Por pretenderem extravasar, constantemente, as suas limitadas atribuições - de defesa dos direitos laborais dos docentes -, constituem um empecilho bem maior, na minha opinião, para os docentes e para a Educação, do que qualquer política que o Ministério da Educação, este ou qualquer outro, pretenda implementar.
Eu não confundo professores e as suas pretensões com o seu sindicato - tão politizado - e as suas pretensões. Não obstante este o afirmar, nada do que faz, fará, ou poderá sequer fazer será "pela Educação".
Os professores têm muitas razões de queixa, legítimas, quer relativamente a direitos laborais, quer relativamente ao sistema educativo em geral e todas as suas engrenagens. Têm queixas, mas também (boas) ideias, que só quem está no terreno diariamente pode ter. Ideias sem segundas intenções, sem jogo político, "pela Educação".
Para além do facto de qualquer veiculação de algo que não se encaixe em direitos laborais através do sindicato é uma veiculação ilegítima e absolutamente desadequada, muito dificilmente se pode considerar que a defesa desses direitos foi, nem sequer remotamente, boa.
De facto, o direito (sim, o direito e não a fatalidade, martírio ou chatice) de se ser avaliado foi defendido de uma forma inqualificável ao longo das últimas décadas (sim, décadas!). Esta (avaliação) é simplesmente inexistente. Não concebe, o sindicato, uma carreira assente no mérito. Para um sindicato será, realmente, mais tentador agarrar-se (continuar a agarrar-se) à ideia de que um emprego no Estado é um emprego para a vida, "garantido", com progressão pelo mero decurso do tempo. Enfim, não mexer no que estará "bem".
E será, sobretudo, por toda esta inércia sindical que vejo as suas reivindicações como uma mera reacção. Não houve iniciativa no tempo devido. A (contra-)proposta de um modelo de avaliação, que surge apenas no final desta década, defendendo um modelo diametralmente oposto ao do Ministério, tem, por essa razão, uma enorme dose de mera resistência e casmurrice (e existem professores com esta opinião).
Não nego que o Ministério da Educação tem sido igualmente casmurro e por vezes arrogante. A proposta não será perfeita, mas não faz sentido a sua rejeição completa, tal como defende o sindicato. O esforço de conciliação deve ser mútuo e recíproco.
Uma avaliação dos docentes produz efeitos muito para além dos laborais. Se uma das partes não está interessada (ou quando aparenta estar, apenas para aproveitamento político) nesses efeitos laterais e sistémicos, então será difícil (como tem sido) chegar-se a bom porto.
Os professores, enquanto classe necessitam desesperadamente de uma unidade (em vez da actual inconsequente dispersão associativa), de uma voz que tenha legitimidade para intervir pública e politicamente em aspectos extra-laborais, "pela Educação".
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O actual sistema de avaliação não passa de uma mera formalidade de um monte de papel. É um sistema que visa apenas a poupança de alguns euros.
ResponderEliminarEste sistema não detecta as minhas carências como profissional, nem aponta caminhos para eu melhorar. Que sistema de avaliação é este que não detecta os problemas? Como pode a educação melhorar se o tema central é a poupança de euros? Os nossos alunos vão melhorar com este sistema de avaliação? Não, nunca, "jamé"!
Como professor reafirmo a minha convicção que a avaliação é necessária, mas nunca com este modelo que só Portugal teima em usar.