O balneário pré-romano da Estação de Braga
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Um dos exemplos citados de uma musealização exemplar tem sido o monumento castrejo descoberto sob a Estação de Caminhos de Ferro de Braga, durante as obras de ampliação e remodelação, em 2003. Acerca do monumento arqueológico em si, existem várias designações comuns para o mesmo: “monumento com forno”, “balneário castrejo” ou simplesmente “estrutura de banhos”. E fundamentalmente, do ponto de vista meramente funcional, é do que se tratava, de um local usado para tomar banhos. A designação de “castrejo” ou “pré-romano” prende-se com o período em que estes edifícios foram utilizados, a Idade do Ferro (entre os séculos VIII e I antes de Cristo), o período que antecedeu a conquista romana do Noroeste da Península Ibérica, ao qual vários investigadores se referem como “Cultura Castreja” ou “cultura dos castros”.
Conhecem-se actualmente quinze monumentos deste género na região de Entre-Douro-e-Minho, além dos que se conhecem na Galiza, nas Astúrias e em Trás-os-Montes. São construções muito características das comunidades proto-históricas do Noroeste da península, normalmente associadas a um povoado castrejo. Estes monumentos eram usados para banhos de sauna e de água fria, um costume frequente na Idade do Ferro, descrito pelo geógrafo grego Estrabão.
No caso do balneário da Estação de Braga, encontram-se visíveis três compartimentos originais: um pátio descoberto, onde corria água em permanência; passando sob a porta temos uma antecâmara interior, com dois bancos corridos nas paredes laterais; restos da câmara de vapor parcialmente destruída, à qual se acedia pelo orifício de passagem aberto na “pedra formosa”, erguida na vertical. A estes três espaços juntava-se uma fornalha, que rematava o conjunto em abside. Nos tempos em que estes edifícios foram utilizados, a fornalha era usada para aquecer pedras de média dimensão (normalmente em quartzito). Estas, quando incandescentes, eram roladas para a câmara, e sobre elas se derramava água fria, que imediatamente se fazia em vapor. O ambiente fechado da câmara (que estaria soterrada) mantia o vapor no interior da mesma durante muito tempo. No exterior, onde normalmente se localizava um tanque, os frequentadores do balneário tomavam banho de água fria, após a sauna. Antes de entrar, haviam untado o corpo com óleo...
Uma descrição sintética e simplista, sem entrar em interpretações acerca deste procedimento, e de outras potenciais utilizações para o edifício, que actualmente apoquentam os arqueólogos...
Tantas vezes passo sobre ele e ainda não o visitei em condições...
ResponderEliminarExcelente texto! Parabéns.
ResponderEliminarEu nunca visitei o balneário da estação mas fiquei muito curioso...
- http://ocomboio.net/PDF/UMjornal-arqueologia-b.pdf
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