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Uma Ministra a Mais [3]

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Pela sua teimosia, Maria de Lurdes Rodrigues continua a incendiar a escola pública. Além do governo e da marioneta política que preside à Federação das Associações de Pais, não há ninguém com bom senso que apoie a obstinação da Ministra. A situação está perto da ruptura e o bom senso recomendaria a suspensão do processo de avaliação e substituição da Ministra como única via possível para pacificar a escola pública.

É inegável que a situação criada por Maria de Lurdes Rodrigues está a colocar todos os alunos da escola pública em preocupante desvantagem relativamente aos que frequentam colégios privados onde imperam a paz e a motivação dos docentes. E, nestas matérias, nunca há uma segunda oportunidade para quem vê os momentos de aprendizagem violentamente degradados pela teimosia política, pela arrogância e pelas pulsões autoritárias da Ministra e do Governo.

O Governo ainda não proferiu um único argumento em defesa deste modelo de avaliação dos docentes. Pelo contrário, a habilidade discursiva de Sócrates e seus companheiros assenta no ataque repetido aos críticos como via única para impor as posições do governo. Hoje foi o dia em que Marçal Grilo, Ministro da Educação do Governo de António Guterres, se juntou a Manuel Alegre, ao PSD, ao Bloco de Esquerda, à CDU, ao PP, aos sindicatos, aos alunos, aos professores e a uma parte muito significativa dos pais na exigência da suspensão do processo de avaliação dos docentes. Não podem estar todos errados e apenas Maria de Lurdes Rodrigues certa...

17 comentários:

  1. Olá, Pedro.
    A respeito deste assunto e da falta de espírito democrático deste Ministério gostaria de contar o seguinte. Ontem abri a minha caixa de correio electrónico para ver uma mensagem da Direcção Geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação a instar-me a aceder a uma base de dados na internet, já com as minhas informações para concurso, etc, onde poderia apresentar os meus objectivos para a avaliação. Ora, o que está na lei é que esses objectivos devem ser entregues por cada docente na sua respectiva escola, daí que das duas uma: ou a Direcção Geral não conhece as leis que o Ministério emana, ou trata-se de uma indescritível manobra de intimidação!

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  2. Por acaso, ainda hoje o Portas veio defender que a avaliação devia continuar, com rectificações e sob um regime experimental. Ou seja, não apoia a suspensão pura como a fenprof exige.

    As posições políticas não são tão lineares como as pintas neste post... muito longe disso. Aliás, muitos dos que se têm insurgido contra a ministra até não o fazem quanto à sua política, mas mais quanto à forma como faz, como conduz essa sua política, sem, muitas vezes, fazerem sequer juízos quanto à política em si.

    E isto para se perceber porque é que não se ouvem diariamente "argumentos em defesa deste modelo de avaliação". Simplesmente, para além da fenprof, o que a restante classe política mais critica é a forma como a política é conduzida. Caso contrário já se teriam insurgido veementemente em 2007.

    É aliás muito fácil de perceber que, hoje, quando se exige a suspensão do processo de avaliação, não se exige por causa do regime em si, mas pelo "incendiar [d]a escola pública", como bem referes logo no início, mas pareces esquecer no último parágrafo.

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  3. ~«Um modelo melhor de avaliação dos professores implica, defendeu Paulo Portas, um regime de autonomia e descentralização das escolas, a avaliação da própria escola, dos programas e dos manuais, que o professor construa o seu dossier de avaliação ao longo do ano e que quem avalia "não seja o seu colega" mas o director pedagógico da escola.»

    Por exemplo, este excerto da notícia do Público reflecte o modelo alternativo que o PP propõe. Se já deste uma vista de olhos pelo regime de avaliação alternativo da FENPROF, percebes imediatamente que este regime do Portas ainda entra em maior choque do que aquele proposto pela Ministra. Percebes, porque a pedra basilar da avaliação da FENPROF será a co-avaliação.

    Ou seja... as posições políticas estão longe de serem lineares. Percebe-se do discurso do Portas. que a "suspensão" que este propõe, consistiria numa substituição do actual regime de avaliação pelo dele, aplicando-se esse regime ainda durante este ano lectivo.

    Suspensão que não o chega a ser, por que ele não o refere expressamente (e todos sabemos como ele é fã de soundbytes). Refere sim:
    «rectifique corajosamente o modelo de avaliação"»
    «pôr fim ao "diálogo de surdos" »
    «abandonar alguns pontos que tornam o actual modelo "complicado e injusto".»

    Mas suspensão? Parece, mas não.

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  4. apoiado!

    http://fogodeletras.blogspot.com/

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  5. A equipe do Ministério da Educação perdeu uma oportunidade de ouro para melhorar o ensino em Portugal. De facto, com maioria absoluta e carta branca do Primeiro Ministro, podiam avançar e aperfeiçoar a Escola.

    Infelizmente, os resultados são um desastre! Ao desautorizar permanentemente os professores, ao relativizar a indisciplina dos alunos (tal como o esforço e o respeito), da 5 de Outubro só vieram asneiras: como o Estatuto do Aluno e o dos Professores ou o trabalhar para as estatísticas.

    Contas feitas, o balanço político desta legislativa é péssimo. E as responsabilidades devem ser pedidas ao chefe do Governo.

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  6. Os Professores querem avaliação, desde:
    1) Não esta;
    2) Não mexam na progressão da carreira;
    Além do mais, são contra as quotas, ie, todo e qualquer Professor deve naturalmente, chegar ao último escalão da sua carreira.

    Sendo assim, deixo aqui a pergunta:

    Para que serve uma avaliação e, neste caso, a avaliação dos professores?

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  7. Entretanto há outras classes que não se sujeitam a avalaiação porque se consideram mais do que os outros: médicos.

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  8. Caro anónimo (11.17) do costume que já usou três nicks diferentes para comentar neste blogue:

    Está muito enganado. Os médicos não só têm avaliação como também quotas de progressão de carreira.
    Informe-se.

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  9. Tita,

    se tiver um portátil e abrir a caixa de correspondência na escola já tudo estará ok? Ou grita-se contra a burocracia e quando falta o papelinho reclama-se pela falta do dito enviado pelo correio expresso?

    JLS,

    o que eu ouvi ontem da FENPROF foi a afirmação que a ministra era teimosa em não ceder, e que ela (FENPROP) era dialogante não cedendo!

    Pedro Morgado,

    o Marçal Grilo disse:

    «Quando dizem que a ministra não gosta dos professores, acho que é um perfeito disparate. Isso é impensável».

    «Garantir o essencial, sendo que, para que tal aconteça, é necessário encontrar uma solução que tenha o consenso das duas partes».

    Parece-me que foi isto que li.

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  10. Estava sem tempo, mas vi um bocado do Debate da Nação (penso ser esse o nome do programa da RTP). Penso que a ideia que defendi acima foi lá perfeitamente validada.

    As posições políticas não são lineares.

    Aparentemente todos defendem a suspensão, mas ninguém ou quase ninguém a defende como a FENPROF da defende. Há partidos que defendem que "este" regime deve ser suspenso, mas assegurando uma qualquer avaliação intercalar, por exemplo. Outros defendem a suspensão por razões que nada tÊm a ver com o regime de avaliação, mas pelo caos insuportável que se gerou, pela contaminação contestatária aos alunos, entre outras razões que se reconduzem ao clima político.

    Pelo que percebi nenhum defende a suspensão-revogação que a FENPROF defende.

    Pelo que percebi, se existe "paz" entre FENPROF e sindicatos, é apenas e só pela suspensão deste regime. As motivações são completamente díspares, tal como o são os objectivos últimos de cada um.

    Por isso, se é verdade que mais ou menos, de uma forma mais ou menos expressa, todos defendem uma (pelo menos) uma espécie de suspensão do regime de avaliação. Penso que esta afirmação não será inteiramente acertada: «Não podem estar todos errados e apenas Maria de Lurdes Rodrigues certa...», pelas razões supracitadas.

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  11. E as quotas são justas? A pessoa que me está a avaliar está a bater-se pelas mesmas quotas que eu!!!! Como sou contratada e tenho filhos, e não sei em que parte do país estarei a dar aulas no próximo ano, assinei uma declaração em que aceito entregar os meus objectivos, sob VEEMENTE protesto quanto a ESTE modelo de avaliação. É que os Teófilos, anónimos, Zé Brasileiros não percebem que eu, por exemplo, posso ter uma avaliação de 10 em 10 e mesmo assim não ter classificação de Muito Bom por haver mais professores na mesma situação!!!!! E isso é justo? E se a dois alunos, ambos merecedores de vinte valores, dissessem que só um deles os poderia obter no final do ano por as quotas já estarem preenchidas? Caía o Carmo e a Trindade e falava-se de uma aberração! Mas quando é para os professores não importa!

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  12. "se a dois alunos, ambos merecedores de vinte valores, dissessem que só um deles os poderia obter no final do ano por as quotas já estarem preenchidas? Caía o Carmo e a Trindade e falava-se de uma aberração! Mas quando é para os professores não importa!"

    Na verdade há países em que o regime de avaliação dos alunos tem uma componente relativa. O que quer dizer que é tido em conta na avaliação a posição do aluno no "ranking" dentro da turma.

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  13. Tita,

    o Teófilo que lhe respondeu sabe muito bem o que são 'quotas', pois avaliou e foi avaliado anos a fio e sujeito às 'quotas'.

    Por muito que nos custe, e sabemos que o comodismo não é apenas apanágio de um grupo sócio-profissional, se não existissem quotas já estavamos a ver o resultado ou não seria assim?

    Tudo seria classificado de 'Excelente' e assim eram todos promovidos, pois a pressão sobre os avaliadores seria extrema.

    As quotas ultrapassam-se com a constância do avaliado.

    Se há doi professores que atingem 10/10 e só cabe um na quota, promovam-se em anos/períodos alternados, ora um, ora outro, se a constância se verificar, ou não pode ser assim?

    É o que se faz cá fora, e parece funcionar para todos, ou com a desculpa de terem uma avaliação perfeita andam à procura do Santo Graal das avaliações?

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  14. "Não podem estar todos errados e apenas Maria de Lurdes Rodrigues certa..."

    Por que não?

    (O Zé Brasileiro português de Braga tem razão.)

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  15. «Na verdade há países em que o regime de avaliação dos alunos tem uma componente relativa. O que quer dizer que é tido em conta na avaliação a posição do aluno no "ranking" dentro da turma.»

    Exactamente.

    As avaliações são feitas de forma o mais objectiva possível. Tem uma razão de ser: possível recurso hierárquico ou impugnação em tribunal. Sucintamente, para isso ser possível tem de haver documentação, tem de ser dissecável, pois é complicado "ao longe" dizer se um juízo completamente subjectivo feito por um avaliador esteve correcto ou não.

    O que acontece, é que são estabelecidos critérios objectivos relativamente baixos e que acabam por ser facilmente atingidos pelos avaliados.
    Isso quer dizer, desde logo, que quem estabeleceu esses critérios, estabeleceu-os mal.
    Em segundo lugar, realisticamente (ou subjectivamente), não são todos excelentes, nem muito bons, nem bons. É evidente e parece-me que isso não tem discussão.

    Se a avaliação é feita com base em critérios objectivos, não pode ser uma avaliação inteiramente justa, como não o seria se fosse inteiramente subjectiva.

    As quotas são um mecanismo legal que servem para introduzir um elemento (que se pretende) equivalente à subjectividade.
    Não obstante A e B preencherem os requisitos para serem excelentes (suponhamos que numericamente era 100), um tem, por exemplo, uma classificação de 100+1 e outro tem a classificação de 100+10. Um foi "mais" excelente do que o outro, segundo os critérios objectivos. Se só houver uma vaga, só um será excelente.

    É justo? Seria justo se não houvesse uma diferenciação entre os "mais" e os "menos" excelentes? Seria justo se isso se devesse unicamente à incompetência de quem estabeleceu os critérios mínimos?
    A justiça é sempre relativa. A meu ver, não se deve questionar a justiça ou injustiça, mas sim se este mecanismo permite uma maior ou menor justiça, quer em relação ao status quo, quer em comparação com os resultados que seriam obtidos, caso este mecanismo não existisse.

    Em todo o caso, se recuar a 2004, certamente encontrará textos e opiniões sobre o assunto. Falou-se muito disto a propósito do regime geral de avaliação da AP.

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  16. Metam isto isto na cabeça:
    A avaliação só existe para cumprir um objectivo estratégico qual seja o da redução da despesa pública por via da redução estrutural, daqui a 1o anos, de 20 a 30% dos vencimentos dos professores e de oputros funcionários públicos...
    É que se não fosse a avaliação não tinham critério formalmente objectivo para diferenciar nos salários da maioria...Sem a avaliação como poderiam sustentar que uns ganhavam bastante mais que os outros, que são a maioria e portanto asseguram uma baixa significativa dos vencimentos em ordem a daqui a 20 anos os montantes médios das aposentações sejam inferiores em 30 a 40%?

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  17. Mas anda tudo distraído! O problema principal não é a avaliação! O problema é o novo ECD (Estatuto da Carreira Docente).

    Percebo muitas das críticas feitas aos professores e só as entendo porque são feitas por pessoas que não entendem a realidade das escolas. Eu, se não fosse professor, faria, provavelmente, as mesmas críticas. É preciso perceber bem o que se passa nas escolas e quais os objectivos deste governo.

    De uma coisa teremos todos de estar de acordo! Não se pode tratar uma classe profissional por, cito: "professorzecos, habituados a trabalhar pouco e a ganhar muito", como referiu a ministra e seus secretários. A partir desse momento, o PROBLEMA passou a ser PESSOAL e com uma solução óbvia - demissão da equipa do ME.

    Enquanto isso não acontecer, poderão ter a certeza que o problema nunca mais vai desaparecer.

    Já agora, que tal o fulano da CONFAP? Alguém já se perguntou porque é que ele apoia incondicionalmente esta ministra?

    E já agora, viva o Braga! ;-)

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