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O Tâmega

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Imagens raras, senão mesmo únicas, da Linha do Tâmega em 1976 e 1986, recolhidas por Bob Lennox Docherty. A Linha do Tâmega é a expressão viva (morta?) do que nós, portugueses, somos ou fomos, capazes de não-fazer. Na sua totalidade, esta via férrea percorreu quase 52 km nas margens do rio Tâmega, unindo a Livração-Caldas de Canavezes (Linha do Douro) ao Arco de Baúlhe, passando também por Amarante, Mondim de Basto (ainda que na margem oposta) e Celorico de Basto. A Cabeceiras de Basto nunca viria a chegar nem nunca se ligaria à Linha de Guimarães, vinda de Fafe, nem subiria nunca a Ribeira de Pena e à Linha do Corgo (em Vila Pouca de Aguiar ou Vidago). Foi a via férrea portuguesa que mais tempo demorou a ser construída: depois de longos anos de intenções, chegou a Amarante em março de 1909, a Celorico em 1932 e ao seu terminus provisório, Arco de Baúlhe, em 1949. Quarenta anos para 52 quilómetros. E foi também a via férrea portuguesa que resistiu menos tempos ao ares da modernidade: em 1990 o troço Amarante-Arco viu partir os últimos comboios.

Três dias depois do seu centenário, o troço sobejante foi temporariamente encerrado por alegadas razões de segurança. A montante de Amarante, todo o canal ferroviário será transformado numa pista para bicicletas que há-de chegar ao Arco, dizem. Quanto aos antigos projectos de expansão da Linha do Tâmega, a ligação a Fafe e a Espanha por Chaves faz-se agora a bordo de duas auto-estradas, a A7 e A24, a primeira paga a peso de ouro e a segunda "gratuita".

8 comentários:

  1. eu moro mesmo enfrente a uma das estações pertencentes a esta linha, já no troço Amarante - Celorico de Basto. o encerramento deste troço provocou um enorme incomudo na população. Hoje espero pela tão falada ecopista que espero não demore. Parabéns pelo artigo.

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  2. Para quem conhece a região até dá vontade de chorar..

    Fernando

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  3. Aqui das margens do Vouga, enviamo-vos um abraço solidário. Conhecemos bem essa história, com todos os pormenores sórdidos, que também foi usada no encerramento da linha do Vale do Vouga.Até a "compensação" da pista para bicicletas é igual. Uma única receita, para um único fim: acabar com a opção ferroviária, sacrificada a interesses de efeito...mais rápido.

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  4. Imagens muito bonitas, que nos evocam a nossa infância. Pena que os nossos autarcas e governantes tenham uma visão do desenvolvimento regional do tamanho de um alfinete, olhando cada um para o seu próprio umbigo e para interesses meramente pessoais, sem uma visão de desenvolvimento conjunto. Este quadro comunitário de apoio que vai até 2014, seria uma grande oportunidade para lançar projectos de desenvolvimento corajosos, ainda que fosse somente ao nível turístico, como tem acontecido em muitos países europeus em que se revitalizaram linhas férreas, com o apoio de fundos estruturais da europa. O horizonte de desenvolvimento de autarcas como o de Cabeceiras, e Celorico não vai além de umas bicicletas a rolar em cima do que foi outrora uma linha atraente e bonita.

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  5. Muito triste o que fizeram a esta linha e ao povo da região.
    Infelizmente o povo continua a aceitar tudo isto como se fosse normal e aceitável.

    Ecopistas são apenas tentativas desesperadas para apagar em definitivo da memória aquilo que deveria ter sido uma aposta em todo o país.

    Por mim, ecopistas destas, NUNCA.

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  6. Parabéns pelo blog e pelo post. Nós somos de Cabeceiras e também gostaríamos de ver os políticos locais, porque sem esperança com os nacionais, terem um pouco mais de imaginação do que simplesmente "fecharem" o que não dá um lucro imediato... Falta de visão estúpida infelizmente. Continuação.

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  7. Ainda se lembram de quem era o primeiro ministro nestes anos em que se começou a dar a facada final nestas linhas?????

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