O problema é que tudo indica que o comportamento desta professora era comentado jocosamente em toda a escola e há muito que era já do conhecimento de toda a gente, incluindo do Conselho Executivo. [...] ninguém fez absolutamente nada, e foi preciso que uma aluna gravasse uma aula para que alguma coisa fosse feita [...] O problema é que tem mesmo de haver um sistema qualquer de avaliação de desempenho dos professores que de forma célere e eficaz distinga os bons dos maus profissionais: e que premeie os melhores e expulse os incompetentes. E, pelos vistos, também... os “perturbados”. [Luís Grave Rodrigues]
Eu comecei a escrever este post ainda em altura oportuna, mas devido às minhas obrigações académicas só me foi possível concluí-lo agora. Entretanto, o Luís Grave Rodrigues, que acima cito, postou sobre o assunto - post que, no geral, subscrevo.
Este caso é a prova cabal de que é necessária uma avaliação.
Uma qualquer avaliação é, certamente, melhor do que nenhuma. Professores, sindicatos e governantes: a avaliação já virá com décadas de atraso. Sejam responsáveis e cheguem a um consenso. A verdade é que uma avaliação provisória poderia ter resolvido este assunto há um ano atrás. Este pode ser um caso extremo, como lembra a Ministra, mas, mais ou menos graves, há problemas em praticamente todas as escolas - quer estejam em causa professores "incompetentes ou perturbados". Da mesma forma que existem professores excelentes, estes também andam por aí, livres e, aparentemente, quase todos impunes.
Nota: façam um favor ao mundo e às crianças, se elas andam três anos a dizer que algo se passa, então algo se passa. Não as tratem como idiotas, incapazes de pensar e seres, por natureza, mentirosos. O risco de eles "inventarem" histórias é tão grande como o de os adultos as inventarem. Não é por se ser Sr. Dr. que se é menos susceptível a "pancas" do que as outras pessoas.
Há muitas reformas que se fazem com a motivação de "agendas escondidas", pelo que devemos diferenciar o discurso dos objectivos reais. Na verdade há muito debate que se faz de uma forma completamente esquizofrénica. As partes em contenda sabem de que estão a falar de coisas diferentes, mas vão refutando "alhos" enquanto pensam em "bugalhos". A questão da avaliação é um desses exemplos. O ME não pretende um "um sistema qualquer de avaliação de desempenho dos professores que de forma célere e eficaz distinga os bons dos maus profissionais". Será que ainda há quem acredite que o objectivo é premiar os melhores e expulsar os incompetentes" ou “perturbados”?
ResponderEliminarE se antes de se fazerem estes juízos de valor...soubessemos a história completa? o blogger sabe?
ResponderEliminarPara quem não sabe fica aqui a gravação completa:
http://dn.sapo.pt/galerias/audios/?content_id=1238723&seccao=Portugal
Depois de ouvir talvez fiquem a saber melhor em que país vivemos!
Que grande tramoia
" há muito que era já do conhecimento de toda a gente, incluindo do Conselho Executivo. [...] ninguém fez absolutamente nada, e foi preciso que uma aluna gravasse uma aula para que alguma coisa fosse feita "
ResponderEliminarSubstituindo convenientemente ...
" há muito que era já do conhecimento de toda a gente, incluindo do **Banco de Portugal**. [...] ninguém fez absolutamente nada, e foi preciso que **dois bancos fossem à falência** para que alguma coisa fosse feita "
Bem, estaremos cá para ver se alguma coisa será feita. Tenho as minhas dúvidas.
O que me parece é que o estilo Vítor Constâncio está cada vez mais difundido...
Nada contra a avaliação. Mas porque é que um caso destes o leva a pensar que professores destes têm o direito de avaliar os outros? Acredite que haverá milhares de casos.
ResponderEliminarSou professor, e acredite. Por favor, avaliem-me. Mas não assim. Comentários destes só mostram que para o público em geral só passa a ideia de que os professores não querem ser avaliados. A culpa será, certamente, dos sindicatos. Mas defender este modelo de avaliação usando como justificação um caso que só comprova como ele será causador e potenciador de injustiças é simplesmente infeliz. Porque o caso daquela senhora não é um caso pontual: há muitos casos de falta de juízo por aí entre os professores (eu diria mesmo que é uma doença profissional) - e acredite que a maioria dos sem juízo (mas com alunos "porreiros" que não os encravam com gravadores) são agora titulares e vão ser eles a dar os excelentes e os muito bons da vergonha.
Volto a dizer: comentário infeliz porque parte de um preconceito quanto ao que é defendido pelos professores.
«E se antes de se fazerem estes juízos de valor...soubessemos a história completa? o blogger sabe?»
ResponderEliminarO que preciso saber, ela disse-o e o que ela disse não tem justificação possível. E nem sequer estou a falar das conversas sobre sexo.
É inaceitável que um docente coaja os alunos, que os ameace com más notas se disserem alguma coisa, que insulte os pais das crianças (e as próprias crianças) e as humilhe da forma que ela o fez e, aparentemente, o faz regularmente. É essa a história. É-me absolutamente indiferente que tenha sido (se o foi) provocada (como alegam). Não tem justificação ou desculpa possível.
Ah: e não tratem os professores como crianças. Se há décadas eles dizem que algo se passa, é porque algo se passa.
ResponderEliminar@ Anónimo
ResponderEliminarOlhe que esse comentário é bem mais válido para o que o sindicato defende do que para o Ministério... Mas sobre isso já tenho um post agendado.
@ Manuel Anastácio
Sim, também é verdade Manuel. :)
Tive um chefe que um dia me disse que "quando estivesse ché-ché" eu lho dissessse porque ele, provavelmente, não teria consciência disso...
ResponderEliminarNunca lho disse, não foi preciso, mas agora sou eu que digo a alguns dos meus subordinados o mesmo.
É preciso que hala alguém na estrutura que "avalie" principalmente o estado mental de um elemento e, por amizade ou pedagogia, faça qualquer coisa...
Pelos vistos a comunidade escolar sabia do modo de agir da professora e ninguém a socorreu...
Conheci um elemento da PSP que andava transtornado mentalmente, que agia como um louco em que se convertera e eu questionava:Será que a estrutura não vê o que se passa (a mulher dele ia fazer queixas da situação às chefias...)?
Ninguém lhe tira a arma e põe em serviços internos?Ninguém o fez e um dia matou-se com a arma de serviço...
Ninguém pensa noutra coisa senão em abordar o problema do ponto de vista disciplinar?
@ contra-corrente
ResponderEliminarConcordo consigo. O desejável teria sido que ela tivesse esse discernimento. Mas muitas vezes não é assim tão simples e é necessário esse olhar atento dos seus pares. Penso que estes têm uma boa dose de responsabilidade, por terem permitido que a situação se arrastasse durante tanto tempo.
Mas, quanto à professora em concreto, quer seja por via disciplinar, quer pelo tal estado "ché-ché", a solução será sempre o afastamento (nem que seja temporário). Sendo certo, contudo, que a via disciplinar trará outras consequências que poderão eventualmente ser injustas.
«Este caso é a prova cabal de que é necessária uma avaliação.»
ResponderEliminarEste caso é a prova cabal de que os pais estão mal informados sobre o papel da Associação de Pais, que nunca tinha ouvido falar de problemas com esta professora, nem da queixa das mães, e da DREN à qual as mães poderiam ter-se dirigido antes de optarem pela gravação, se realmente achavam que a escola estava a encobrir a professora.
Mas, se ouvir a gravação toda, percebe que a escola estava a lidar com o problema. Aliás a professora passa a aula toda a discutir o assunto, tentando intimidar os alunos e ameaçando-os.
Nada desculpa o comportamento abominável da professora (o resto da gravação comprova esse comportamento) mas é óbvio que não foi dada uma oportunidade ao sistema para resolver o problema. Dizer que foi preciso recorrer à gravação não colhe. Para além de ser ilegal, estamos a dizer às crianças que o sistema só funciona com base na denúncia mesquinha, o que não é verdade.
O comentário do Manuel Anastácio é muito acertado. A avaliação é urgente, mas, nos moldes em que está planeada, não resolverá estes problemas.
Este post pretende dizer que a avaliação dos professores teria resolvido/impedido este caso, esquece é que ECD promoveu muitas destas "perturbados" a profesores titulares. A verdade é que fala da Escola mas não a conhece. Aproveita este caso sem ir mais longe que a sua agenda.
ResponderEliminarQuando se mete um puto que só conhece a universidade a comentar dá nisto.
ResponderEliminar@ Tareja
ResponderEliminar«Mas, se ouvir a gravação toda, percebe que a escola estava a lidar com o problema.»Dá essa ideia, sim. Mas, pelo menos para mim, o problema é que já seria conhecido há 3 anos. A hipótese de resolução em tempo útil já teria, então, passado há muito tempo. Por isso digo que os seus pares - enfim, quem tem essa responsabilidade naquela escola - terão uma boa de responsabilidade.
@ Anónimo das 10:22
Não esqueço. Simplesmente não abordei neste post. Mais logo entrará outro post sobre o assunto. Mas já no passado escrevi sobre isto, noutro lado.
@ Anónimo das 14:05
Nesse caso imagino que irá ficar fulo quando vir o que vou escrever sobre o que o Miguel Portas defendeu hoje. :)
Se não se esqueceu sabe qual o papel que os professores titulares teriam modelo de avaliação avaliação do ME. É um caso em que se aplicaria o dito "pior a emenda que o soneto".
ResponderEliminarComo estudante universitária aceitaria que um professor o avaliasse com quotas?
A avaliação do ME não pretende melhorar a Escola, pretende apenas resolver um problema de tesouraria.
Não está em causa a opinião sobre a bondade/oportunidade da questão, não pudemos é fazer de conta que não sabemos.
Tal como Bolonha, cuja agenda escondida foi o financiamento, a avaliação, o ECD e quase todas as reformas deste ME tiveram uma preocupação semelhante.
Como aluno da Universidade do Minho devia saber o que valem as avaliações a pedido. Ser melhor não garante uma boa avaliação se o sistema estiver montado para dar outro resultado. Olhe para o exemplo do financiamento da UM. Será que em Dezembro vão voltar a fechar a universidade.
Pode não ser a sua intenção, mas o seu post parece uma utilização oportunista serviu-se deste caso para defender um sistema de avaliação errado. Se não foi esse o objectivo foi assim que muitos o leram.
Este sistema de avaliação jamais consegue (ou conseguirá) detectar o que quer que seja. Não está feito nem preparado para isso.
ResponderEliminarÉ pena que a atitude autista do Estado e a posição mercenária de alguns sindicatos tenham desperdiçado um momento ideal para se fazerem reformas necessárias.
Os professores querem um sistema de avaliação que promova entre todos a busca da excelência e não a castração da excelência e consequente desmotivação.
Um professor.