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Maquilhagem da Educação

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© Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

É frequente o apontar do dedo dos educadores àqueles educadores que os precederam. Os professores universitários queixam-se que os alunos vêm mal preparados do secundário. Os do secundário queixam-se do básico e estes queixam-se dos pais. Quer se saia para o mercado de trabalho com a conclusão do ensino básico, secundário ou superior, as queixas aí centram-se geralmente na desadequação do ensino (muito "académico") em relação às necessidades do mundo real. Em bom português: ninguém sabe fazer nada quando termina o seu ensino, qualquer que seja o nível. Pode-se saber teoria e ter uma preparação de base, mas é um saber que só por si é disfuncional.

Timidamente se tem tentado reintroduzir o ensino profissional ou tecnológico a nível do secundário. Da mesma forma que algumas universidades começam a distinguir mestrados profissionais de mestrados científicos.

A par desta falta de ferramentas práticas, convém lembrar que Portugal é dos países europeus com mais elevada taxa (44%) de iliteracia funcional, não obstante os dados mais recentes já terem alguns anos.

Se o programa novas oportunidades tem os seus méritos, um dos seus principais efeitos é meramente estatístico, como poderá ser o alargamento do ensino obrigatório para 12 anos, se tudo se mantiver assim. A Educação necessita de uma grande reforma, que não se limite às infraestruturas e às tecnologias. Felizmente, parece haver alguma predisposição para isso. Mas esperamos para ver.

6 comentários:

  1. E pronto, eis-nos chegados a duas décadas de injecção de capital na formação profissional.
    Tanto dinheiro... tantas Oportunidades perdidas... é preciso Novas Oportunidades para, pelo menos, nos aumentar a competência estatística.

    Nota: não conheço nenhum país desenvolvido em que os salários sejam baixos. Presumo que não sejamos um país desenvolvido.

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  2. Dário,

    Nós temos baixos salários devido à baixa produtividade do factor trabalho, que por sua vez, é baixa devido à falta de qualificações.
    Esta situação permanecerá inalterada enquanto os sucessivos governos preocuparem-se apenas em despejar dinheiro nos centros de formação profissional, escolas e universidades, em vez da qualidade da educação nas mesmas.

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  3. A baixa produtividade não se deve (apenas) a baixas qualificações. Deve-se também à falta de capacidade de gestão. Nestes anos todos os portugueses que emigraram não eram os que tinham mais escolaridade mas são os mais produtivos. O grande mal da produtividade é que os empresários e gestores não têm estado a fazer o trabalho deles. A minha teoria é que o core-business destes gestores e empresários nunca foi a melhoria da produtividade; foi o esquema, a fuga à fiscalização, o projecto-hipérbole, a falsificação, a não-qualidade, a cunha e o nepotismo. Quando tiverem que trabalhar limpo para fazer dinheiro o resto virá por acréscimo.
    Por outro lado, hoje existe uma maioria de alunos em escolas profissionais e isso parece-me uma vantagem em termos de exigência.

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  4. E meritocracia, sabem o que é?

    É isto: é melhor fazer batota a perder.
    http://www.vidas.correiodamanha.pt/noticia.aspx?channelid=83C1118F-0A09-426D-88D0-7A0980DF951A&contentid=1DA71962-682D-417C-9CE6-1B99178564B3

    A questão da fruta descaroçada nada me diz, não espero outra coisa de uma juventude mimada.

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  5. Dada a qualidade média do que passa por ensino superior diria que há quase tudo por fazer.

    E convém dizer que a função do ensino também não é meramente técnica, é civilizadora e cívica (outro fiasco). Podem aumentar artificialmente a produção de técnicos e dr.s o quanto quiserem, a qualidade continuará a ser tão baixa (pelo menos enquanto não se levar a sério a exigência escolar e a diferenciação) que o titulo só irá servir de humilhação acrescida aqueles que o têm.

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  6. "todos os portugueses que emigraram não eram os que tinham mais escolaridade mas são os mais produtivos"


    E isto não acontecerá porque os que emigram são os mais robustos, os mais fortes, os mais corajosos?
    Só cá ficam os remediados e os menos fortes. Por isso é uma tragédia ver jovens formados em áreas de ponta partir para o estrangeiro, serão boa mão-de-obra para quem os recebe e que nada gastou na sua formação.
    Será coincidência todos as grandes potências mundiais serem, por definição, terras de mistura de gentes? - a começar pela França.

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