Agradável do ponto de vista gráfico e excelente em termos conteúdos, Ócio é um blog que merece todo o destaque. O autor tem apenas 18 anos, mas revela uma extraordinária sensibilidade cultural. É uma pedra no charco de águas insalobres em que está transformada a cultura minhota.
Guimarães, um passo mais à frente, tem aqui uma ferramenta cultural importante. Enquanto que o que se tem em Braga é pouco mais que mais do mesmo. A blogosfera bracarense é um deserto. A dinamização cultural quase se esgota na Velha-a-Branca e no Theatro Circo. Além disso, há o Feira Nova com o seu carnavalesco Festival de Verão e os desfiles do Cabido na Semana Santa. Tudo o que mais existe vive-se entre Morangos e Floribelas dentro de gaioladas paredes de betão.
As bibliotecas fecham cedo. As universidades também. Os museus são pouco dinâmicos e, por norma, monotemáticos. O Theatro Circo cumpre a sagrada pausa dominical, a ponto da tarde de domingo bracarense ser uma condenação ao vazio cultural que nos inflingem. As ruas do centro transvestem-se de cidade fantasma durante toda a noite, sete dias por semana. Não há espaços verdes. O Parque Norte não foi mais que mais uma promessa não cumprida. O Parque da Ponte é um antro. O Monte do Picoto só conhece ervas e abandono. O Parque da Rodovia vai-o sendo, mas por quanto tempo? Ficamos entregues às rodovias. Por onde se passeiam os cães lado a lado com veículos que, freneticamente, vão cruzando animais e peões a uma velocidade média de 100 km/hora. E ainda temos os labirintos onde, por entre prédios, vamos descobrindo o céu.
Não temos menos do que merecemos.
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Em relação a Braga tens toda a razão, a cidade é um deserto constituído por betão. Mas, em vez de nos queixar, poderíamos tomar iniciativa para mudar o cenário. Não podemos fazer tudo de uma vez, se começamos por dar um pequeno passo e depois crescer, pode ser que atingimos o nosso objectivo: tornar a cidade mais verde, matar os patos bravos, dinamizar a nossa cultura e não a estrangeira, separar o trigo do joio, ou seja identificar e criar zonas residenciais, industriais, comerciais, entre outros, projectar uma cidade em que nós bracarense poderemos finalmente dizer "É bom viver em Braga", e não como o presente O caos urbanístico.
ResponderEliminarExcelente análise Pedro.
ResponderEliminarDe facto, "não temos mais do que o que merecemos", como muito bem diz. Afinal "nós" é que os colocámos no poleiro e os temos vindo a manter. Criou-se em Braga uma espécie de administração monolítica com a terrível particularidade de ser legitimada por uma democracia que se contradiz naquela que deveria ser uma sua característica intrínsica: o dinamismo que advém da alternância do poder político. Os bracarenses não correm riscos, não assumem a mudança, são medrosos, receiam a democracia ainda e, efectivamente, parece que nunca a tiveram. Sentem-se felizes com a "oferta" de uma piscina, de uma estrada a cortar vizinhanças, de um pavilhão gimno-desportivo ou de um estádio caríssimo, pouco visitado e que em nada contribui para o desenvolvimento do País. Safa-se o Theatro Circo...
ResponderEliminarQuanto ao e-zine Ócio, Excelente!
De facto a transitabilidade permitida pelas práticas rodovias tem um custo, bem referido aqui no seu texto.
ResponderEliminarQuanto ao facto das universidades fecharem cedo, foi uma questão que levantei por diversas vezes quando estudei na UM. Porque não facilitar aos alunos (sobretudo em época de exames)um espaço na universidade - biblioteca ou um dos CP's - para poderem estudar noite a dentro em grupo? É isto que acontece em quase todas as faculdades do Porto, em qualquer outra universidade.
Caro jcnunes,
ResponderEliminarDisse-o numa reunião em que o Reitor da Universidade estava presente.
Lutei por isso, mas a lista que apoiava perdeu a Direcção e portanto não pode concretizar os seus projectos.
Não foi possível. Os mais novos que o façam.