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«Nós», em Sentido Restrito

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«Uma das frases mais aplaudidas aconteceu quando Sócrates se referiu indirectamente à ideia de Manuela Ferreira Leite que a família se destina à procriação. "Entre nós e a direita há uma diferença de valores e de mundivisão. É impossível uma pessoa do PS dizer isso, porque é uma frase pré-moderna e até pré-concílio do Vaticano II", disse.» [SIC]

José Sócrates tem toda a razão quando afirma que as ideias de Ferreira Leite sobre a família são pré-modernas e pré-concílio Vaticano II. Engana-se o primeiro ministro quando acha que é impossível que alguém no PS pense o mesmo. É tão possível que até se sabe que há umas senhoras deputadas socialistas que integram aquela obra que quer que o mundo volte para trás do concílio do Vaticano II.

Em Portugal, o principal problema dos partidos políticos do centro é a miscelânea ideológica que os atira para a condição de meras corporações de interesses. Não duvido que Pedro Passos Coelho aceita os valores e mundivisão que Sócrates hoje apregoa sobre a família ou que Manuel Alegre corrobora muitas das preocupações sociais de Ferreira Leite. Afinal onde começa e acaba o «nós» que os une e os separa?

4 comentários:

  1. Ao ler este artigo veio-me à cabeça o voto dos partidos na AR em várias matérias. Já reparaste que, num grande número de vezes, o PCP, BE e CDS votam no mesmo sentido? Será também motivo para perguntar o "que os une e os separa"?

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  2. Tiago,
    PP, PCP e BE votam no mesmo sentido várias vezes mas, quase sempre, por razões distintas.

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  3. A memória pode falhar, mas agora na net há sempre um cantinho que guarda a informação. O Engenheiro está a tentar fazer o que já criticou. Ele apenas está interessado polémica mas não os fundamentos da polémica. Seria cómico que fosse agora ele a trazer para a discussão pública as chamadas questões de civilização. Cómico ou dramático, muito sinceramente não sei.

    "O Dr. Santana Lopes quis introduzir na campanha eleitoral estes temas a que ele chama os temas da civilização. Eu acho que é muito interessante discutirmos esses temas, mas, verdadeiramente, não são esses temas da agenda política. Porque eu compreendo que, nessa matéria, haja muitas decisões a tomar, mas nós devíamos também esperar que se faça um consenso social nesses domínios. É por isso que o programa do PS não prevê nada no domínio do casamento de homossexuais, nem da adopção de crianças, porque não está ainda formada uma maturação social que permita uma boa resposta a essas matérias. Agora, tudo isso é para apenas não querer discutir aquilo que se deve discutir. O Dr. Santana Lopes não tente inverter a agenda, querendo deslocar para esses temas aquilo que, verdadeiramente, não são as prioridades dos portugueses."

    Extractos do debate entre Santana Lopes e José Sócrates, 2005-02-03

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  4. A Manela foi infeliz na que expressão usada: "procriação", como Cavaco foi quando fez alusão ao dia da "raça"...
    Bastava dizer somente que casamento é entre seres de sexos diferentes e que uma ligação entre individuos do mesmo sexo seria coisa diferente, talvez "sociedade" ou outra coisa qualquer...Que era isso que ela queria dizer!Mas em politica vale tudo e pronto.Atenção que sou insuspeito de ser pró-Manela, antes pelo contrário, mas percebo que a exploração do eventual lapso é demagógica.Porque Socrates tem necessariamente a mesmo posição que ela, como eu tenho, só que é dita de outra maneira...
    Também eu não nada tenho contra as paneleirices entre sexos iguais, salvo o mau gosto inerente.Mas repito "casamento é entre sexos diferentes", sem prejuizo de a Constituição prever (ou vir a...)ligações institucionais entre sexos diferentes sobre outra designação e com eventuais reconhecimentos juridicos, por exemplo para efeitos de abatimentos em sede de IRS...

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