«A Câmara de Braga respeitará as indicações que forem dadas pela Universidade do Minho sobre os vestígios arqueológicos romanos encontrados numa obra em curso na Avenida da Liberdade, revelou hoje o adjunto do presidente da autarquia. [...] Agora, e de acordo, com as indicações da autarquia, a Unidade de Arqueologia concordou em permitir o seu enterramento, com a opção de, um dia mais tarde, ser feita uma escavação mais ampla no local.» [Jornal de Notícias]
No dia em o PSD exigiu a divulgação permanente das descobertas sobre o templo romano, a Câmara de Braga imputa aos arqueólogos da Universidade do Minho a decisão de voltar a enterrar o templo romano de grandes dimensões que foi encontrado sob a Avenida da Liberdade. Torna-se cada vez mais evidente que o processo não está a ser conduzido de forma completamente transparente.
Convém lembrar que o assunto não é consensual entre os arqueólogos e que o próprio Luís Fontes defendeu a musealização do achado aquando da visita dos deputados municipais. Recuso aceitar que decisões tão importantes sejam tomadas num aparente contra-relógio eleitoral em que a posição da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho pode vir a ser interpretada como um mero aceno às «indicações da autarquia».
Porque é que Luís Fontes mudou de opinião? Ninguém sabe. E também ninguém sabe o que é que a musealização do templo representaria em termos de potencial turístico para a cidade nem que opções foram estudadas como alternativa em caso de suspensão definitiva da obra nem se o alegado acordo com os promotores imobiliários da requalificação do quarteirão do Correios pesou nesta decisão. O que está claro é que o executivo de Mesquita Machado pretende lavar as mãos, acusando a Unidade de Arqueologia de ter optado por enterrar o tesouro romano agora descoberto. Tudo está a ser decidido sem o necessário debate público, sem a audição de outros especialistas e fazendo tábua rasa das opiniões versadas por alguns dos mais conceituados arqueólogos nacionais.
O destino que lhe querem traçar é certamente melhor do que o que deram aos achados arqueológicos encontrados na Avenida Central e noutros pontos da cidade. Ainda assim, importa salientar que o primeiro compromisso dos arqueólogos é para com a sociedade, os contribuintes e a defesa do património histórico. A ideia que transparece é que a arqueologia está a perder mais uma oportunidade e, pior do que isso, que Braga está outra vez a hipotecar o futuro mal tratando o passado...
Até os arqueólogos vão no jogo da câmara... enfim!
ResponderEliminarEstes já têm tacho.
ResponderEliminarOnde estão todos aqueles que se apresentam como alternativa para os destinos de Braga?
ResponderEliminarDesconhecem a Acção Popular?
Reinventem o "Zé"!
Sejam consequentes...
O João Leite lembra bem a possibilidade de acção popular.
ResponderEliminarEu continuo a perguntar: o que é que, em concreto, entendem por musealização?
Transportar as ruínas para outro lado?
Construir uma qualquer infraestrutura para se "admirar" aquilo no local, ad eternum?
http://www.ipetitions.com/petition/SaveTheTemple/
ResponderEliminarEsta petição tem como objectivo, a criação de um movimento que visa a total escavação do local onde se encontra o Templo Romano, o Quarteirão dos CTT, assim como toda a zona de Intervenção afecta ao Prolongamento do Túnel.
Esta petição torna-se necessária uma vez que tal como em 1994, a decisão de não parar as obras parece estar tomada à partida. A suspensão temporária das obras, ou até mesmo o abandono ou modificação das construções previstas, tem que ser sempre uma alternativa face aos achados que forem encontrados.
As eleições que se aproximam não poderão ser o prazo máximo de conclusão das obras.
Uma vez mais, decisões egocêntricas demonstram-nos que o Sr. Presidente da CMB vê Braga como o seu reduto.
ResponderEliminarQueria a ampliação do túnel, e conseguiu iniciar a obra. Entretanto lembrou-se que era necessário arqueólogos e lá os arranjou para procederam ao trabalho.
Assim que se descobriu algo relevante para a cidade e agora que surgem manifestações de apreço pelo património, os arqueólogos dizem que o templo devia ser musealizado. Como isso poderia por em causa o túnel, então Mesquita dá um murro na mesa e diz "Chega de bincar às escavações" (titulo do Correio do Minho de 28.11.08). Ora aí está uma declaração bem democrática ao estilo da suspensão desta por 6 meses.
Mesquita Machado não se lembra que foi eleito pelos cidadãos e que os representa a estes e às suas vontades (logo, não manda neles, mas deve auscultar a cidade). Por isso imputa as responsabilidades na UAUM. Se os arqueólogos mudaram de ideias e deixaram enterrar os vestígios, então lembremos que não compete à UAUM dizer à CMB o que fazer. Eles apenas devem sugerir ao IGESPAR e esta entidade é que deve comunicar à CMB o que fazer.
Se há essa comunicação por parte da tutela, esperamos que ela seja tornada pública para termos a certeza que o processo está a ser conduzido legalmente.
A comissão especializada da Assembleia Municipal, aquando da visita aos achados arqueológicos, foi informada de que a solução para preservar os achados romanos será enterrá-los e esperar que seja elaborado, no futuro, um projecto que integre estes no património visitável da cidade. Isto passa por um grande projecto que obrigará o tráfego automóvel a passar num viaduto. Grande projecto que implica um investimento avultado.
ResponderEliminarJorge Faria
Pres. Com. Especializada da AM Braga
Caro Jorge Faria,
ResponderEliminarObrigado pelo esclarecimento. Na verdade, há uma incongruência entre o que está escrito nos jornais e o que o arqueólogo Luís Fontes terá dito. Aguardam-se novos desenvolvimentos nesta matéria...
De facto não foi em qualquer momento anunciado à Comissão da AM que os achados iriam ser soterrados de novo num prazo de duas semanas.
ResponderEliminarAntes pelo contrário, o arqueólogo Luís Fontes afirmou que se iria proceder a um estudo aprofundado do "templo" e que só depois disso seria recoberto, sendo opinião pessoal deste técnico que no futuro deveria ser musealizado in situ.
Nem entrarei aqui na questão do investimento avultado que refere o Jorge Faria, no exacto momento em que se está a prolongar um túnel, num investimento avultadíssimo sem qualquer premência, ou se está a construir uma piscina olímpica com tanque de saltos, ou se está a pagar um estádio que foi entregue a um privado, etecetera, etecetera...
Para fim de conversa, a decisão inopinada de esconder os vestígios é uma vergonha para Braga, e o presidente da Comissão da AM deveria partilhar essa vergonha em lugar de pretender justificar o acto lesa cultura.
João Delgado
deputado municipal do BE