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[ComUM] Não estivéssemos em Portugal...

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No dia 29 de Novembro, realizou-se a Prova Nacional de Seriação que permitirá aos médicos recém-licenciados escolher a sua especialidade. Como se o ridículo do formato do exame não se bastasse a si próprio, ainda existem inúmeras perguntas com mais do que uma solução e outras tantas que acabam anuladas por imprecisões e erros científicos graves. [...]

Não estivéssemos em Portugal, terra em que o chico-espertimo é assumidamente virtude, e um inquérito estaria em marcha para apurar a extensão da fraude denunciada pela ANEM. Não estivéssemos em Portugal, e as consequências seriam muito severas para os alegados prevaricadores. Não estivéssemos em Portugal…

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4 comentários:

  1. Alguém me dizia há uns anos que não temos nada que inventar nestas coisas . Noutros países e realidades diferentes os métodos de avaliação pós-licenciatura estão definidos há muitos anos.
    Vejamos:
    Um exame de ciências básicas;
    Cada candidato propõe-se a estágio de especialidade no centro de referência que muito bem entende;
    Só entra quem mostra curriculum, capacidade, vontade e "queda";
    Sofre a bom sofrer e é tratado abaixo de escravo, mas aprende;
    Dedica-se exclusivamente a esta procura do saber;
    Quando tem o grau e reconhecimento é especialista e vai à vida;

    Como se poderá implementar um sistema destes em Portugal quando poucos centros de referência temos, as trapaças são mais que muitas (pelo que se vê), toda a gente quer dinheiro e reconhecimento mesmo antes de trabalhar, os filhos dos senhores (mesmo os que estiveram na republica checa)querem tudo só para eles, os colégios de especialidade são um faz de conta, ect. etc.

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  2. Não sei se tem razão, mas se acha que há fraude, não hesite, apresente queixa à Procuraduria Geral da Républica que eles irão Investigar.

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  3. Concordo plenamente com o comentário do "regadas".

    Acredito que (para além de ser frustante não poder seguir a especialidade que se quer) o problema das especialidades é um dos factores que mantem a Medicina Portuguesa (entenda-se praticada em Portugal) como está...má!!!

    Talvez seja mais correcto não falar na Medicina Portuguesa, mas sim na Assistência Sanitária Portuguesa.

    Sou muito crítico com os governos (actual e anteriores) sejam eles os principais partidos ou os PFCs (Partidos Faz-de-Conta).
    Não consigo entender, por mais que tente, como se pode pensar em fazer obras (que logicamente nos levam para o desenvolvimento...ninguém pode negar, mas...) como 10 estádios de futebol para o euro2004 (1 por milhão de habitantes), segundo aeroporto para a Capital, TGV e por ai fora, quando não estão assegurados os valores básicos da pirâmide dos valores.

    De forma fácil de entender, esta pirâmide começa na sua base, por ter a saúde e os alimentos como os bens necessários para a sobrevivência, duas coisas básicas à Vida na Terra (Humanos e restantes seres, animais ou plantas).
    No escalão seguinte podemos encontrar a educação, a cultura e a formação pessoal, coisas bem mais próprias do ser humano e que nos distinguem dos restantes seres terrestres.

    Assim, não entendo como se pode falar de milhões com a mesma forma fácil de que se fala de grãos de areia numa praia.
    Arrepia-me a maneira dos "politicos" (politicos são os que realmente fazem politicas e reformas justificadas e necessárias que nos levam adiante e não os busca-votos portugueses) de falar em "isso custará 500 milhões de euros" ou "algo como 150 milhões de euros, mais 200 milhões e mais..." quando eu penso que com esse dinheiro se podem construir hospitais de ultima geração, com os melhores métodos diagnósticos, investigação translacional (na sua verdadeira definição) e que realmente "forneça" o valor saúde à população Portuguesa para que junto com a educação, se vá subindo na pirâmide até que o máximo de valores esteja satisfeito.

    Realmente custa-me...e muito.

    Gostaria de estalar os dedos e tudo se alterasse mas...por enquanto ainda não se consegue fazer isso...

    Sem as bases, qualquer pirâmide acaba por cair.

    Mas o meu comentário versa sobre o exame e o processo de escolha da Especialidade.

    Permitam-me que me apresente:
    Frequento o 6º ano de Medicina em Santiago de Compostela, país onde me sinto muito à vontade, muito bem recebido e ao qual devo a possibilidade de realizar o meu sonho de estudar Medicina.

    Este ano, candidatei.me a uma bolsa de estudo do Ministerio de Educación y Ciencia e por isso, enquanto estudo, faço investigação básica e clinica no Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina de Santiago e no Serviço de Cardiologia do Hospital Universitario de Santiago.
    Estes ultimos 3 anos (4º, 5º e 6º) tenho-os dedicado à Cardiologia, especialidade médica que sonho, e espero, conseguir fazer.

    Aí é que está o problema...ao contrário de muitos estudantes de Faculdades de Medicina Portuguesas (que têm, no último, um ano profissionalizantes) tenho no 6ºano 10 exames entre os quais Neurologia, Farmacoterapia, Radiologia Clinica, Preventiva, Medicina Legal, Dermatologia, etc.
    Em todos eles tenho que ter no minimo 6,5 (na escala espanhola de 0 a 10) o que equivale a 13 valores portugueses para passar esses exames (nas faculdades espanholas, rara é a disciplina em que para passar baste um 5 ou 6).
    Além disso, tenho o ano ocupado até Julho de 2007, altura em que depois de tratar de toda a burocracia para vir fazer a especialidade em Portugal (a Pátria é sempre a Pátria), poderei começar a estudar finalmente para o exame da especialidade.

    Todos estes factores limitam o estudo e o tempo para dedicar a um exame que corra bem ou mal, ditará o meu destino até que me reforme (se na minha altura se passar para os 70, faltam-me 45).

    Imaginemos que, por muito bem que corra, acerto em 90 perguntas das 100 do exame (excelente resultado) e fico nos 50 primeiros a nivel nacional.
    Como em Portugal há excesivos Cardiologistas (na opinião de alguns ministros e afins...em Braga e na Avenida Central é só cardiologistas a pedir esmola...tantos que eles são!!!) abrem apenas umas 12 vagas de Cardiologia por ano para 10.000.000 de habitantes (muitas mesmo...) e portanto pode o destino roer-me a corda e ATIRAR-ME para uma outra especialidade que não me agrada em absoluto ou PIOR, para a qual não tenho tanta vocação e "queda".

    Sim, sim, já sei...podem uns dizer que o médico é na mesma médico seja em que especialidade for, mas não podemos ver a Medicina dessa maneira. A Medicina actual, tende não a uma especialização, mas sim a uma sub-especialização. O que quer isto dizer???

    Quer dizer que, "num exemplo perfeito" um doente que tenha uma arritmia e possa ser tratado por um cardiologista que é subespecialista em arritmias, que realiza 4000 procedimentos por ano, que tem umas taxas de recurrência e complicações minimas, etc. deve ser atendido por esse médico e não por um cardiologista geral.

    Poder-se-ia falar, até, em Cardiologistas Gerais...

    O problema é ainda maior se esse doente for entregue a um médico que, "atirado sem querer/sem gostar" de cardiologia (graças ao exame) lhe prestar uma assistência "frustrada" visto não se essa a sua área de especializaçao, para a qual teria certamente mais vocação.

    Isto leva apenas a que a atenção ao doente, que se pretende a melhor possível (ou não???) não passe muitas vezes de mediocre e um "frustração" para o médico.

    Bem...esta é uma das minhas humildes opiniões...acho que não vale a pena bater mais na tecla...

    Espero as vossas opiniões sobre este assunto.

    Parabéns Pedro, pelo Blog e pelo Prémio Bolg.

    Mário Rui Gonçalves
    marioruig@gmail.com
    www.cibeme.com

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  4. Mário: sinceramente não penso que o número reduzido de vagas para internato de cardiologia esteja apenas relacionado com o facto que apontas. Creio que não há capacidade formativa no país para muito mais do que isso, se queremos ter uma formação em cardiologia (ou qualquer outra especialidade) de qualidade. E este é que é o verdadeiro drama: não há forma de treinar condigna e eficientemente tanta gente em tantas especialidades diferentes, não servindo de todo os interesses do país. Olhando para o mapa das vagas, torna-se chocante como muitas das vagas em certos locais necessitam de complementos de formação noutros hospitais.

    E é por estas e por outras que a maior parte das pessoas que conheço não tem uma escolha fixa numa só especialidade (especialmente nas que acabam no 1º dia de escolas)... ;)

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