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0830 Ponte Trajano, Chaves
© bridgink

Depois da classificação do centro histórico de Guimarães como Património da Humanidade, em 2001, desta vez a Câmara Municipal de Chaves anunciou a sua intenção de candidatar o núcleo da cidade flaviense a esta importante classificação mundial. Tendo em conta a diferença proporcional (mas não histórica) entre Braga e Chaves poder-se-ão deste facto retirar ilações em relação à forma como os cidadãos de uma e de outra cidade encaram o seu Património, ou do ponto de vista do qual as respectivas edilidades o observam.

Verificou-se nos últimos anos, em Chaves, um importante investimento na investigação e na preservação do património edificado da cidade, quer quando nos referimos ao castelo medieval, às fortalezas modernas de S. Francisco e S. Neutel, às construções urbanas civis que formam o núcleo histórico ou, actualmente em destaque, aos vestígios romanos de Aquae Flaviae. A condição de interioridade geográfica, com as dificuldades que lhe são inerentes, parece ter motivado a Autarquia e os habitantes de Chaves para um novo conceito de desenvolvimento.

Já em Braga, o desenvolvimento surgiu, nas últimas décadas, sob a forma do crescimento urbano oficialmente incentivado, alimentado por um intenso êxodo rural, para fascínio da tecnocracia e do cidadão deslumbrado com os prédios, as avenidas e os shopings. Adquiriu assim a cidade a classificação de "grande", para orgulho de alguns, mas felizmente não para todos. Mas Braga não foi só precoce em crescimento, foi-o também a nível do estudo do seu Património urbano, particularmente depois do surgimento do Campo Arqueológico, na década de setenta. Este estudo, o “Salvamento de Bracara Augusta”, colidiu por vezes com o referido crescimento da cidade. No entanto, os frutos resultantes da investigação arqueológica, ao longo de décadas de escavações, não foram em grande parte colhidos pelos cidadãos.

Esta situação verifica-se porque as zonas escavadas, raramente são conservadas e musealizadas, e quando o são, são muito pouco divulgadas e dinamizadas. Nem Bracara Augusta é, ainda, uma imagem de marca cultural, nem Braga tem as condições necessárias para seguir o exemplo de Guimarães e, agora, de Chaves.

4 comentários:

  1. Sem qualquer desprimor para quem abandona a sua terra para procurar melhor vida, penso que crescer muito à custa do êxodo rural confere a Braga não a condição de 3ª cidade mas de maior aldeia de Portugal. Só que é aldeia sem centro; sem adro. Fazendo do café o seu centro de convívio a conversa dominante é tudo menos a conversa duma cidade universitária. O pólo universitátio é só mais um dos guetos em que as vias rápidas esquartejaram o casco urbano e fica lá longe. A muitos viadutos e passagens desniveladas daqui...

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  2. Engraçado, essa é a ideia que tenho da Coimbra moderna...

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  3. Há que ter algum cuidado com o espalhar de certa demagogia eleitoral. A candidatura de Chaves parece-me muito mais para consumo interno. Em 2009 em Chaves também há eleições. Fazia muito bem a certos autarcas sair do seu umbigo. Acho muito bem que Chaves cuide e promova o seu património, mas é muito perigosos achar que uma candiadatura se "improvisa" assim.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_do_Patrim%C3%B3nio_Mundial_na_Europa

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  4. Caro Joca,

    Parece-me evidente, nesta fase, que o anúncio da Autarquia de Chaves tem uma função propagandística no que se refere à aproximação das eleições autárquicas. No entanto, uma candidatura a Património da Humanidade nunca deve ser considerada como "consumo interno".
    Se for a Chaves, poderá verificar o investimento feito nos últimos anos a nível da preservação e musealização do Património da cidade.

    Não me parece que esta candidatura esteja a ser improvisada, como referiu. Mas de qualquer modo, se não for feita, é a palavra da Autarquia que está em jogo, e os cidadãos podem, então, julgar os seus autarcas.
    Cordialmente

    Nota: Referi, por lapso, o ano de 1998 para a classificação do centro histórico de Guimarães como Património da Humanidade, tendo já corrigido o erro. De facto, a UNESCO procedeu à classificação em 2001. As minhas desculpas pelo engano.

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