A notícia que reproduzo ao lado consta da edição de anteontem (04.01.2008) do jornal Diário do Minho. O texto foi integralmente copiado (gralhas incluídas) de um post publicado dois dias antes no blogue Avenida Central.
Hoje o jornal esclarece que «A notícia sob o título “Braguistas no Top 5 Mundial dos adeptos mais vibrantes”, publicada na edição do Diário do Minho de 4 de Janeiro de 2007, foi transcrita, na íntegra, do blogue http://avenidacentral.blogspot.com/2008/01/adeptos-mais-vibrante-do-mundo.html»
Assim. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. Sejamos claros: o Diário do Minho plagiou um texto por inteiro. A mim não me causou grande prejuízo para além do incómodo de me obrigarem a saber que é assim que se enredam alguns dos textos que lemos nas mais insuspeitas publicações. O jornal repôs a verdade, é um facto. Mas fê-lo com uma naturalidade que incomoda. Como se plagiar um texto por inteiro fosse o mesmo que confundir uma data ou trocar um apelido. Como se o texto não tivesse um autor. Como se o blogue não tivesse um nome. Como se o plágio dispensasse o acto de contrição.
Nesta sociedade de valores incensados de sobranceria, a fraude, a cópia, o plágio e a falta de profissionalismo tornaram-se banalidades perigosamente comuns e aceites. Se este é o exemplo que queremos dar aos mais novos, então sou eu que peço desculpa pela insistência. Se este é o contrato que aquela instituição tem com os leitores, talvez seja melhor repensarmos o jornalismo em Portugal.
Importa salientar que o Diário do Minho é um jornal com excelentes profissionais que, com toda a certeza, estarão envergonhados com o sucedido. Também eles devem saber que, depois de notificar o Director do jornal, guardei silêncio sobre esta matéria durante mais de 48 horas, acreditando numa resposta institucional à altura do sucedido. Perante o que todos puderam ler, fica o esclarecimento.
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Desculpa lá, mas o Diário do Minho é tudo menos uma "publicação insuspeita". É suspeitíssima, culpadíssima aliás, só não é é condenada, que quem tem a benção da igreja tem tudo, é melhor que ter um padrinho da Camorra ou da Cosa Nostra.
ResponderEliminarSem comentário possível.
ResponderEliminarÉ o estado em que estamos :P
João Torres
O teu primeiro texto na imprensa e o editor nem lhe toca. É de ficar orgulho, Pedro :)
ResponderEliminarAgora a sério, aconteceu uma coisa parecida (mas muito menos grave, claro) a uma editora do Público há algum tempo. Desconfio que é muito mais comum do que o que parece. E dava uma bom tema de investigação para uma tese de mestrado: quantas peças jornalísticas são um copy-paste puro e duro daquilo que se passa na blogosfera.
de ficar orgulhoso, naturalmente.
ResponderEliminarIria dizer, por motivos óbvios, "estupefacto". Não o digo porque não estou, infelizmente, tão admirado quanto deveria.
ResponderEliminarComo já escrevi, em tempos, há quem escreva pela pena dos outros. E, desculpa-me a sinceridade verbal,tenho pena que a minha classe profissional recorra a métodos tão dúbios.
«Como se o texto não tivesse um autor. Como se o blogue não tivesse um nome. Como se o plágio dispensasse o acto de contrição.»
ResponderEliminarCom este post em concreto não é assim tão... Digo isto porque também há aqueles casos em que não se copia algo que é baseado noutra fonte. Que é o caso: tu fazes a referência à UKFootball mas não fazes uma menção expressa (apenas através de hipertexto - o que não conta, propriamente) da tua fonte; também não sentiste necessidade de fazer referência ao Record e muito bem.
Claro que noutro post também fazes referência à "cópia" que o Record terá feito. Mas o que tu fizeste foi idêntico. Até porque a informação disponível não era muita, também te limitaste a repetir a informação do Record mas por outras palavras.
Concordo contigo, que o Diário fez uma cópia integral do teu texto e isso é censurável (apesar de não tão grave quanto outras situações). Podiam ao menos, refeito o texto. Mas no caso do Record, não há necessidade nenhuma de referir o blog. A fonte original é a UKFootball. Dizer que o Record plagiou o blog seria o mesmo que dizer se uma notícia fosse escrita numa língua e depois noutra e depois noutra, se teria de fazer referência, como fonte, a todas elas, o que tornaria as coisas ridículas.
Fizeste dois posts sobre o mesmo assunto. Neste acertaste, no anterior nem por isso. Nem sequer são situações comparáveis.
Plágio é crime e é punível por lei.
ResponderEliminarDiversas pessoas já perderam o emprego, outras enfrentaram processos no tribunal por muito menos.
O Diário do Minho é já um habitue em cópias integrais de notícias, quer de blogs quer de outros sites informativos da região.
ResponderEliminarGrave também é que ninguém se tenha interessado em averiguar da veracidade da notícia. A notícia é uma invenção, a revista "UkFootball" não existe. Em Londres, de onde voltei este sábado, ninguém a conhece, nem mesmo nas grandes lojas de publicações.
Caro Jam,
ResponderEliminar1. Uma hiperligação é uma citação.
2. Plagiar um texto é coisa distinta de utilizar uma informação.
3. Nos blogues é possível linkar, mas quando cito um texto ponho entre aspas.
4. Nos jornais, a única forma de colocar as fontes é referi-las. O Record errou por isso. O Diário do Minho errou por tudo o que fez.
Cumprimentos,
PM
O trolha que dirige o SCB pensa que no meio disto tudo deve haver um engano! A dita revista estaria a referir-se aos nossos vizinhos de duas caras.
ResponderEliminarcom jornalistas a serem pagos a 500€ a recibos verdes, a não serem pagos pelas horas feitas à noite, acaba por ser "natural" plagiar blogs e outros sites. infelizmente, porque acabam por dar razão aos sr. directores para continuarem a ser mal pagos, uma vez que para fazer copy paste, qualquer um faz o trabalho...
ResponderEliminarcírculo (ou ciclo??) vicioso que começa na formação ( conheço casos de alunos cujas monografias de final de curso são cópias inteiras de textos encontrados na net) , passa pelas redacções e respectivas direcções... (o acordo ortográfico já está em vigor?? eu vou continuar a por os CC e os PP...)
ao menos que paguem uns trocos aos bloggers que escrevem e deitem fora os maus jornalistas.
para finalizar, ainda há dias vi - num blog - a notícia que "os jornais estão a morrer". com plágios, morrem mais rápido.
abraço.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarDe mentira em mentira até à verdade final!!
ResponderEliminarToninho Regadas
Fico triste com esta situação, Pedro. Ainda por cima, o Director do jornal é um padre e isto despristigia um jornal que é propriedade da Igreja.
ResponderEliminarO jornalismo precisa de uma volta de 180 graus.
Beijinhos.
«1. Uma hiperligação é uma citação.
ResponderEliminar2. Plagiar um texto é coisa distinta de utilizar uma informação.»
1. Uma hiperligação é uma citação só para quem a souber ver. A referência só existe se lá clicares; se vires o código fonte da página; ou se, eventualmente, o browser permitir ver para onde direciona a hiperligação.
2. e 4. Foi exactamente isso que eu disse, na comparação entre o caso do Record e o do DM. O Record utilizou informação. A fonte é a UKFootball. Não tinha nada que fazer referência ao blog (se é que foi a partir daí que tomaram conhecimento da informação). O Record referiu a verdadeira fonte, por isso não errou em nada. Só essa fonte é que interessa (Se tu leres uma citação num livro, vais fazer uma referência ao livro original ou ao livro que o cita?). O DM, como disseste e como eu também disse, errou em tudo.
Querem mais bons exemplos de bom jornalismo: vejam em http://absurdo.wordpress.com/2008/01/07/um-jornalista-com-dois-heteronimos/.
ResponderEliminara fonte seus pseudo intelectuais a fonte"ukfootbal" nao existe a revista nao existe se axam o contrariu proven-no!!!
ResponderEliminaro senhor que disse "os nossos vizinhos de duas caras" quem tem duas caras sao os braguistas que sao benfiquistas e bracarenses nas horas vagas os vossos vizinhos so tem uma cara e um clube!!!
Caro jam,
ResponderEliminarQuanto ao que prguntaste «(Se tu leres uma citação num livro, vais fazer uma referência ao livro original ou ao livro que o cita?)» deve esclarecer que citas o livro que leste e nunca o livro que lá vem citado. Ok?
«deve esclarecer que citas o livro que leste e nunca o livro que lá vem citado. Ok?»
ResponderEliminarO que me choca nisso é que tenhas passado 6 anos na Univ e nunca tenhas reparado que é precisamente ao contrário.
Meu caro jam,
ResponderEliminarA ver se nos entedemos. Da bibliografia devem constar as obras ou artigos que leste e não as que terceiros leram por ti. Assim sendo, se alguém cita outrém, deves citar quem leste referindo que está a citar um terceiro. Se não fazes assim, lamento desapontar-te mas estás a cometer um erro de citação.
Cumprimentos,
PM
Só agora soube que a notícia está baseada num facto falso. A revista muito simplesmente não existe. Como foi aqui que li a notícia vim cá confirmar esse facto. Fico na dúvida se o autor do blog ainda não se deu conta desse facto. Partilho do seu descontentamento sobre o plágio de um jornal a um post deste blog, mas sendo falsa a notícia não deveria também o blog informar desse facto? Este blog se transmitiu uma informação errada foi porque a leu errada no Record. Mas eu li-a aqui. Se está errada deveria confirmar aqui esse facto. Até porque este blog parece ser muito exigente com a ética jornalística de terceiros.
ResponderEliminarCaro anónimo (12.28),
ResponderEliminarCom certeza que não tem acompanhado o blogue com a devida atenção porque a veracidade da notícia já aqui foi posta em causa.
De qualquer modo, apenas posso atestar a falta de veracidade quando a fonte que uitilizei desmentir a notícia. Aguardemos que o jornal Record o faça.
Cumprimentos,
PM
Então será a tua opinião. Mesmo ao longo do texto, sem ser nas bibliografias, nunca vi uma situação como a que descreves: um diz que disse.
ResponderEliminarE mesmo que exista, não é tanto uma questão de estar errado, porque não virá um grande mal ao mundo; é uma questão de ser absolutamente desnecessário, já que interessa a fonte original.
Caro JAM,
ResponderEliminarDesconheço a sua formação, mas notam-se algumas lacunas em matéria de metodologia, direitos de autor e ética!
Lamento, mas o Pedro Morgado tem toda a razão. Não pode citar ou incluir na bibliografia o que não leu. Isso são referências secundárias ou indirectas.
Tal como é desonesto “recolher” as ideias e os textos dos outros, também é desonesto dar a entender que se leu um livro ou um artigo quando isso não aconteceu.
Para além disso, é muito arriscado. Se fizer um exercício de confirmação das citações vai verificar que muitas delas estão incorrectas, quer no que respeita à tradução, quer na referência ao número da página.
Em relação à metodologia, especialmente na área das citações, depois de ir a http://pt.wikipedia.org/wiki/Referência_bibliográfica, onde pode ver a referência à norma portuguesa, recomendo-lhe uma visita, por exemplo, a http://old.comunicacao.uminho.pt/cur/mi2/m2_normas_ref_bibl.pdf .
Existe mesmo uma palavrinha usada para estas citações em que se leu uma referência e não a obra original: Apud.
Pode encontrar a explicação em http://pt.wiktionary.org/wiki/apud . E também pode ver uma abordagem mais detalhada sobre a forma como se deve usar, por exemplo, em http://www.silviamota.com.br/direito/apostilas/idemibidem.htm
Ainda em relação à atribuição das fontes, é reprovável sermos “chicos espertos” na apresentação da informação. Não é a toa que na blogosfera, quando queremos fazer referência a algo que nos interessou mas que vimos noutro blogue, pomos “via xyz”.
Imagine que um blogger traduz uma entrevista de inglês para português. Acha que o trabalho dele não merece referência? Pela sua lógica é chegar, copiar em português e fazer referência à versão original...
Caro Pedro Morgado
ResponderEliminarDe facto não acompanho o blog, pelo que não sei onde o Pedro questionou a veracidade da notícia.
Reconheco a argúcia dos seus argumentos, ainda que isso nem sempre chegue. A inteligência nem sempre é suficiente. Pelo que entendo, mesmo que comprovadamente a informação que retirou de uma fonte seja falsa, ela só será por si desmentida se a fonte a reconhecer como tal. Eu reconheceria o erro de outra forma.
Como sei que se interessa por cultura deixo-lhe uns curtos versos de Fernando Pessoa:
"Eu tenho ideias e razões
Conheço a cor dos argumentos
E nunca chego aos corações."
Caro anónimo,
ResponderEliminarO erro está por demonstrar. Se conseguir fazê-lo, agradeço.
O Pedro acredita na existência revista?
ResponderEliminarEsta situação já nem me interessa pelo tema, mas apenas como exemplo.
Um jornal citou uma revista que não existe, aparentemente acreditando numa informação que não confirmou e, mais uma vez aprentemente, lida num fórum. Um blog deu eco da notícia do jornal, referindo também a revista inexistente. Outro jornal plagiou o blog. O segundo jornal reconhece o plágio. A notícia e o plágio agitam os leitores do blog. Outros blogs demonstram a sucessão de erros. O Pedro faz o que entende.
Acima de tudo, esta questão interessa-me como indicador da qualidade da informação das edições electrónicas dos jornais. Assim como uma demonstração que os blogs são meramente opinativos. O que não é mal nenhum. O erro é quando se querem transformar em informativos.
Exmo. Senhor Pedro Morgado,
ResponderEliminarFui confrontado, com perplexidade, com um comentário efectuado no seu blogue, por um senhor que se intitula 'Ricardo Gomes' e que não tenho o prazer de conhecer. Trata-se de um comentário altamente ofensivo da minha honra e dignidade pessoais e profissionais, que calunia e enxovalha sem escrúpulos. Assim, vejo-me forçado a solicitar, ao abrigo das disposições que regulam a própria emissão de opinião neste espaço - «Os comentários são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Qualquer comentário não assinado cujo conteúdo seja considerado ofensivo será removido» - que remova o mesmo comentário e que tenha a gentileza ou solicite ao autor que a tenha, de se identificar convenientemente para que lhe possa mover o competente processo judicial, dando-lhe a oportunidade, no local próprio, de provar e fundamentar as baixas e desprezíveis calúnias e mentiras produzidas.
Atentamente,
Rui de Lemos