salazar que Portugal lhe ficasse agradecido quando ele saísse de cena (o que fez tardiamente), nem tão pouco se curvasse perante a sua figura...
ResponderEliminarErgolas,
ResponderEliminarNão sei qual era a vontade de Salazar, só acho preocupante que seja a vontade de tantos portugueses branquear o Salazarismo.
Abraço,
Caro Ricardo,
ResponderEliminarO que escreves é o que sinto. Há uma inaceitável e preocupante tentativa de tentar branquear o Salazarismo. Por este andar dá-de vir um tempo em que será "baril" apreciar Salazar... Oxalá me engane.
Parte dos portugueses estão a ficar "loucos", admiram Salazar, é inacreditável.
ResponderEliminarÉ impressionante como ainda há gente que admire quem lhes maltrata. Isto, inevitavelmente, conduz-me à seguinte questão: será que a mentalidade portuguesa, ainda, está assim tão atrasada!? Parece mentira...
ResponderEliminarBoas.
ResponderEliminarO problema é que Salazar não foi mau para todos e é por isso que ainda há quem o admire.
Sinceramente enoja-me ver o seu nome entre os "Grandes Portugueses".
O que fez Salazar sair de cena, foi a sua própria doença e o facto de ter caido da cadeira! Aliás, é sabido que ainda antes de morrer, Salazar acreditava que ainda era primeiro-ministro! O que mais me mete nojo é verificar que os maiores defensores do ditador sejam a classe mais idosa, ou seja, a que viveu a ditadura!
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