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Uma questão de fé

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O anúncio de que as medidas do Governo têm como objectivo aumentar a natalidade é insuficiente para justificar tão importantes (e caras) decisões políticas. A questão fulcral, lembrada por Paulo Gorjão, no Bloguítica, continua por responder: qual é a percentagem de crescimento da taxa de natalidade que se pretende alcançar em 2008?

As decisões políticas, para serem sérias e credíveis, devem basear-se em estudos concretos e cenários bem definidos. Neste caso, a questão essencial está em saber-se até que ponto subsidiar a maternidade tem impacto no aumento da natalidade. Depois de respondida esta questão, e em caso de resposta afirmativa, importa quantificar esse impacto e traçar cenários comparativos entre a situação actual (como seria a natalidade em 2008 se não fizessemos nada?), os resultados esperados da medida proposta (como será a natalidade em 2008?) e os efeitos de soluções alternativas (como seria a natalidade se optássemos pela política X?). Estaríamos então em condições de analisar se os proveitos que advêm da sua implementação compensariam os seus custos directos e indirectos.

Em 2009, o Governo dirá que as medidas foram óptimas e tiveram um impacto assinalável. A oposição reclamará o contrário. Na ausência de estudos e perante a inexistência de metas concretas é tudo uma questão de fé: ficamo-nos pelo que nos parece. Na verdade, nunca saberemos a verdade.

3 comentários:

  1. políticas natalistas?

    quando a maior de todas as politicas anti-natalistas acaba de entrar em vigor?

    incrível.

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  2. boa perspectiva. As decisões governamentais parecem avulsas... quando convém...

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  3. Melhor argumentação só mesmo no período quente pós-revolucionário. Se bem entendi, a metodologia a adoptar seria: “Faz-se uma assembleia geral para apurar o método. Depois de apurado o método, convocam-se todas as partes e a partir daí, aplicando o método escolhido pelo povo, aplica-se a vontade geral.”

    Ou melhor,
    Esta argumentação faz-me lembrar uma história que um professor meu de sociologia repetidamente contava. Não é preciso gastar um milhão de dólares em estudos sociológicos para descobrir onde é a “casa de putas” cá do burgo!
    É só perguntar...

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