Quando eu era pequeno achava que os advogados, os juízes e os magistrados andavam à procura da verdade. Com o tempo fui-me apercebendo do quão errado estava.
O Direito está a substituir-se à Justiça com todos os perigos isso representa.
Não é novidade para ninguém que a busca da justiça esbarra, demasiadas vezes, na astúcia de habilidosos profissionais pagos a peso de ouro para ludribiá-la. Não é novidade porque vivemos no país da Casa Pia, do Apito Dourado, da Gisberta e da Fátima Felgueiras. Não é novidade porque nunca vimos um juíz condenado por negligência. Não é novidade e tornou-se, perigosamente, num dado adquirido. Não temos um verdadeiro sistema de justiça e aceitamos isso com a mesma naturalidade com que vemos a Floribella.
A história do pai adoptivo de Torres Novas é apenas mais uma.
Tem mais projecção que as outras porque nos comove mais que as outras. Tem mais adeptos porque é mais fácil fazer dela um show mediático para alimentar os telejornais.
Mas o que verdadeiramente a distingue das outras é o clima de (quase) unanimidade que desperta. Porque nesta história, ao contrário das outras, não há nada em discussão para além do essencial: aquilo que entendemos melhor para aquela criança.
Nas outras, para além do que essencial, há o acessório. Seja o clubismo, seja o partidarismo, seja o transexualismo, seja a pobreza, seja a imigração, seja o bairrismo, sejam muitos outros -ismos que empancam este país.
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"Nas outras, para além do que essencial, há o acessório. Seja o clubismo, seja o partidarismo, seja o transexualismo, seja a pobreza, seja a imigração, seja o bairrismo, sejam muitos outros -ismos que empancam este país."
ResponderEliminarESTÁ TUDO DITO. OBRIGADO PELO TERES ESCRITO COM TANTA CLAREZA!
É assim Portugal. Mas nós gostamos.
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