Os professores reuniram-se em Braga para protestar contra as políticas da ministra da Educação. O principal argumento é curioso. Admitem que o actual sistema educativo não funciona. Mas defendem que esta reforma só piora as coisas. Pelo meio, também dizem que não estão a ser ouvidos. Se a hipocrisia matasse...
Ainda sou do tempo em que os professores podiam chegar à sala de aula vinte ou trinta minutos depois do toque de entrada e faltar a um terço das aulas durante o ano por causa da morte do pai (o pai morria muitas vezes, mas o funeral acabava sempre a tempo de se assinar o livro de ponto). Sem avaliação e sem mecanismos de controlo, não se esperava outra coisa.
É curioso que a maioria dos professores que agora protestam admite estes problemas do sistema educativo. Admitem que não havia avaliação, admitem que o mérito não era premiado e admitem que um chico-esperto podia baldar-se para as aulas e receber no fim do mês o mesmo que o cristo de serviço. (Mas compreende-se facilmente a necessidade do chico-esperto de faltar às aulas: estava na rua a protestar contra o ministro da Educação da altura. Ser sindicalista cansa. Não tanto quanto trabalhar, mas mesmo assim ainda cansa um bocadinho).
Aliás, os professores admitiram esta cenário durante muitos anos. Nunca nenhum professor negou que fosse necessária uma reforma profunda deste sistema putrefacto. Queriam todos a mudança. Só não queriam aquela mudança em particular. «Aquela mudança» era toda e qualquer mudança que fosse proposta. Em abstracto, eram todos a favor de mudanças. Concretamente, a coisa ficava mais turva.
A reforma proposta pela ministra também não parece das coisas mais eficazes. Quem era bom professor está a perder o tempo que gastava a preparar boas aulas; e quem era mau professor não está tornar-se melhor. Só tem de encontrar mais artimanhas para não ser descoberto.
Eu não nego isto. Mas acho espantoso que quem foi conivente com a situação venha agora queixar-se de não ser ouvido. Durante anos os professores tiveram a oportunidade de apontar o dedo ao esgotamento de um sistema que não premeia o mérito e que abre as portas ao aproveitamento dos incompetentes.
Curiosamente, preferiram lutar por reformas aos 50 anos, progressões automáticas na carreira e salários que são um mimo. Os professores queixam-se de que não são ouvidos. Concordo, mas penso que erram no ónus da iniciativa. Pelo menos acerca disto, nunca se fizeram ouvir em tempo útil.
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A reforma é necessária, mas nunca nos moldes em que está a ser preparada. Se antigamente havia demasiada permissividade, esta reforma, ao contrario do que seria de esperar, nao vai melhorar o ensino, nao vai melhorar o ambiente nas escolas, e nem vai premiar o mérito do docentes nos aspectos que seriam de esperar.
ResponderEliminarSolidarizo-me com a luta dos professores, porque na altura necessária mostraram que a democracia ainda pode ser participativa, e que ainda é possivel uma classe mobilizar-se espontaneamente em torno de um objectivo.
«A reforma é necessária, mas nunca nos moldes em que está a ser preparada.»
ResponderEliminarÉ o nosso fado. A reforma é sempre necessária, mas nenhuma é boa o suficiente. A única reforma que parece reunir consenso é deixar sempre as coisas exactamente como estão.
«Solidarizo-me com a luta dos professores, porque na altura necessária mostraram que a democracia ainda pode ser participativa, e que ainda é possivel uma classe mobilizar-se espontaneamente em torno de um objectivo.»
ResponderEliminarNão é nada de mais. Se criar um imposto especial sobre as grandes fortunas também vai ver o Belmiro e o Berardo unidos e a mostrarem que «a democracia ainda pode ser participativa e que ainda é possível uma classe mobilizar-se em torno de um objectivo».
eu devo ser do seu tempo, romano, mas felizmente nunca tive que ver um professor apanhar porrada de uma mãe na porta da escola. e havia rufias, mas nunca vi nenhum cuspir na cara da professora.
ResponderEliminarnão sei quem tem razão, sei que nenhuma reforma valoriza aquilo para que serve a escola. e que devia ser não os professores, não os alunos, mas o conhecimento.
ps. mesmo assim, e ainda que fale, depressa e disfarçadamente, dos bons professores, parece que o romano embarca no discurso de "são todos uns calões, não fazem um cu e ainda se queixam". eu não sei a quantos kms está o romano dos filhos, mas se eu estivesse a 600 kms dos meus, a aturar um banho de ranhosos que me insultassem, a apanhar coças de pais bêbados e mães bestas, pode ter a certeza de que o meu pai ia morrer muitas vezes por ano (salvo seja).
Caro Sr. Romano.
ResponderEliminarÉ lamentável que demonstre tanta ignorância no seu texto. Antes de dissertar sobre um assunto, informe-se e só depois argumente. Certamente que estudou, aprendeu com bons professores e maus professores, como em todas as profissões.
Vou-lhe dar um exemplo de um erro grave desta ministra:
Pediu um esforço económico aos professores e congelou-lhes as carreiras. Sabe uma coisa, os meus colegas d0 10º escalão, que ganham muito bem e, muitos têm os vícios do antigamente, nada contribuíram para este esforço pois já não podem progredir mais! Lamentável, os que mais ganaham nada contribuíram. Concorda com isto?
Este post é de uma visão tão insenssivel e tosca que ate me arrepia. Pelo texto todo que li, parece-me que não faz a minima ideia das reformas propostas tais como o novo metodo de avaliação de professores, remunerações e dirigências de escolas.
ResponderEliminarSe tais comportamentos houve no passado (de notar que apenas nalguns espaços de ensino), não quer dizer que os professores tenham agora de baixar o nariz e dizer Amén a todas as propostas de remodelação.
Queria apenas finalizar com uma expressão sua que denota total falta de conhecimentos relativamente a este assunto: "Salários que são um mimo!?!?"
perdoe-me pela calinada no português. Insensível, mas talvez terá sido pela minha aprendizagem ter sido feita com um professor descontente com estas novas medidas!
ResponderEliminaro pedro romano começa-nos a habituar a textos que buscam toda a sua inspiração em conversas de mercado e de autocarro.
ResponderEliminarNão seria melhor informar-se antes de escrever o que quer que seja?
Em contrapartida os médico já tiveram o que queriam.
ResponderEliminarcontinua a balbúrdia com as faltas ao serviço, a chegada fora de horas e o respeito pelos utentes.
agora têm uma minsitra que também é médica e lhes vai fazer as vontadinhas.
esta classe profissional continua a ser o paradigma do monstro chamado funcionalismo público do tempo deo Eça.
É mesmo típico deste país...toda a gente fala do que não sabe. Toda a gente dá opinião sobre assuntos de que nada percebe. O que faz o Sr. Pedro Romano? Tem uma profissão exemplar...que tipo de avaliação tem?
ResponderEliminarExecrável é um termo forte, e que tal, lamentável!
ResponderEliminar" faltar a um terço das aulas durante o ano por causa da morte do pai (o pai morria muitas vezes, mas o funeral acabava sempre a tempo de se assinar o livro de ponto!"
Um bom exemplo.
eheh, vá, não digam mal do sr. dr...coitadinho, ele tirou um curso difícil, o mais difícil e valioso de todos, tem que mexer com tripas o dia todo e aturar velhas no centro de saúde, coitadinho...não podemos criticar a sua opinião sobre os professores, esses calões que andaram a tirar cursinhos fáceis, a brincar com miúdos e a divertirem-se à grande e à francesa de lá para cá pelo país!
ResponderEliminaralém disso, dá para ver que o sr. romano é uma pessoa dotada de uma inteligência extraordinária, um fantástico autodidata que nunca precisou dessa ralé execrável para se tornar o sr. dr. que hoje é!
Já começaram os comentários de sentido duvidoso (vulgo insultuosos)!
ResponderEliminarparece que o Sr. Pedro Romano atingiu muita gente desta vez...
ó contrário...creio que aqui o comentário de sentido duvidoso (não estou a ver que o "vulgo" de duvidoso seja insultuoso, mas tudo bem) começou no post.
ResponderEliminare se calhar o sr. dr. romano insultou muita gente que nem tem que necessariamente estar profissionalmente ligada à classe docente mas que nutre a única coisa que não se pede mas que seria elementar pedir: RESPEITO. ou devemos respeitar mais uns que outros? não sabia que havia profissões mais dignas que outras...
Mariana,
ResponderEliminarTens toda a razão. Não existem profissões mais dignas do que outras! Por isso explica lá, porque é que até agora os professores beneficiaram de progressões automáticas de carreira, ordenados elevados (sim são elevadíssimos, comparando com o que ganha um trabalhador de fábrica ou da mesma ordem) e total inexistência de avaliação ou de consequências dessa avaliação.
A reforma tem pontos negativos, não tenho dúvidas nenhumas disso. Talvez seja até um enorme ponto negativo. Mas tem pelo menos o mérito de pretender mudar alguma coisa num sector onde até agora vigorava um modelo retrógrado que convidava os profissionais a não se preocuparem com a qualidade do seu trabalho!
Talvez se tivessem havido alterações feitas mais cedo e até, quem sabe, propostas pelos próprios professores, não houvesse agora uma reforma feita à pressão e que atinge negativamente professores e alunos!
contrário:
ResponderEliminarisso dos salários dos professores comparados com os de um trabalhador de uma fábrica (não qualificado, presumo?) é que não estou a encaixar bem. pela mesma razão de ideias, os médicos também ganham muito e ninguém acha demais. o administrador da cgd ganha insultuosamente bem e não vejo nenhum ministro preocupado com isso.
os professores que ganham bem, admitâmo-lo, são cada vez menos, porque para tal têm que ter um horário completo. ora até terem um horário completo são bem capazes de andar anos e anos e anos a ganhar como o tal funcionário da fábrica não qualificado.
concordo que a progressão automática não seja sempre a mais justa, embora entenda a lógica (quem está há mais tempo sobe primeiro); o que acho inaceitável é que os professores fiquem com cada vez menos tempo para trabalharem além do elementar para as aulas, ou seja, que fiquem com cada vez menos tempo para formação - seja essa formação para aprofundar capacidades enquanto formadores, seja para aprofundarem o conhecimento da matéria, como os mestrados e doutoramentos.
Mariana,
ResponderEliminarPlenamente de acordo. Também os médicos andam bem abonados, não falando tal como referiste dos gestores de empresas públicas. E na verdade também poderíamos citar outros funcionários públicos como os que trabalham nos tribunais. Também nestas classes existem o que me parecem ser exageros salariais e desregulamento.
Acredito que tal, se deve essencialmente à falta de gente qualificada no país que existiu e em alguns casos continua a existir. Veja-se o caso dos médicos. Até há bem pouco tempo, o número de médicos era claramente insuficiente. Não é preciso ser economista para saber que quando a procura é muita e a oferta reduzida, os preços sobem! Isso também explica porque alguns médicos cobram 75 euros por consultas de 5 minutos que se resumem a conversa, em clínicas privadas. Com a subida do número de vagas em medicina que se tem registado, espero que a situação comece a mudar!
Espero sinceramente que, num futuro próximo, haja coragem política para mexer também com estas classes e pôr um pouco de ordem na casa. Infelizmente, não tenho dúvidas que, se isso acontecer, novas polémicas e manifestações se seguirão!
Os estilo de escrita de Pedro Romano, é bem característico de quem há pouco tempo chegou ao mercado de trabalho. Devaneios de juventude...
ResponderEliminarDe facto, a avaliação dos professores é necessária, pois é injuto que todos os professores, independentemente das suas competências atinjam o topo da pirâmide.
No entanto, a proposta de avaiação em curso, não premeia a competência, antes pelo contrário.
Devido ao sistema de quotas, um mau professor numa escola pode passar a professor titular, bem como um bom professor noutra pode não o conseguir. Existe uma multiplicidade de critérios.
Outra injustiça, prende-se com a avaliação inter-pares: um professor com o grau de licenciatura, pode avaliar outro com o grau de mestre. Um professor que não goste do outro, pode prejudicá-lo através de uma avaliação tendenciosa.
A atribuição das colocações às câmaras municipas, vai certamente levar ao compadrio tão enraizado nestas instituições.
Onde é que está a justiça?
Eu não tenho medo das avaliações, já estou habituado a tal. Já fui avaliado por júris nacionais e internacionais para progredir na carreira, mas nunca fui avaliado por um júri com graduação académica igual ou inferior à minha.
Como tal, estou solidário com esta luta, os professores têm que ser avaliados, mas não pelos critérios que estão a ser postos em prática.
Caro pedro romano, partilho exactamente da mesma opinião, com um ou outro rodeio de língua. E demagogias à parte, naquela de que todos são bons e só alguns é que são maus, venha o exemplo da minha terrinha, nos meus tempos de primária: aulas metidas todas de manhã para as professoras (naltura tudo mulheres - coisas do estado andrológico) para as mesmas gozarem as tardes, no mel do funcionarismo público. Interesse pedagógico? Hmm, tenho dúvidas, porque a pedagogia era de testa no quadro e comentários a roçar o preconceito puro e salazaróide. Apre, coisas de sistema herdado d'altura do Senhor de Santa Comba.
ResponderEliminarPara quando um sistema de avaliação dos médicos com participação activa dos doentes dos pais dos doentes, caso os primeiros sejam menores, das autarquias, e demais agentes da comunidade hospitalar.
ResponderEliminarQual a diferença entre Educação e Saúde?
Há "Deuses" nos Hospitais, mas também "Diabos".
Porque não, JMF? Nunca fui contra. É uma condição para a excelência. Só não confunda o caro com o Conselho Geral (ou lá como se chama que não me lembro de momento). Mas a nível de saúde comunitária, já me fartei de o defender, os doentes, utentes, autarquias e afins deviam exigir mais e participar mais activamente nos serviços de saúde e nas suas políticas para a comunidade. :)
ResponderEliminar"Ainda sou do tempo em que os professores podiam chegar à sala de aula vinte ou trinta minutos depois do toque de entrada e faltar a um terço das aulas durante o ano por causa da morte do pai (o pai morria muitas vezes, mas o funeral acabava sempre a tempo de se assinar o livro de ponto). Sem avaliação e sem mecanismos de controlo, não se esperava outra coisa."
ResponderEliminarO sr. Pedro Romano nunca conseguirá, mesmo que queira, arranjar um qualquer cargo político. Falta-lhe jeito para mentir. Nunca li um chorrilho de disparates deste tamanho!
Suponho que a sua passagem pela escola não tenha constituido, para si, uma experiência, nem positiva, nem agradável, dado o rancor que manifesta em relação aos professores. Não se tratando de nada disto, só me resta aventar a hipótese de o Sr. Pedro Romano ter frequentado a escola em pleno PREC. Tempos complicados...
Ao ler o post dá a sensação de que se está a falar de uma profissao de previlegio-os professores. Pena que o post seja escrito por um médico, a classe mais previlegiada deste pais, a classee dos que não se coibem a fazer negócio com a nossa saúde. Que vão a congressos (passeios) à custa daquilo que gastamos para nos curarmos, que nem a gasolina pagam pq os medicamentos lhes dão senhas. Como diz um amigo meu, do meu povo: "Não escupas para o ar que o escupe cai-te na boca".
ResponderEliminar«eu devo ser do seu tempo, romano, mas felizmente nunca tive que ver um professor apanhar porrada de uma mãe na porta da escola. e havia rufias, mas nunca vi nenhum cuspir na cara da professora.» - Mariana
ResponderEliminarLogo?...
«É lamentável que demonstre tanta ignorância no seu texto. Antes de dissertar sobre um assunto, informe-se e só depois argumente.» - Anónimo
Podia começar por seguir o próprio conselho e trazer um argumentozinho para a discussão.
«Se tais comportamentos houve no passado (de notar que apenas nalguns espaços de ensino), não quer dizer que os professores tenham agora de baixar o nariz e dizer Amén a todas as propostas de remodelação» - Anónimo
Pois não. Só não têm moral para dizer que não são ouvidos quando tiveram 30 anos para se fazer ouvir.
«o pedro romano começa-nos a habituar a textos que buscam toda a sua inspiração em conversas de mercado e de autocarro.» - Anónimo
E o pedro romano começa a habituar-se a comentários sem um único argumento. Para desconstruir textos inspirados em conversas de mercado, não devia ser difícil.
«O que faz o Sr. Pedro Romano? Tem uma profissão exemplar...que tipo de avaliação tem?» - Anónimo
Se eu for um limpa-latrinas o meu texto tem mais razão do que se eu for um médico ou um advogado?
«além disso, dá para ver que o sr. romano é uma pessoa dotada de uma inteligência extraordinária, um fantástico autodidata que nunca precisou dessa ralé execrável para se tornar o sr. dr. que hoje é!» - Mariana
Eu disse isso no texto?
«De facto, a avaliação dos professores é necessária, pois é injuto que todos os professores, independentemente das suas competências atinjam o topo da pirâmide (...) Como tal, estou solidário com esta luta, os professores têm que ser avaliados, mas não pelos critérios que estão a ser postos em prática.
» - Raul Rodrigues
O Raul Rodrigues solidariza-se com os professores por achar que estão a ser prejudicados mas é incapaz de se solidarizar com os contribuintes que durante 30 anos foram igualmente prejudicados.
É esta a hipocrisia que eu ataco no post. Se os professores estivessem tão preocupados com a educação como estão com o próprio bolso, tinham denunciado a situação em tempo útil.
Mas estiveram sempre mais interessados em impedir qualquer reforma do que em propor atacar o problema e encontrar a solução. Percebe agora a relação entre a conivência de ontem e a hipocrisia de hoje?
«Para quando um sistema de avaliação dos médicos com participação activa dos doentes dos pais dos doentes, caso os primeiros sejam menores, das autarquias, e demais agentes da comunidade hospitalar.» - José Manuel Faria
Como diz o Vítor, e porque não?
«O sr. Pedro Romano nunca conseguirá, mesmo que queira, arranjar um qualquer cargo político. Falta-lhe jeito para mentir. Nunca li um chorrilho de disparates deste tamanho!
» - Pedro Leite Ribeiro
Pode começar por elencar os disparates e explicar por que é que são disparates. Parece-me que o jeito do Pedro Ribeiro para argumentar é semelhante ao meu para mentir :)
«Ao ler o post dá a sensação de que se está a falar de uma profissao de previlegio-os professores. Pena que o post seja escrito por um médico, a classe mais previlegiada deste pais» - sou-do-contra
E ao ler o comentário dá a sensação de que o sou-do-contra não faz ideia de quem sou ou do que faço e que por isso diz asneira.
caro sr. romano:
ResponderEliminarcontra argumentar com interrogações retóricas absolutamente vazias como "Logo?..." ou "Eu disse isso no texto?" anula logo à partida qualquer hipótese de debate.
se os professores são agredidos e isso não tem importância para si, lamento, para mim qualquer agressão contra alguém deve ser salientada. uma profissão mais sujeita a desrespeito e agressões deve ser alvo de atenções e cuidados. o chocante é ver que ninguém se importa que ser professor se esteja a tornar um risco... e poucos se importem com isso.
e não, o sr. romano não diz no texto, VERBALMENTE, que é um autodidata genial. diz apenas, e cito:
"Ainda sou do tempo em que os professores podiam chegar à sala de aula vinte ou trinta minutos depois do toque de entrada e faltar a um terço das aulas durante o ano por causa da morte do pai (o pai morria muitas vezes, mas o funeral acabava sempre a tempo de se assinar o livro de ponto)"
ora isto supõe que o sr. romano teve muito pouca fortuna com os professores que apanhou ao longo do seu percurso académico. isto só pode querer dizer duas coisas: ou o sr. romano é um génio que superou as contrariedades e, contra os professores, vingou nos estudos ou que pegou num exemplo, que até pode nem se ter passado consigo, e o generalizou para uma classe inteira. a isso chama-se mentir. ou é tudo retórica para parecer que tem razão?
agora venho aqui dizer que sou do tempo em que os médicos do hospital s. joão faziam crianças de 5 anos esperar 2 horas por um termómetro e as mandavam para casa com meningite por diagnosticar. LOGO, todos os médicos são uma vergonha e negligentes e andam sem avaliação, com as costas quentes por uma ordem que lhes garante o seu estatuto social. é a mesma lógica que a sua, ao dizer que no seu tempo os professores eram uns baldas. só que, já agora, o caso que usei como exemplo até é verdadeiro, e a criança fui eu. os negligentes foram uma equipa inteira de médicos. e com o sr. romano, quantos professores seus tiveram o pai (não terão sido os dois?) a morrer mais do que uma vez por ano?
Ao senhor pedro romano gostaria de dizer, já que se mostra tão defensor das reformas, que na educação, outra coisa não têm feito os nossos preclaros ministros, do que "reformas"; começaram as reformas com o Roberto Carneiro, ou ainda antes, com o Augusto Seabra, e veja ... de reforma em reforma, onde é que chegamos!
ResponderEliminarAh, mas não há dúvida... esta é que é a BOA!
CS
Caro Pedro Romano.
ResponderEliminarReferiu que:
««É lamentável que demonstre tanta ignorância no seu texto. Antes de dissertar sobre um assunto, informe-se e só depois argumente.» - Anónimo
Podia começar por seguir o próprio conselho e trazer um argumentozinho para a discussão.»
Sou o anónimo a que se refere.
O meu argumentozinho está a seguir ao parágrafo que transcreveu. Refiro-me ao congelamento da carreira onde os que mais ganhavam nada contribuiram! Acho que leu... Isso não é um argumento?
Disse também que era apenas um exemplo. Se quiser dou-lhe outro:
O Ministério dividiu os professores em duas castas, os titulares e os "suplentes". Os titulares, os professores com maior autoridade, não são necessariamente os professores mais capazes. Eles avaliam os outros e muitas vezes não têm competências para isso! Discordo! Protesto! Acho que posso?!
Pelos vistos o Sr. é médico. Imagine que durante anos trabalha com um colega que demonstra menos conhecimentos do que o Sr. Suponha que esse colega sempre foi um par seu, nunca um seu superior. Suponha ainda que um dia sai uma lei a dizer que esse Sr. vai ter de o avaliar porque é mais competente do que você, apenas porque está há mais tempo no local de trabalho! Concorda?
Suponha ainda duas instituições de saúde cada uma com 10 médicos. O governo tira da cartola uma lei que diz que os médicos têm de ser avaliados e apenas 2 de cada instituição poderão obter uma boa classificação. Suponha que numa instituição existem 5 médicos bons e 5 maus. Na outra existe 1 bom e 9 maus. Nesta situação 3 médicos bons da 1a instituição iam ser considerados satisfatórios e um mau médico da 2a instituição ia ser considerado bom!? Concorda?! Posso continuar, se insistir...
Mariana,
ResponderEliminar«se os professores são agredidos e isso não tem importância para si, lamento, para mim qualquer agressão contra alguém deve ser salientada.»
Eu não estou a discutir os prós e os contras de ser professor. Isso é o jogo da Mariana.
Eu estou a discutir a razão dos professores que dizem que não foram ouvidos acerca das reformas, quando tiveram 30 anos para se fazerem ouvir e preferiram actuar como forças de bloqueio.
«ou o sr. romano é um génio que superou as contrariedades e, contra os professores, vingou nos estudos ou que pegou num exemplo, que até pode nem se ter passado consigo, e o generalizou para uma classe inteira»
Se ler bem vai ver que eu não generalizo coisa nenhuma. Eu não digo que os professores faziam isto ou aquilo. Digo que podiam fazer, se quisessem.
Isso é que era a perversão do sistema. Um professor poder baldar-se enquanto o colega se esforçava e chegar ao fim do mês e ganhar o mesmo. Não era só a ineficiência. Era a injustiça.
Eu já tinha a sensação de que as pessoas comentavam os meus posts logo que acabavam de ler o primeiro parágrafo. Agora constato que mesmo quando lêem até ao fim a ideia principal custa a entrar :)
Caro anónimo,
«O Ministério dividiu os professores em duas castas, os titulares e os "suplentes". Os titulares, os professores com maior autoridade, não são necessariamente os professores mais capazes. Eles avaliam os outros e muitas vezes não têm competências para isso! Discordo! Protesto! Acho que posso?!
»
Pode. Mas espero que entenda que não tem autoridade moral para dizer que não foi ouvido para a elaboração do novo regime caso tenha passado 30 anos a impedir qualquer alteração do regime anteriormente vigente.
«Pelos vistos o Sr. é médico»
Para além de não ter lido bem o post, também não deve ter lido o meu último comentário ;)
«O governo tira da cartola uma lei que diz que os médicos têm de ser avaliados e apenas 2 de cada instituição poderão obter uma boa classificação. Suponha que numa instituição existem 5 médicos bons e 5 maus. Na outra existe 1 bom e 9 maus. Nesta situação 3 médicos bons da 1a instituição iam ser considerados satisfatórios e um mau médico da 2a instituição ia ser considerado bom!?»
E agora suponha que uma nova lei exige que todos os médicos - bons e maus - terão de obter boa classificação. Acha aceitável?
Eu acho curioso que os professores achem que o novo sistema é injusto mas tenham passado bem com o anterior, que além de injusto era insustentável. É esta hipocrisia que eu critico no post.
Caro Sr. Romano
ResponderEliminar«Eu acho curioso que os professores achem que o novo sistema é injusto mas tenham passado bem com o anterior, que além de injusto era insustentável. É esta hipocrisia que eu critico no post.»
Mas quem disse que o regime anterior era correcto? Queremos mudar mas para um mais justo e isso só se pode fazer ouvindo os professores e negociando com eles!
«Queremos mudar mas para um mais justo e isso só se pode fazer ouvindo os professores e negociando com eles!»
ResponderEliminarOs argumentos não mudam, mesmo quando já tiveram resposta. Ainda não percebeu que isso é que é hipócrita?
Os professores tiveram 20 ou 30 anos para se fazerem ouvir e negociar. Mas a única coisa em que ocuparam o tempo foi a reivindicar os «direitos adquiridos».
Nunca ouvimos sindicatos a dizer que a progressão automática nas carreiras era insustentável e injusta, por exemplo. Conviveram sempre bem com o problema e quando alguém o trazia a lume o máximo que faziam era dizer que admitiam o problema mas que a reforma proposta também não era perfeita.
Nunca propuseram nada para mudar a situação. Limitaram-se a servir de força de bloqueio. E agora dizem que não foram ouvidos. Pudera: se quando são ouvidos, ouve-se sempre a mesma coisa...
«Os argumentos não mudam, mesmo quando já tiveram resposta. Ainda não percebeu que isso é que é hipócrita?»
ResponderEliminarCom o máximo respeito, não percebi.
«Os professores tiveram 20 ou 30 anos para se fazerem ouvir e negociar. Mas a única coisa em que ocuparam o tempo foi a reivindicar os «direitos adquiridos».»
Tivemos 20 ou 30 anos? Não acha correcto que um governo fale e negoceie com os seus parceiros sociais quando faz alterações profundas no seio de uma classe profissional? Nas democracias isso é normal!
Gostaria que se pronunciasse em relação aos exemplos concretos que lhe dei.
Percebo que não concorde comigo, pois sou professor. Gostaria de convidar todos vocês a visitarem, por exemplo, o meu local de trabalho (existem muitos outros) e verem com os próprios olhos o trabalho que se faz com os miúdos. Podem falar com eles e podem perguntar o que pensam dos seus professores. Gostaria que fossemos avaliados dessa forma!
Obviamente que há muitos professores que são maus profissionais, mas isso há em todo lado!
Um abraço.
«Tivemos 20 ou 30 anos? Não acha correcto que um governo fale e negoceie com os seus parceiros sociais quando faz alterações profundas no seio de uma classe profissional?»
ResponderEliminarNão está a perceber. Os professores passaram os últimos 20 anos a impedir esse diálogo. Não propuseram uma medida que fosse. Limitaram-se a bloquear todas as que foram propostas.
Como é que é possível que uma classe que durante 20 ou 30 anos fez do combate a qualquer reforma o seu cavalo de batalha venha agora dizer que quer ser ouvida na discussão de uma nova reforma?
«Tivemos 20 ou 30 anos? Não acha correcto que um governo fale e negoceie com os seus parceiros sociais quando faz alterações profundas no seio de uma classe profissional?»
ResponderEliminarNão está a perceber. Os professores passaram os últimos 20 anos a impedir esse diálogo. Não propuseram uma medida que fosse. Limitaram-se a bloquear todas as que foram propostas.
Como é que é possível que uma classe que durante 20 ou 30 anos fez do combate a qualquer reforma o seu cavalo de batalha venha agora dizer que quer ser ouvida na discussão de uma nova reforma?
Só hoje li o post e não podia concordar mais. Quem por lá passaou sabe como aquilo era. Sabe que o status quo tresanda. Muito há a dizer contra o protesto profissional que se avizinha, contra a verdade de muitas informações (sobre a política) que têm saído. E questiono-me sequer se os professores leram isto:
ResponderEliminarhttp://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/ME/Comunicacao/Outros_Documentos/20080306_ME_Doc_Avaliacao_Professores.htm
Mas, sobretudo isto: ttp://www.min-edu.pt/np3content/?newsId=314&fileName=decreto_regulamentar_2_2008.pdf
De qualquer forma, acabei por achar melhor fazer um post dedicado ao assunto, pois acabo por me referir a outros pontos que não são abordados aqui e são-no noutro lado: http://ohnaoehagora.blogspot.com/2008/03/sobre-os-professores-um-grande-equvoco.html