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A Semana Santa de Braga

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© Pedro Guimarães
© Pedro Guimarães

Conhecida como cidade dos Arcebispos, Braga é tradicionalmente palco de grandiosas celebrações religiosas, capazes de inebriar os espíritos mais cépticos. Na Semana Santa, a cidade recebe as mais imponentes e exuberantes celebrações católicas do país, atraindo turistas de toda a parte do globo.

Representando a fatia mais significativa do Turismo Religioso que aflui à cidade, as celebrações da Semana Santa têm sido uma oportunidade para o desenvolvimento da economia local. Cientes destes factos, os promotores das celebrações têm apostado no enriquecimento do programa e no aprofundamento da sua divulgação. A edição de 2008 conta com um portal online acessível em www.semanasantabraga.com.

A Sexta-Feira Santa acolhe a mais fantástica das procissões. Enquanto a procissão não passa, entretém-se o tempo com a conversa do costume e, qual abstinência, comem-se pipocas embaladas pelo castelhano verborreico que se ouve em cada esquina. Por entre a solenidade, há, curioso eufemismo, o desfile das autoridades civis. E há o alvoroço quando vêm os cavalos. E a chiadeira tinhosa das crianças trazidas para a festa a contragosto. Aos seminaristas, coitados, chegam os mais inusitados piropos. Comentam-lhes as feições e inventa(ria)m-lhes pecados. As narinas empestam-se-nos de incenso e os olhos fartam-se dos sôfregos flashes, numa orgia dos sentidos a lembrar os escadórios do Bom Jesus.

Os farricocos são ícone emblemático da tradição bracarense. Descalços, percorrem a cidade para anunciar o «Enterro do Senhor». Mais tarde, voltam a calcorrear as calçadas para alumiar o cortejo fúnebre, condimentando um cenário que se quer lúgubre para a convidar à introspecção.

Ironia das ironias, o «Enterro do Senhor» volta a passar junto à estátua fálica que tanto prurido tem causado entre alguns agitadores do burgo. É a vida.

2 comentários:

  1. Muito bom texto Pedro. No teu melhor. Mostra-se nele como tu és bom nestas coisas de escrita quando és despretensioso e sobretudo quando não estás condicionado pelo anti-religioso primário. Parabéns

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  2. Excelente texto... mesmo bom. Mas se não gostas dá ao desprezo.

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